capítulo 1

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   O trabalho esta terrível hoje. Meu chefe esta com cara de quem chupou limão azedo. Já fazem dois anos que trabalho aqui nessa empresa de publicidade. Sou secretária de Roberto, que é diretor geral e com o tempo aprendi a lidar com suas mudanças repentinas de humor. Ele tem 35 anos, cabelos e olhos pretos,pele clara, deixa sempre a barba por fazer, deve ter por volta de 1,72 de altura. É bem bonito até e antes que você diga que eu não deveria estar dando em cima do chefe e bla bla bla, saiba que eu não dou em cima dele, eu apenas não sou cega e assim como todas as pessoas que enxergam, posso dizer que ele é muito bonito.

   Hoje é sexta-feira e não vejo a hora de ir embora ver minha filha, que já esta com 3 anos. Não sou muito de sair, passo a maior parte do tempo em casa. Moro sozinha, apenas eu e minha filha, que fica com minha mãe enquanto trabalho.

   Estou terminando de arrumar os detalhes da viagem que ele irá fazer na semana que vem, quando sou chamada até sua sala.

   - Mariane, já comprou as passagens para a viagem que farei segunda?

   - Já está tudo pronto Sr. Roberto,o hotel reservados e a reunião marcada.

   - Preciso que me acompanhe nessa viagem. - ele mexia em alguns papéis enquanto falava, como se tivesse comentando sobre o clima.

   - Como o sr sabe, eu não posso viajar. Eu tenho uma filha e não tenho com quem deixa-la.

   - Leve ela conosco. As reuniões serão feitas informalmente, no restaurante do hotel. Você pode leva-la. E antes que recuse novamente, saiba que será paga pelas horas extras.

   - Sr, a questão não é o dinheiro... - já eram bem chegados para que eu mostrasse meu ponto de vista, mas não tanto para que eu o chamasse apenas pelo nome.

     - Mariane, isso não está em discussão.  Eu estou te informando que você me acompanhará. - eu simplesmente odiava quando ele impunha essas coisas. Eu tinha várias restrições quanto ao tema "sair de casa" e trabalhar já era um grande avanço, se comparado a antes que eu não saia nem na janela.

    - Sim senhor.

    - Você já está dispensada.

    Saí de lá com vontade de esfregar a cara dele no tapete. Que saco!  Precisava falar daquele jeito? Peguei minha bolsa e fui embora. Apesar de já estar em São José ha dois anos, ainda não me acostumei com a energia das pessoas. A vida em Minas é bem diferente, as pessoas andam calmamente, aproveitando a paisagem. A tarde, as senhoras sentam na varanda para tomar "a fresca". Todos se conhecem. Aqui não, conseguir conhecer e fazer uma amizade com os vizinhos é quase milagre, as pessoas estão sempre com pressa e depois de determinado horário não se pode andar nas ruas desacompanhada. A cidade está o tempo todo ativa, como um coração pulsante que não para de bater por um segundo sequer.

    Assim que abri a porta minha pequena veio correndo e a peguei no colo.

     - Mamãe! !!

    - Ooi filha. Cadê a vovó? 

    - Estava fazendo suco, mas a porta abriu e essa espoleta saiu correndo.  - disse minha mãe que vinha secando a mão em um pano de prato.

    - Sua bênção, mãe. A sra não sabe, meu chefe quer que eu vá numa viagem com ele em BH. Falou que era pra eu levar a Laura, que iria ganhar as horas extras e tudo o mais. Mas não sei se já estou pronta pra voltar para algum lugar de Minas, mesmo que seja apenas uma viagem.

   Fui caminhando em direção a cozinha, porque naquele calor, tudo que eu mais queria era um suco gelado.  Laura estava no meu ombro, quietinha. Ela era um amor de criança.  Apesar de ser suspeita para falar, por ser minha filha, mas ela é linda. Cabelos cacheadinhos, olhos verdes, perninhas gordinhas, daquelas que da vontade de morder, ela é uma menina super brincalhona e que alegra minha vida todos os dias, mas sabe quando ficar quietinha. 

    - Filha, eu sei que você se sente insegura, mas até quando vai ficar se escondendo nessa casa? Uma hora você vai ter que superar, você é forte, vai conseguir. - aquela expressão dela sempre me convencia. 

   Terminamos o suco, ela se despediu e eu fui aproveitar o fim de semana com minha florzinha.

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