Instinto Protetor (Concluído)

Cidade Tranquila, Mente Ativa!

O natal aconteceu na casa da minha avó, todos os seus quatro filhos de quatro cantos do país vieram passar as datas comemorativas, trazendo suas respectivas famílias.

Sentada no sofá, esperando dar meia noite para finalmente comer alguma coisa, minha prima Luísa estava no sofá ao lado, sua beleza claramente chama muito a atenção, ela estava dormindo depois de muito brincar com as outras três crianças.
Andréa, esposa do meu tio Ferdinando, veio dar uma olhada em Luísa, ela captou meu tédio e se sentou ao meu lado.

- O que vai fazer no restante das férias? - sua feição jovem para uma mulher de 29 anos explicava o motivo da beleza de sua filha. Os olhos claros assim como os meus não pularam uma geração.

- Ficar em casa, sair, talvez ir a praia... Não tenho muitas expectativas, só não quero ver um metrô na minha frente. - Ri sem humor
- Olha, moramos em uma cidade bem pacata, em Urupema, dizem vai nevar lá esse ano, acho que iria gostar de passar um mês ou quantos dias quiser. - olhei bem para Andréa, nossa família sempre foi unida, mas é diferente alguém me chamar para sair de SP e ir para alguma cidadelha no RS.
- Quando vocês voltam para lá? - Talvez uma chama se acendeu, talvez eu queria sair de SP e ficar sozinha com meus pensamentos e minha Canon EOS em Urupema.
- Vamos dia cinco de Janeiro... Fale com seus pais. Nós pagamos as suas passagens. - É claro que para ninguém da minha família seria um problema pagar duas passagens de avião, e também já ouvi falar da casa enorme que meu tio Ferdinando tem nessa cidadelha.
- Vou sim, agora mesmo! - me levantei e fui lentamente descendo as escadas até a cozinha, lentamente porque com meu celular já pesquisava sobre a cidade de Urupema.

Eu estava cansada, uma garota como eu cansada da própria rotina, todos os dias pela manhã eu acordava, 6:15, comia o café da manhã e tomava um banho, me arrumava e ia para a escola, 12:00 meu pai passava até a escola e me levava para casa, em casa eu almoçava e tomava outro banho, as 14:00 da tarde ia para academia com a minha mãe.
Meus treinos na academia era musculação e boxe.
Voltava para casa e fazia minhas lições de escola, passava meu tempo livre lendo algum livro e depois recebia algum amigo em casa ou ia ver algum amigo fora dela, eu não gostava de festas, de bebidas, multidões, nada daqui que geralmente alguém na minha idade aprecia. 
As 21:00 jantava e ate as 23:00 da noite já estava dormindo.

Filha única, minha rotina era um saco, nas férias eu sempre saia com os amigos, mas vários resolverem nesse natal sair do pais, estava tecnicamente isolada.
A minha família no geral tinha uma enorme grupo de empresas, todos ou muito ricos ou já quase milionários. Eu poderia sair do país se quisesse, mas não podia negar, eu senti no peito de ir e a decisão havia sido tomada. 

É claro que quando achei meus pais na sacada da cozinha, eles toparam na hora, achavam fantástico quando sua filha única queria fazer coisas únicas.
O natal com a família e o ano novo com os amigos, meus amigos no início não curtiram que eu deixassem eles para poder ter vinte dias de sossego, mas logo estavam animados, Gabrielle minha melhor amiga desde do ensino fundamental já queria me ajudar a fazer as malas e Tomás estava me dando infinitas dicas para fotos.

Fiquei com os meus amigos até o dia 03, nos quarto dia, fui para casa e comecei a preparar minhas malas, estava animada e Luísa minha prima estava ainda mais, também filha única, sabia como ela se sentia, naquela noite eu dormi mal, mas teria tempo de sobra no voou. Meus pais muito apegados a mim, minha mãe me deixou vermelha de vergonha ao chorar, acenando para mim, gritando que me amava enquanto passava os portões de embarque.

Meu tio estava animado, queria me mostrar a sua Fazenda inteira, me deixar dirigir sem que meu pai soubesse e ainda andar a cavalo, minha tia queria me ensinar milhões de receitas e sair somente as meninas para compras e um dia de beleza.
Luísa, queria apenas brincar e brincar e brincar, já falei brincar? E eu, queria curtir o clima frio, o silêncio, meus livros, meus exercícios, a paisagem, ouvir musica, dormir bastante e só.

Não fazia ideia de que existia perigo naquela cidade com menos de cinco mil habitantes.