Capítulo 2 - Mari

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Domingo a tarde eu fiz as malas. Quem olhasse elas acharia que eu estava de mudança. Como não sabia como ia estar o tempo por lá, tinha que levar tanto roupas de calor, quanto de frio, pra mim e pra Laura. Confesso que estava ansiosa com a viagem, não sabia como reagiria ao chegar lá, mas como minha mãe disse, eu tinha que superar.

Acordei as 6h da manhã, fiz café, tomei banho, me aprontei e acordei minha pequena. Coloquei um jeans e uma camiseta, calcei minha rasteirinha e prendi o cabelo em um rabo. Sempre gostei de viajar confortável, esse negócio de viajar bonita não é comigo. Na pequena Laura coloquei um vestidinho de malha e uma sandalinha da moranguinho. Peguei as malas e chamei um taxi para que nos levasse até o aeroporto.

*-*-*-*-*-*-*

A viagem toda foi tranquila,assim que chegamos em BH fomos para o hotel descansar. A primeira reunião só seria no dia seguinte a noite, então poderia aproveitar para conhecer a cidade. Mesmo todo o tempo em que vivi em Minas, foram raras as vezes que visitei a capital.

O hotel era um luxo! Passamos na recepção, fizemos o check-in, pegamos nossos vales café da manhã e o cartão de acesso ao quarto. Meu chefe ficaria em outra parte, mas eu tinha escolhido ficar em um quarto econômico. Não precisava mais que isso para mim e minha princesinha.

O quarto tinha uma cama de casal e em cima, uma de solteiro. Um cômodozinho em que ficava o chuveiro e outro que ficava o vaso. A pia era para o lado de fora. O quarto tinha ar condicionado e uma televisão. As paredes eram brancas, e a cortina era de um verde bem claro.

Coloquei as malas no chão e comecei a tirar as roupas que amassavam muito para colocar no cabide.

- Mamãe, deita aqui comigo?

- Filha, a mamãe ta arrumando as roupas.

- Mas é só um pouquinho... - os olhinhos dela já brilhavam com as lágrimas que começaram a se formar.

Me deitei com ela, fiz um cafuné, ate que ela caiu no sono. Eu me levantei, acabei de arrumar as coisas e fui tomar um banho.

Já era quase hora do almoço. Acordei a Laura para que pudessemos descer e almoçar.

- Mamãe, pra que a gente veio pra esse lugar? Cadê a vovó? ?

- Filha, a mamãe está trabalhando e a vovó não pode vir.

- Mas eu quero a vovó! - eu sabia que deixava ela muito tempo com a avó, mas não imaginava em que não iria querer ficar comigo sem ela.

- Filha, na sexta você vai ver a vovó.

- Mas eu quero a vovó hoje! - sentou no chão para fazer birra.

- Hoje não tem como. Levanta do chão! - ela não levantava nem por reza brava, estavamos em frente ao elevador e o pessoal já começava a olhar.

- Não vou levantar, porque eu quero a minha avó!

- Tudo bem, fica ai no chão fazendo birra, eu vou descer pra almoçar. - e encostei na parede contrária. Não deram nem 5 minutos ela já estava do meu lado, em pé, sem nem um resquício de que tinha chorado.

*-*-*-**-*-*-**-*

- Alô?

- Mariane, estou saindo para jantar daqui a meia hora para uma reunião, esteja pronta.

- A reunião não era só amanhã? ?

- Era, mas o dono da empresa ligou dizendo que o filho dele preferia que fosse hoje a noite. Então, se apresse.

Que chatisse, nem sei com que roupa eu ia ainda. OOH BOSTA!

Escolhi um vestido vinho. Ele não tinha nada de extravagância, mas era bem bonito. Eu não estava acostumada a usar vestidos, mas eu gostava desse. Tinha mangas curtas, ia até um palmo acima do joelho, e nas costas ele tinha uma abertura em forma de gota.

Tomei um banho super corrido e ja dei banho na Laura também. Vesti minha roupa, calcei um salto preto, nada de marcas, eu não era muito de gastar, ate porque raramente meu dinheiro dava até o fim do mês. Fiz uma maquiagem, nada muito forte e fui arrumar a Laura, que só tinha colocado a calcinha e deitado em cima da cama com a toalha molhada.

Nela coloquei um vestidinho verde, que tinha uma fita passando na cintura e calcei uma sapatilha. Peguei um casaco para cada uma, porque só Deus sabe o quanto aquele lugar fica frio a noite e saímos.

Encontrei meu chefe no hall do hotel. Fomos até o estacionamento pegar o carro. Prendi a Laura no cinto, já que nós não tinhamos alugado uma cadeirinha e fui para o banco do passageiro.

Roberto estava lindo. Uma calça e uma camisa social, sapatos pretos, o cabelo meio bagunçado, cheiroso... ooh senhor, dai-me concentração.

- Posso ligar o rádio? - precisava de uma música, urgente!

- Claro. - ele não me dirigiu a palavra mais e pelo jeito que falou, sabia que não queria que eu ligasse, então deixei quieto.

Fomos a reunião, correu tudo bem, tirando a parte em que a Laura resolveu sair assaltando as batatas de outras mesas.Que vergonha! E eu tendo que ir de mesa em mesa pedir desculpas. Roberto me olhava como se eu fosse a culpada e o tivesse envergonhando e aquilo estava acabando comigo. Pedi licença e sai da mesa, levando Laura junto até o banheiro.

- Laurinha, presta atenção no que a mamãe vai te falar. Por favor, senta e fica quietinha. Esse é o trabalho do mamãe.

- Mas mamãe, você não brinca comigo e eu quero brincar. Você só fala comigo quando eu faço bagunça. - meus olhos encheram de lágrimas. Meu Deus, que péssima mãe eu sou, nem percebi que minha filha só queria um pouquinho de atenção.

- Filha, a mamãe promete que se você ficar boazinha hoje, amanhã a mamãe passa o dia todo só com você, pode ser?

- Ta bom, mamae. Eu vou me comportar.

- Obrigada, princesa. Eu amo você! - dei um beijo em sua testa e voltamos para a mesa.

Ela não me deu mais trabalho e eu pude participar da reunião. O problema só começou quando entrei no carro.

- Que porra foi aquilo lá dentro Mariane? - ele estava muuuito irritado.

Coincidências do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora