Olhos Atentos, Lobos Disfarçados.

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O longo voou me renovou, chegamos na conexão e logo entramos no carro confortável de Ferdinando, chegamos na cidade pela noite, o clima já ameno, só restava comer alguma coisa, tomar um remédio e esperar o sono chegar de novo. E isso me agradava... talvez estivesse deprimida?

E foi mais ou menos assim que aconteceu, as casas muito afastadas uma da outra, isso deu um certo desconforto, como se eu não fosse precisar sair por aí pedindo ajuda, ri comigo mesmo, morar na cidade é sufocante e quando você chega em uma cidade pequena e as casas tem mais de 2km de distância o desconforto bate a porta, discordei de mim mesma, precisava relaxar. Foi uma hora de carro, a sua chácara estava la, grande mais, acolhedora de mais, isolada de mais.

A 1km existia a sua fazenda, a maior fazenda da cidade, que rendia os seus milhões por ano, a chácara tinha todas as luzes acesas e quando entramos o calor que emanava dela foi relaxante, o quarto onde eu ficaria estava arrumado e era simples, com uma vista para a vasta área verde sem fim, no escuro, sem dúvidas na hora de dormir eu trancaria aquela janela.

Tomei meu banho e vesti meu pijama, amanhã iria sair 8:00hrs da manha com meu tio para passar o dia na fazenda, minha tia fez um macarrão rápido, assistimos um filme inteiro e todos subimos para dormir, tranquei a janela e mandei mensagem a todos que se preocupavam comigo, o sinal por ali era bem ruim, não impossível mas a torre sumia a cada três minutos retornando apenas por alguns minutos dependendo do ponto.

Mexendo no celular o sono veio, quando acordei faltava trinta minutos para as oito, meu relógio biológico sempre me faz acordar cedo, estava frio, nublado, mas ali do segundo andar eu podia ver que mais distante o sol brilhava em algum lugar, tomei um banho e vesti a roupa mais confortável para passar o dia em contato com a natureza.

Meu tio e minha tia já estavam tomando o café da manhã, menos Luísa, devia ainda estar dormindo... Não é fácil ser uma criança de nove anos, eles conversavam animadamente comigo sobre o negócio da família, fingi interesse e empolgação, havia escutado essa historia de ancestralidade minha infância inteira e é claro que eles caíram nessa.

Me informaram que no sábado iria fazer uma viagem rápida a cidade vizinha e voltariam no dia seguinte, eu neguei ir e ainda fiz a merda de pedir que deixassem Luísa comigo, animados eles já combinaram, dizendo que Luís e Felipe dois funcionários da fazenda iriam estar a prontidão se precisar.

Despedimos de Andréa e fomos para a fazenda, descobri que esse bairro, sim era um bairro essa imensidão, um bairro nobre e a fazenda ficava ainda mais distante da cidade, quarenta minutos da cidade a até a casa e uma hora e vinte minutos da fazenda a cidade.
Isso me deu uma pontada de pânico, e se alguém quebrasse alguma coisa? Esperar tanto tempo até ir a cidade seria tortura!

Chegando na fazenda passamos pela fábrica de grãos, existia quitares e quitares de terra e ali o sol estava presente, o sol não anulava o vento frio que batia no meu rosto, mas por baixo da roupa pesada meu corpo estava bem aquecido. De primeira fomos até o escritório do meu tio e enquanto ele esperava seus funcionários aparecer para uma conversa diária, eu dei uma volta pelo espaço, a trezentos metros estava as enormes máquinas de tratar os grãos para rações e cereias e ainda mais longe conseguia ver o pasto repleto de gado. Desci as escadas e fui andando até o pasto.

- Vai dar certo, Felipe, relaxa! - me deparei com dois homens, esse que falava com Felipe parecia ter quarenta anos, feições fortes, um homem que certamente fumava cigarro.

Ao seu lado o tal Felipe, alto e magro, parecia adorar uma cachaça, eles me olharam com intensidade, certamente não haviam visto uma garota como eu nessa cidade. Seus olhos poderiam me despir e isso me deixou profundamente irritada.
Ele parecia ter menos que 30 anos, mas a aparência desgastada era difícil de saber.

- Olá! Quem é você? - disse o magrelo, parecia tentar flertar comigo, isso fez meu estômago revirar. Eles dividiam um chimarrão.
- Deve ser parente do patrão, olha como ela é... bonita. - Luis tentou dizer bonita baixo, mas o silêncio daquele lugar me fez ouvir alto e claro.
- Com licença, aliás o chefe de vocês... está esperando. - Sai quase correndo e ainda pude sentir os olhos deles sobre mim.

- Riquinha! - algum deles cuspiu, não olhei para trás, pedófilos, cuspi também.

Aqueles eram os braços direito dos meus tios? Que merda isso, eles precisavam de pessoas melhores, homens íntegros. Chegando perto do pasto ignorei o cheiro inicial e continuei, as vacas comiam tranquilas e mais ao fundo podia ver alguns cavalos.

Quando olhei para o pequeno sobrado onde meu tio estava, não tive coragem de ir até onde os cavalos se encontravam, já estava longe e floresta assustava qualquer ser minúsculo como eu, fiquei ali e tirei algumas fotos, resolvi dar uma volta por perto mesmo, andei por toda a fábrica, estava longe novamente só que pelo oeste, lá tinha porcos e galinhas, minha bota já estava suja o suficiente e ouvi as enormes máquinas serem finalmente ligadas, ao norte de onde estava vi tratores saindo da garagem.

Fui até os tratores e encontrei meu tio, com uma prancheta anotando algo. Ele percebeu minh aproximação aproximação.

- Gosta de andar, hein!? - ele gritou por conta da distancia que ainda havia entre nós. 
- Pernas grossas são para isso. - brinquei, olhando em volta, mais floresta, mais verde, mais pastos. - Aqui é enorme! - ele voltou a atenção a mim.
- Obrigado! - ele brincou, Ferdinando é o caçula dos irmãos, com 31 anos, meu pai tem 36, minha tia Amália tem 40 e meu tio Pedro o mais velho tem 48. Ferdinando é um homem bonito, a idade parece enriquecer a sua beleza natural, branco de barba preenchida, sobrancelhas grossas e por fazer, o cabelo é grande e domado pelo chapéu de fazendeiro, os olhos verdes combina com os tons escuros dos cabelos e a pele pálida, o nariz pequeno e arrebitado. - Então, oque vamos fazer?
- Vamos aproveitar a manhã e no almoço eu devolvo você! - ele riu.

Cinquenta minutos depois ele terminou seus afazeres e me levou até sua caminhonete, o enorme pasto não me fez bater em nada, as dicas foram pegas rapidamente, mas no dia seguinte eu queria estar melhor. Depois de passar uma hora tentando dirigir o ford ecosport, ele me levou de trator fazendo uma tuor por toda a fazenda, acho que nunca conheci um local tão grande, ainda ajudei ele a alimentar alguns animais. 

E voltamos para o almoço. Seus funcionários ganhavam marmita e café da manhã, as 18:00 a fazenda fechava.

Ajudei minha tia a fazer o almoço e quando estava finalizando, brinquei de desenhar com Luísa, depois do almoço fui passar algum tempo enfrente a piscina, não senti vontade de entrar por mais que tivesse aquecedor. Senti falta da praia e Andréa me prometeu que na sexta iríamos a praia, passei a tarde conversando com meus amigos pelo celular, ali perto da piscina o sinal funcionava perfeitamente bem, quando o sol estava se pondo subi para a casa e fiquei sentada na sacada, olhando o anoitecer tomando um chocolate quente. 

Pela noite brincamos nós quatro de STOP e assistimos depois um filme romântico com direito a pipoca e brigadeiro. No dia seguinte, já tinha um cronograma, iria passar a manhã na fazenda e depois iria com as meninas para a cidade.


Oi pessoal, não esqueçam de comentar e votar!
É uma short bom?
Logo logo estará concluída.

Tenho outras histórias de romance deem uma olhada e espero vocês me dando uma força nessa fic!

Instinto Protetor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora