Droga De Pressentimento

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Na quinta o dia passou mais rápido, pela manhã foi basicamente o mesmo, esperei meu tio ficar desocupado enquanto criei coragem para andar pela fazenda sozinha com o carro, dirigir já estava no papo, com a minha camera ajudei meu tio a fazer uma propaganda rápida para alguns investidores e ate mandei alguns emails que ele precisava. Faltando uma hora pro almoço corri um trajeto de 1km na fazenda, já não fazia meus exercícios a dois dias e correr sempre foi a melhor maneira de me manter sã.

Andréa passou com Luísa na fazenda e me levaria para casa e ficamos por alguns minutos ali jogando conversa fora.
Luis e Felipe se aproximaram, ficaram estranhamente animados quando viram as duas patroas, Luísa foi simpática e aceitou deles uma balinha, quis me aproximar de Luis quando ele mexia no celular, apontando a câmera a Luísa e quando ela se mexia correndo ele seguia com a câmera, isso me fez sair de cima da escadas, estava pronta para ir até Luis mas a Luísa agarrou minhas pernas e quando olhei novamente para Luis ele já havia guardado o celular.

No almoço a ansiedade me atacou, perdi a fome e fui para debaixo do chuveiro, algo estava errado, o meu corpo debaixo da água quente não conseguia se aquecer sozinho.
Mas quando Luísa e Andréa me mostravam a cidade fiquei mais calma, comemos muito e andamos por toda a cidade, acabei fazendo algumas compras e usei muito o celular já que o sinal na cidade funcionava muito bem.
Ficamos cinco horas na cidade e quando voltamos o carro dos dois capangas da Fazenda estava saindo da propriedade dos Alcayas.

Eles reduziram o máximo para acenar a minha tia Andréa, mas os olhos de Felipe estavam no banco traseiro, onde distraída Luísa mexia no seu tablet, aquilo fez um frio passar na minha espinha e meu estômago doeu, ele desviou o olhar e eu encontrei o seu, olhando com toda a repulsa que podia.
Felipe desviou o olhar e eles seguiram adiante, o carro da minha tia estacionou e ela pegou na minha mão.
Só assim percebi que segura com força o banco do carro, senti a dor nas minhas unhas.

- Tudo bem, Mari? - ela tocou minha mão e por mais que no carro estivesse quente eu senti que minha mão estava fria.
- Tudo eu só... Não estou me sentindo bem! - passei a mão no estômago.
- Quer um remédio? Quer ir ao médico? - Luísa retirou seu cinto e apareceu no vão entre os bancos.
- Tudo bem, Mar? - ela acariciou meu rosto com seus dedinhos pequenos.
Isso derreteu sua mãe que estava fazendo carinho no rosto angelical de Luísa.
- Tudo! Água com limão vai ajudar no enjoou. - menti já abrindo a maçaneta da porta.
- Eu ajudo a fazer, posso? - Luísa gritou enquanto descia do carro.
- Claro que pode, Lulu! - Andréa e eu respondemos juntas a ela.

Dentro da casa, Ferdinando estava vendo um jogo qualquer na televisão, Luísa se jogou em seu colo e ele lhe encheu de beijos, Andréa se sentou ao lado dele e também foi recebida calorosamente.

- Eai piralhas, como foi o dia!? - ele estava feliz
- Cansativo! - mostrei as sacolas nas mãos - Vou subir para deixar as sacolas lá encima e tomar um banho!
- Nunca vi gostar tanto de banho hein! - Ferdinando brincou, mostrei a língua para ele e subi.

A janela do meu quarto estava aberta, oque foi estranho ja que eu havia deixado fechada.
Me aproximei lentamente e tentei fechar a janela, mas ela havia sido empurrada demais e estava emperrada.
Novamente o frio passou pela minha espinha, olhei para fora e não sei se foi minha mente nervosa mas vi uma sombra passar da piscina para ir as árvores.
Me estiquei mais para ver mas meus olhos não captaram nada.

- Nem fodendo que vou dormir aqui com essa janela aberta! - murmurei e me preparei fisicamente, aquela janela seria fechada!

Com todas as forças e alguns minutos gastos consegui fechar a janela, minhas mãos estavam vermelhas e fui até o banheiro, precisava da água quente, a ansiedade estava em matando.
No chuveiro sem motivos algumas lágrimas desceram, sempre ficava assim quando presenteia algo, como no meu aniversário de onze anos quando quebrei o pulso, ou quando o vovô morreu em 2014.
Ou quando minha prima, Hellen sofreu um acidente de moto saindo da nossa casa em abril do ano passado.

Algo estava errado, mas eu precisava de calma, talvez aqueles pedofilos nojentos estavam me dando algum gatilho já que desde dos meus 13 anos eu sofri assédio quando ia de ônibus até a escola, por isso hoje em dia meus pais me levam e me buscam.
Me distraí quando meu crush me mandou mensagem e passei a noite toda conversando com ele até que dormi.

Era sexta e Ferdinando não iria trabalhar, iríamos tomar o café da manhã e ir até a praia, seria quatro horas de viagem de ida e volta, voltaremos antes de anoitecer.
Já me sentia melhor, mais animada, a praia não estava quente mas existia a calma na areia que fundava meus pés, brinquei com Luísa e tomei sol, tomamos sorvete e damos algumas voltas pelo centro da cidade.

Olhando Luísa na água, senti a estranha dor no estômago e minha nuca se arrepiou.
Olhei para trás a procura de algo que indicasse o porque daquilo, vi apenas carros estacionados, mas algo no carro azul escuro me lembrou alguém, não conseguia lembrar quem, mas existia alguma semelhança, esticando mais a cabeça pude ver que alguém dentro do carro estava abaixado.
O vento bateu em meus cabelos e não pude ver quando o carro saia, com a pessoa ainda agachada, um toque no meu ombro me assustou!

- Ei! Calma! - Andréa riu. - Temos que ir! Já vai anoitecer, ficamos mais que o esperado! - ela disse se aproximando de Luísa que brincava na areia.

Ferdinando se aproximou e fomos até o carro, a viagem de volta foi tranquila, coloquei meus fones e passei metade da viagem editando minhas fotos.
Chegando na cidade paramos em uma pizzaria e comemos, na saída me deparei novamente com o carro, me aproximei e ele estava vazio, mas algo nele ainda era famíliar e não iria passar abatido.

- Esse carro estava em Praia Grande... - disse a Ferdinando, enquanto estávamos no carro, ele apagou o cigarro e olhou o carro.
- Impossível, esse carro é do Luis, e ele ficou trabalhando! Agora que é 19:47.
- Oque houve crianças? - Andréa se aproximou
- Você viu o Luis aqui na pizzaria? Eu não vi! - Ferdinando disse a Andréa, ela olhou o carro e captou o assunto.
- Ele deve ter acabado de chegar! - ela disse sem interesse já voltando ao carro.
- Estanho! - murmurei passando por Ferdinando.

O caminho até a casa foi silencioso, Andréa estava entretida no celular e eu não conseguia deixar de pensar que aquele carro azul escuro era o mesmo da praia.
Talvez eu devesse parar de ser tão crítica.

Tomei um banho e fiquei na sala vendo TV, Ferdinando e Andréa estavam arrumando uma pequenina mala para a viagem de um dia. Seria um casamento e eles eram os padrinhos.
Luísa ficou triste quando soube que não iria mas ao dizer que eu ficaria com ela sua alegria aumentou.
Eles saíram pelo sábado de manhã e voltariam antes do almoço no domingo.

Fiquei acordada até tarde e de manhã acordei na marra para assistir eles irem para o casamento!
O carro de Andréa ficou para alguma emergência. Não que eu soubesse dirigir perfeitamente bem, mas eu poderia usar para chegar ao menos na cidade.
Luísa dormiu até dez da manhã, eu preparei algo para ela comer, e ela ficou assistindo enquanto eu fazia exercícios.

Antes do almoço, enquanto eu colocava a lasanha no forno para aquecer alguém batia a porta e novamente aquela sensação horrível me atingiu.

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Instinto Protetor (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora