Quando cheguei a porta era tarde, Luísa já havia atendido e estava colocando uma balinha na boca.
Do outro lado da porta havia uma mulher aparentemente de 30 a 40 anos, rechunchuda e com uma bolsa enorme embaixo dos braços.
Ela ficou surpresa ao me ver mas não tirou o sorriso do rosto.- Olá, em que posso ajudar? - perguntei cordialmente, queria tirar a balinha da boca de Luísa, mas ela saiu andando com a balinha e foi para o sofá.
- Ah! Eu!? Eu sou a esposa do Luis, bobinha!
- Certo, Luis não está... - usei a voz ácida como estava e não me importei de ser gentil.
- Os pais da Lulu me conhecem e...
- Eles não me disseram nada sobre visitas hoje! - seu pé deu um passo a frente e eu firmei mais minha postura, fechando um pouco mais a porta.
- Certamente! Passei de carona por perto daqui e pedi que me deixassem aqui na casa do senhor Ferdinando, Luis vai passar para deixar a chave da Fazenda e...
- Oque? Como assim!? Ferdinando não me disse nada sobre alguém trazer chave... - algo estava mal, algo estava muito mal, conseguia sentir o cheiro e tudo mais.
- Você está nervosa, querida? Eu sei um chá que pode acalmar você!
- Olha, a casa não é minha, não posso receber estranhos aqui!
- Eu não sou uma estranha, a Lulu me conhece e gosta de mim! Não é Lulu? - Luísa olhou por cima dos ombros e só sorriu ocupada demais com a balinha na boca.
- Mas é uma estranha para mim, desculpe, volte outra hora! - estava quase fechando a porta quando ela empurrou com violência.
- Escute aqui, garotinha, você é muito mal educada e se acha que seus tios não vão saber dessa falta de respeito comigo... está enganada! - seus olhos muchos tentavam ser ameaçadores mas eu senti apenas muita raiva.
- Escute aqui, sua estranha! Você não vai me ameaçar para entrar aqui, Luísa é uma criança, inocente e pode até ter te visto uma vez no mercado, não me interessa, eu não sou dona da casa mas hoje ela está aos meus cuidados e quando eu digo que você não vai entrar... Você. Não. Vai. Entrar! - ela recusou uma passo e fechei a porta passando em seguida a chave.Algo na expressão de Luísa me fez lembrar da balinha.
- Balinha ruim, quando engoli minha língua ficou dormente! - ela murmurou indo até a cozinha, deve que para beber um copo de água.
Antes que ela pudesse chegar a pia eu lhe peguei pelo braço e cherei sua boca.
- Oque estava pensando em aceitar a balinha de um estranho?
- Ela não é estranha, é a esposa de um dos homens do meu papai...
- Quantas vezes viu ela?
- Três? - ela não sabia dizer o certo
- Por isso ela é uma estranha! Cospe a balinha!
- Não dá, eu engoli!
- Ok, tudo bem! Sem pânico! Esse estado de alerta é exagero!
- Pode ser que seja! - ela disse e bebeu um pouco de água, ri dela, uma criança tão inocente.Fui ao lado oeste da cozinha que tinha a vista exata da porta da frente e aquela mulher não estava lá.
- Qual o nome dela? - perguntei a Luísa, quando voltamos a sala
- Alguma coisa com Sol... não consigo lembrar. - ela se escorou no sofá e piscou os olhos com muita força.
- Está com sono? Uma hora dessa...?
- Não sei, pode ser que sim, tem algum desenho melhor?
- Vou procurar!Quando a lasanha ficou pronta, trinta minutos depois arrumei o prato de Luísa, e quando retornei ela estava jogada no sofá em sono profundo e silencioso.
Faltava duas horas para as 18:00, ela não podia dormir agora, isso iria atrapalhar nossa noite de sono.- Ei, Lu, acorda! - mexi no seu corpo, ela estava mole, mole demais. - Luuu! Acorde vai, almoça então antes de dormir. - Mas ela continuava mole como uma boneca de pano. Minha respiração ficou mais curta e eu logo comecei a tremer.
Havia se passado uma hora desde de que ela engoliu aquela balinha, percebi que ela estava lutando contra os olhos pesados, deveria ter desconfiado, Luísa nunca dorme pela tarde.
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Instinto Protetor (Concluído)
Mistério / SuspenseMariane mora em São Paulo, decide nas férias do seu penúltimo ano do colégio ir para a casa do seu Tio Ferdinando e sua esposa Andréa, o casal tem uma filha única chamada Luísa, na cidade de Urupema. A pacata cidade trás a Mariane o sossego que a c...