Capítulo VIII

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O ENCONTRO

Uma moça sorriu e acenou para Adam no primeiro dia de aula na faculdade depois do luto pela morte da avó. A notícia se espalhara rapidamente e, depois do enterro, sempre aparecia alguém para lhe apresentar as condolências e desejar força. Sua mãe lhe pedira para ficar mais uns dias em casa, para por as ideias em ordem, mas Adam não quis. Precisava conversar a sós com Rebecca e quando a moça ia a sua casa, a mãe sempre ficava por perto lhes dando atenção e trazendo lanches e bebidas.

Entrou atrasado na sala e o professor parou a explicação para cumprimentá-lo enquanto seus colegas lhe preparavam uma carteira e pediam para que sentasse com eles.

– E aí cara! – perguntou Willian assim que Adam sentou-se ao seu lado – Como vai à força?

– Estou bem, acho – respondeu guardando a mochila embaixo da carteira.

– Já descobriram os assassinos? – perguntou Ana, uma morena de olhos claros que escrevia para o jornal da universidade.

– Ainda não, mas os policiais estão otimistas; parece que já tem um suspeito e devem divulgar alguma coisa em breve.

Ana ia perguntar mais alguma coisa, mas o professor interrompeu a discussão, chamando a atenção dos alunos para a aula, que transcorreu normalmente o restante do horário. No intervalo Rebecca veio sentar-se com ele e Willian no refeitório, mas logo foram rodeados por colegas da classe e de outras turmas, ávidos por notícias e atenção.

– Pessoal, deixem o Adam respirar. Ele passou por um momento difícil, deem um tempo pra ele. – disse Rebecca e pegou o alquimista pelo braço – Vamos Adam, vamos nos sentar no gramado. – e saiu arrastando Adam pátio afora.

– Povo chato. Parecem urubu em cima de carniça. – disse a cabalista zangada assim que saíram da vista dos demais.

– Eu já esperava por isso. – respondeu Adam – Cidade pequena é assim mesmo. Todo mundo quer saber da vida de todo mundo.

Rebecca resmungou alguma coisa e seguiram até o pátio externo, onde soprava uma suave brisa de primavera. Rebecca amarrou os cabelos que teimavam em esvoaçar ao vento e sentou-se embaixo de uma mangueira. A árvore começava a enflorar e algumas flores pequenas acompanhavam o vento em movimentos circulares. A cabalista pegou nas mãos de Adam e o encarou com perspectiva no olhar.

– E então, vai me contar sua história?

Adam recolheu as mãos. Apesar de gostar da atenção da moça, não estava disposto a expor sua vida pessoal tão abertamente, mas Rebecca puxou suas mãos novamente e as aconchegou entre as suas.

– Pode confiar em mim Adam. Sei exatamente pelo que você está passando.

Adam quase se declarou para Rebecca nesse momento, a proximidade e o cheiro doce da cabalista faziam com que suas mãos suassem e seu coração batesse em ritmo acelerado, tudo o que desejava naquele momento era deitar em seu colo e esquecer o que se passava ao redor, mas não era sobre seus sentimentos que Rebecca queria saber, era sobre sua história como mago, e Adam sabia disso. Retirou as mãos do colo da cabalista e desviou o olhar.

–Vamos marcar no parque mais tarde, embaixo daquela árvore frondosa; daí conversaremos com mais tranquilidade. Aqui, volta e meia, vai aparecer alguém para bisbilhotar.

Rebecca balançou a cabeça concordando.

– Tudo bem então! Vamos marcar às catorze horas. Está bom pra você?

– Pode ser – respondeu Adam – A gente aproveita e faz outro piquenique. O último não deu muito certo não é?

Rebecca riu e ia comentar quando sinal tocou, indicando o fim do intervalo. Adam se despediu e voltou para a sala se preparando para mais uma rodada de perguntas e especulações, mas ao contrario do que imaginara ninguém mais tocou no assunto da morte de sua avó. Apenas falavam sobre coisas banais e corriqueiras como se o episodio do intervalo não houvesse ocorrido.

A Busca pela Árvore da Vida (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora