✦ VINTE E UM ✦

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"Eu não te odeio

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"Eu não te odeio.", "Você teve seus motivos.", "Eu te entendo".

Suas palavras ecoaram em meus ouvidos e soaram tão sinceras que pareciam ter sido tiradas de alguns dos meus sonhos, pois sempre desejei ouvi-lás da boca das pessoas que realmente machuquei e magoei. E mesmo que essa garota, que está sentada bem aqui na minha frente, não saiba nada do meu passado ainda assim suas palavras causaram um grande alívio ao meu coração.

Assim que meus olhos encontraram os seus vi que realmente havia verdade nas suas palavras. E o que dizer do seu olhar? Ele transmitia sinceridade, mas também parecia querer desvendar cada segredo meu e foi por esse motivo que não pude manter o nosso contato visual muito tempo. Tive medo do que ela poderia enxergar através dos meus olhos e tive mais medo ainda que assim que descobrisse retirasse o que acabará de falar e eu ficasse mais uma vez sem esperança e fosse arrastado para aquele dia.

ㅡ Temos os nossos motivos, mas não sei se eles são fortes ou dignos o suficiente.ㅡ murmurei olhando para a garrafa de champanhe dentro do balde.

E se, Geon estiver certo? Eu realmente sou culpado? Não que isso faça muita diferença, pois eu já me sinto culpado.

ㅡ Talvez, eu possa ser realmente o vilão nessa história.ㅡ Sussurrei para mim mesmo e estiquei o braço para pegar mais alguns cubos de gelo.

Quando meus dedos os tocaram o frio se alastrou em minha mão e senti as lembranças daquele dia surgindo aos pouco, batendo como quem não quer nada na porta da minha mente pedindo para sair, mas eu sei que se permitir que elas escapem jamais serei capaz de trancafiá-las novamente.

Os apertei fortemente até sentir o início da dormência e o líquido começar a escorrer pelas minhas mãos, gostaria que a dor em meu peito fosse assim, que pudesse ser adormecida ou que simplesmente desaparecesse com o tempo.

Isabelle começou a se remexer em seu assento e isso me trouxe de volta a realidade, suspiro profundamente e coloco o gelo ao redor do seu tornozelo, mas ainda não me sinto seguro o suficiente para encará-la sem demonstrar o completo caos que eu sou, então, pego um dos cubos e ponho sob sua pele.

Vejo alguns pelos de sua perna ficarem levemente arrepiados e sorrio, passo o gelo lentamente por toda a extensão do machucado repetidas vezes até que haja somente uma fina camada de gelo impedindo meus dedos de tocarem sua pele.

ㅡ Então...ㅡ falamos ao mesmo tempo.ㅡ Você gosta de Pokémon? ㅡ completei, me sentindo um pouco mais à vontade voltei a encará-la e forcei um sorriso em meus lábios para fingir que estava tudo bem.

ㅡ Digamos que sim.ㅡ respondeu dando de ombros, como se não fosse nada de mais.

ㅡ Digamos? ㅡ indaguei levantando uma de minhas sobrancelhas e ela sorriu.ㅡ Você está usando uma tornozeleira com vários pingentes da Jigglypuff.

𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔Onde histórias criam vida. Descubra agora