Meu Porto Seguro- urridalgo

4- Minha unica opção

Não acredito que ele pode dizer uma coisa dessas, eu sou grata que mesmo ele não estando aqui ele me da tudo pra que possa viver bem, mas isso não o torna um bom pai como ele diz ser, ele nem vem ou ao menos pergunta como estou. Ele só está preocupado com o trabalho e o que vão falar dele no jornal.

E minha mãe também, no começo ela ficava comigo e se preocupava, mas agora já fazia mais de um ano que não ouço notícias suas, bom, direcionadas a mim, pois ela está bem presente para a mídia e todas essas coisas mais importantes que a filha.

Por que isso acontece? Por que os pais não podem só cuidar dos filhos, os amigos podem ser só amigos e quando não gostam mais um do outro se separam e seguem em frente? Por que isso tem q acontecer comigo? Por que isso tem que acontecer com qualquer um?

Eu sinto um aperto no coração, ele gelado sem sentimento nenhum, só consigo chorar, o que parece tirar um pouco do peso, mas um minuto depois tudo volta. Eu sinto como se não pudesse sair de algo, eu fico com frio e ao mesmo tempo suar? É como se eu visse um caminho e ele não tem fim, o fim é você ir embora, morrer, como se você não tivesse escolha do que fazer, simplesmente chorar e esperar, com o pingo de esperança que ainda te sobra, que um dia você vai achar o fim.

Talvez isso acabe, mas a maior parte de mim ainda fala que não.
Tenho medo de contar pra alguém, de tudo piorar, mas ao mesmo tempo não quero viver desse jeito para sempre.

Meu coração está apertado e a minha cabeça confusa, não sei o que fazer, não sei como posso me ajudar, não sei se posso mudar o que está acontecendo, não sei se um dia isso vai passar, minha cabeça gira em torno de varios "não sei" nesse momento.

Aquilo que eu disse antes, sobre querer alguém comigo, agora acho que é tudo besteira, não adiantará de nada, eu só prenderei alguém em algo que nós dois não vamos conseguir sair, e eu piorarei tudo para a pessoa.

Se eu saísse da escola, bom do que adiantaria, para onde iria? Meu pai tem privilégios na escola onde estudo agora e ele de jeito nenhum me mudaria assim de uma hora pra hora sem motivos, até por que ele nem se preocupa com isso.

Eu só quero superar tudo isso, mas como vou superar algo que nem terminou?

Estou correndo pela rua sem rumo nenhum, pensei em ir para a minha sorveteria favorita quando pequena, mas estava sem dinheiro, pensei em parar na casa de alguém, mas na de quem?

Então só achei um lugar plausível pra eu ir e tentar me acalmar.

No caminho para o lugar recebi algumas ligações de meu pai e mensagens como:

"Você acha que só sair assim, sem dar explicações do que aconteceu, irra te salvar?"

"Ainda ficarei três dias na cidade, você não tem para onde ir, estarei esperando"

"A conversa ainda não acabou, tenho que saber o que falar para a diretora e você irá se desculpa com Joalin por tudo"

"Você só me envergonha, venha para casa agora!"

O que só alimentou ainda mais minha vontade de sumir dali, ou pelo menos nunca voltar para casa e ver a sua cara.

Chegando ao lugar respirei o ar limpo e as plantas e flores bonitas ao redor, tinha chegado ao parque.

Por mais que tenha um tempo que não vinha para cá, me sentia muito melhor, mas o meu lugar favorito ainda não tinha chegado.

Corri em direção a uma "mini floresta" no fundo do parque e passei por todas as árvores gigantes dali, no final tinha um caminho meio destruído de pedras por onde segui até chegar a antiga "estufa", um lugar onde plantavam varios tipos de plantas diferentes, era como um enorme globo, era muito conhecida quando lançada como nova atração do parque a muito tempo atrás, mas era muito caro pra manter sua manutenção, então só a deixaram destruir sozinha e ser esquecida com o tempo, mas lembro de uma vez quando estava brincando e corri para cá sem saber muito bem para onde estava indo e achei esse lugar incrível, dali em diante ele virou o meu lugar, cheguei a mostrar uma vez para Joalin, mas a mesma fez pouco caso então eu sempre vinha sozinha fazer as minhas estripulias de criança ou qualquer coisa para me sentir bem.

Entrei já um pouco animada no grande e desbotado globo. Subi para o "andar" de cima e tive a vista incrível do parque todo e algumas casas e lugares que ficavam próximos a ele.

Aqui sentia como se todos os meu problemas estivesse ido embora, eu me sentia leve como não me sentia a um bom tempo. Bom, mais ou menos, porque uns 15 minutos depois de ficar sentada admirando q bela vista, senti alguém atrás de mim e me virei, tendo a vista de um Noah super despojado de bermuda e uma blusa azul qualquer e cabelo bagunçado.

-Não sabia que gostava daqui, sempre vinho aqui e nunca vejo ninguém, achei que era meu lugar secreto mas acabei de descobrir que não é tão secreto assim. Disse ele com um sorriso incrivel é uma espressão um pouco medrosa tentando decifrar a minha e o que eu fazia lá.

-Vinha aqui sempre quando pequena, decidi vir aqui pra tentar esquecer um pouco os problemas, até porque as coisas lá em casa não estão as melhores. Disse sincera com um pequeno sorriso no rosto.

-Bom, então podemos dividir o espaço? Amo aqui

-Claro Kk! Eu também amo aqui, a vista é incrivel

-É mesmo...Sabi? Posso perguntar uma coisa?

-Pode, eu acho kk- disse com um pouco de medo do que ele perguntaria.

-Porque Joalin faz aquilo com você?

-Bem que queria saber Noah, queria muito. Disse respirando fundo tentando esquecer tudo que passava com ela e acho que Noah percebeu, pois mudou de assunto e perguntou outra coisa, talvez ainda mais delicada para mim, mas de qualquer jeito ele mudou de assunto.

-O que aconteceu para você vir para cá? Nunca te vejo pela cidade. Ele disse delicadamente e com calma, talvez com receio se poderia me perguntar aquilo.

Quando estou com Noah, por mais delicada que a pergunta for, sinto que posso contar tudo para ele, ele me da uma segurança que nunca senti com ninguém.

-Sofya e Joalin inventaram uma coisa idiota que eu supostamente disse, e ganhei uma suspensão. Meu pai veio para a cidade furioso me perguntando o que havia acontecido, me acusando na verdade, não aguentei tudo isso e corri para um lugar onde talvez me sentisse segura, e esse foi o único que pensei.

-E o que você vai fazer quando voltar? Digo, você pretende voltar não é mesmo?

-Eu sinceramente não sei, preciso estar e ficar em algum lugar de qualquer jeito, mas meu pai só vai embora daqui três dias e não sei se tenho condições psicológicas suficiente para voltar. Disse tudo aquilo olhando para a vista, que Noah também estava olhando, estava com medo dele só virar as costas e me deixar ali, mas também, o que mais ele poderia fazer, Maria Sabina?

-Hammmm...talvez eu possa...é, te ajudar- Noah disse muito receoso e o olhei com uma grande incógnita na cabeça

-Como?

-Minha mãe está em uma viagem de emergência e só volta em seis dias ou até mais e em casa só está minha irmã e eu, e Any quase nunca está em casa.

-Você está propondo para eu ficar na sua casa?

-É, sim.

-Ham, é muita gentileza sua, Noah, mas não quero ser um peso para você.

-Você nunca é um peso,Sabi. É serio, eu insisto, fique em casa o tempo que precisar até tudo se acalmar. Se isso fosse possível, pensei comigo.

Não vi outra opção facil a minha frente a não ser aceitar a proposta de Noah.

-Tudo bem então, muito obrigada Noah, de verdade.

-Não é nada, agora venha, podemos comprar alguma coisa para comer, você deve estar com fome, e se quiser podemos até voltar para cá e ver o por do sol, é lindo daqui, já viu?

Meu coração aqueceu com toda a preocupação de Noah, nunca o vi assim, e ficaria eternamente grata por ele me ajudar assim sem motivo algum.

-Nunca vi, o parque sempre está fechado essa hora.

-Eu sempre dou meu jeito. Piscou e disse aquilo com um sorriso calmo e leve no rosto.

Levantamos e seguimos em direção a saída do parque.
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Oieee, tudo bem??
Tentei fazer um capítulo maior e com mais desinvolvivemento por parte dos sentimentos da Sabina.
O que vocês estão achando??
                                                                 Xoxo, -A