Capítulo 3

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Albert sorriu apertando sua mão e voltou para trás de sua mesa abrindo uma gaveta cheia de documentos. Zero continuou o observando enquanto ele tirava algumas folhas lá de dentro.

— Acho que posso ter algo para você. — O homem sorriu tirando um cigarro de dentro de uma pequena caixa em cima da mesa e o acendeu ali mesmo. Zero prensou os lábios, odiava o cheiro de cigarros ou charutos. Ele sentia muita alergia quando estava em ambientes onde pessoas fumavam. — Pelo visto não gosta. — Albert riu, mas acabou virando uma tosse seca breve.

E Zero se viu mais uma vez impressionado. Este homem havia pesquisado sobre ele ou podia deduzir isso apenas o observando? Albert sorriu jogando um maço de folhas em cima da escrivaninha.

— Pegue, é um caso de assassinato. Nada muito impressionante — Sorria como quem se divertisse —, mas a senhorita que veio aqui, estava bem decidida a descobrir, e pagou muitíssimo bem — explicou empurrando as folhas sobre a mesa na direção de Zero.

— Eu quero o melhor caso que vocês têm. — Zero andou direção a ele.

— Não seja tão arrogante, Senhor Tuller. Aceite este, e veremos o que posso fazer dependendo de seus resultados. — Albert voltou a se sentar e expeliu fumaça pelo nariz. Zero respirou fundo se sentindo um pouco frustrado, mas acabou aceitando o trabalho em questão e saiu dali antes que começasse a espirrar.

~∞~

— Um caso de assassinato. — Cruzou os pés em cima da pequena mesa de centro do seu quarto. Suspirou, quanto mais ele lia, mais tinha certeza do ocorrido. No entanto, quando viu o depoimento da pessoa que procurou pelo serviço, ficou um pouco pensativo. — Ela só tem 15 anos. — Viu a data. — 16 agora. — Sua mente foi a momentos de sua vida que ele desejava esquecer e ele balançou a cabeça em modo negativo e se concentrou no que lia.

Este caso havia sido arquivado porque era um problema para aquele escritório, deduziu, afinal foi uma mulher muito jovem que o havia contratado. Certamente eles não acreditaram em suas palavras, pois o incidente aconteceu quando ela tinha apenas 9 anos.

— Que cretinos, não quiseram devolver por que ela pagou muito bem. — Zero jogou o papel que já estava destacado dos demais sobre a mesa. O documento planou no ar e caiu para debaixo da mesa fazendo um ziguezague em sua queda. — Ela é uma Duquesa... — resmungou consigo mesmo. — ... Ao menos seus pais eram...— Ele fechou os olhos com força. — Eu realmente não quero lidar com isso...

Bem, algo ele sabia. Ele tinha que falar com a senhorita Elleanor Evens para saber um pouco mais a respeito do assunto, porém se sua suspeita estiver correta, a moça estava em grande enrascada.

Elleanor respondeu 2 dias depois que ele lhe enviou um telegrama. Ela mesmo marcou um lugar e Zero não gostou muito da ideia, pois preferiria que fosse um lugar com mais pessoas ao redor, mas a moça deveria saber o que estava fazendo.

— Ela tem uma letra bonita — afirmou observando o bilhete que recebeu. Olhou os papeis em cima de mesa e sua caligrafia torta. Nunca teve talento para escrever, seus pensamentos já eram rápidos demais para que pudesse colocar todas as ideias no lugar, imagine fazer uma letra tão bonita, quase desenhada daquelas. Fez uma careta. — Espero fechar logo este caso — bocejou largando o bilhete da moça sobre a mesa de cabeceira. Tinha sono. Não era tarde, mas se ele não fosse dormir, sentia que seus pensamentos iriam levar a momentos que ele desejava esquecer. E naquela noite, Zero sonhou o de sempre:

Ele estava em sua antiga casa, em seu quarto — para ser mais exato — e ele ouvia passos vindo do corredor. O menino se levantou da cama discretamente e se dirigiu a porta a abrindo. Um ponto de luz se dirigia as escadas no meio da noite. Ele piscou observando os grandes cachos dourados de Luna descerem silenciosamente os degraus como se estivesse em busca de algo. Ele a seguiu, mas parou no fim da escada quando a mulher se encontrou com uma das empregadas. Elas sussurravam, no entanto ele as podia escutar muito bem.

UM DETETIVE PARA LADY EVENS (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora