Capítulo 45 - Revive

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  "RenascerRessurjo das minhas cinzasdas cicatrizes do meu seronde vivia a me esconder das coisasque me faziam sofrer

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"Renascer
Ressurjo das minhas cinzas
das cicatrizes do meu ser
onde vivia a me esconder das coisas
que me faziam sofrer.
Da janela olhava a vida que 
passava na escuridão das noites
das profundezas mais tenebrosas,
do mundo sombrio e gélido do esquecimento

do meu ser.

E da morte..." 


~ By: Adriana Vieira ~


 
ouvir..
















 
Você

















pode



"Um soprar, três batidas, uma visão"



"... Você pode me ouvir..?"



"Jeon..."



"Lyoah..."


 
O mundo é feito de ciclos premeditados; como a ciência que desvenda os mistérios que compõem cada micropartícula existente sob a face da terra ou a política que rege as pessoas em em culturas de boa convivência social, cada ser que compõem o mundo é feito de seu próprio ciclo.
 
Olhos fechados, ouvidos abertos; lábios selados, sentidos aflorados; um respirar cronometrado, um pulsar de vida remanescente. Cada parte da vida é feita de ciclos, um conjunto infindável de ciclos compartilhados num único ser. Não se sabe dizer quando acaba ou começa um ciclo, apenas que ele ocorre minimalisticamente e incontrolavelmente, tudo porque a natureza da vida não está sob o controle humano, mas sim sobre algo maior.
 
Portanto, pela natureza do mundo e pela insignificância de um ser diante da vida, eu simplesmente não sei o que está acontecendo.
 
Não sei de onde tudo que ocorre nesse momento advém nem quanto tempo se passa, apenas sei que me encontro preso em um paradigma de ciclo infinito. Tudo o que eu sei é que eu sinto isso em cada parte do meu corpo, como se essa sensação estranha fosse a coisa mais real que já vivenciei mesmo sem saber de fato se ainda estou vivo.
 
Por mais estranho que tudo seja, meus olhos não conseguem desmentir cada ciclo vivido, porque tudo parece correr em câmera lenta e então se acelera; porque cada som atinge meus ouvidos em açoite e então se apaga na surdez completa; porque meu corpo se move involuntário na selvageria de meu animal e se desmancha inerte na minha loucura.
 
Cada ciclo que vivo me mostra a verdade que ocorreu longe de meus olhos.
 
A inconsciência total que vivo me mostra a vida que nunca me pertenceu, mas que agora se integra a mim célula por célula. A experiência que tenho se assemelha a vida extracorpórea, é extraordinário ver o detalhamento completo das coisas que passam, mas é deveras assustador dado que tudo é realístico demais para se acreditar.
 
Eu vivo desde o primeiro dia em milênios esquecidos, não como eu, mas como meu animal distinto. Desde seu primeiro abrir de olhos, desde seus primeiros passos aludidos pela inocência da infância, desde os seus primeiros grunhidos sem forma animálicas; como Lyoah, eu vejo o mundo por uma perspectiva completamente disforme e ainda assim muito bela.
 
Seus primeiros anos passam com uma velocidade maior do que desejo, seus sentimentos me dizem com veracidade que essa fôra a melhor fase da sua vida, pois foi um ciclo sem sofrimentos ou dores, sem as responsabilidades que a vida lhe traria em mais ciclos infinitos, sem a amargura das consequências. Como Lyoah, eu vivo com muitos sentimentos perdidos.
 
Às vezes, eu não sinto nada...
 
Tudo parece vazio e perdido, como se algo faltasse na minha existência, me sinto incompreendido e preso, sufocado por obrigações que não me pertencem. Eu quero ser livre, quero me soltar das correntes invisíveis que colocam em mim, quero cair se for necessário, mas quero me libertar do falso vazio que me consome.
 
Às vezes, eu quero abraçar alguém...
 
Quando a solidão me aflige eu desejo ver alguém que já não está aqui; quando o sentimentalismo de querer estar só parece maior do que posso suportar eu quero desaparecer, mas dói, dói mais do que permanecer na existência conflituosa. Ainda que eu chore lágrimas de sangue, as perdas que acumulo se tornam fardos que me amarguram mais do que me amolecem. Sou um caso perdido.
 
Às vezes, eu sigo em frente...
 
Com cada novo ciclo eu entendo que nem tudo é feito de tristeza ou o mero vazio, é doloroso de qualquer forma que eu tente viver, junto de quem amo ou longe o bastante para que a dor se amenize, viver não é fácil, mas nem por isso é impossível. As cicatrizes que ganhei com os anos me tornaram mais forte, talvez mais firme, mas nem assim alguém melhor. Eu sigo em frente, mas nem por isso significa que eu vivo, porque cada novo ciclo de vida minha é tão avulso quanto qualquer outro e, no fim, eu apenas permaneci impropriamente sobrevivendo.
 
De qualquer forma, como Lyoah, por muito tempo eu vivi sem sentir nada.
 
As partes mais límpidas de sua vida foram ao lado da família que o amava supressivamente, com uma falsa liberdade e um amor perfeitamente destrutivo, mesmo em desníveis, a parte de vida mais feliz de meu animal ainda é bela a sua forma.
 
As partes obscuras de sua vida são tão turvas aos seus olhos que o cegam, o turbilhão de sentimentos que o confrontam dá medo, as catástrofes vindas de um plano maior machucam e o abandono geral deixam claro que tudo que forma a criatura no atual ciclo é pertinente. Mesmo que indevidamente, eu o compreendo pela primeira vez.
 
Vivenciar plenamente a vida de meu animal arrepia até meus últimos fios de cabelo, faz meu peito vibrar doloroso por mais e enche meus pulmões com o desejo de trazê-lo logo a vida mais uma vez. Não há nada como pena advindo de mim, mas sim um senso de familiaridade descomunal, porque mesmo que não seja possível comparar plenamente, eu me enxergo na vida alheia.
 
Meu coração falha batidas quando seus ciclos ociosos se encontram com os meus, meu coração falha batidas quando seus ouvidos me ouvem chiar assim como ouço cada pensamento de sua vida, meu coração falha batidas quando nossas energias se misturam se tornando uma. 
 
Estou falhando...
 
Seu coração falha em batidas por mim, é uma compaixão inexplicável que como um ciclo repetitivo se cria em mim no agora, seu desejo de me deixar ver o mundo é o mesmo que desejo lhe dar, seu doar estúpido pela vida alheia é o mesmo que quero lhe entregar neste momento e por isso lhe sinto se enervar cada vez mais em mim, eu o sinto me tornar dele enquanto me dá tudo o que tem.
 
Eu sinto...
 
Há muito entre nós que jamais pensei ter, há uma ligação perdida e dada como o acaso, mas que se vivenciado neste momento se mostra ser o destino. Com dores e amarras, com perdas e descompassos, com vazios e explosões sentimentais; somos um só espírito vivenciando ciclos em tempos separados.
 
O destino me sopra aos ouvidos o clamado insistente de meu animal, sua voz grave perpetua-se pelo silêncio no desejo de me encontrar e vejo que se não fosse pelo meu eu de agora vivendo seu passado, nosso presente não existiria. Ironia ou não, a voz de Lyoah não soa mais de uma vez por seus lábios, mas ela ecoa no meu coração retumbante, vibra em meu corpo por uma resposta e é o meu eu de agora que lhe devolve o desejo de viver ciclos infinitos ao seu lado.











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