Não, não pode ser.
Luz acordou na manhã seguinte, recusando-se a acreditar que Amity queria mesmo convida-la para o Grom. A caligrafia era claramente a dela, o papel rosa igualzinho ao que Luz viu na noite do Grom, mas sabe-se lá o que pode acontecer em uma dimensão em que criaturas mágicas são reais. Poderia ser uma coincidência, uma ilusão, qualquer coisa faria mais sentido.
Não soltara aquele papel desde a noite anterior, e agora, já perto da escola, leu aquela palavra mais uma vez. Luz. Como as poucas letras que formavam seu nome poderiam causar um incomodo tão intenso?
Correu em direção à Willow assim que a avistou.
— Oi Luz! — Disse, observando o rosto da amiga em seguida. — Que cara é essa? Parece que viu um humano... Quer dizer, parece que viu um fantasma. É assim que vocês falam?
— Willow, — sussurrou — eu preciso de ajuda.
— O que houve? Esta me assustando.
— Eu... eu acho que Amity ia me convidar para o Grom.
— Sim. E daí?
— Como assim e daí? Amity ia me convidar para o Grom!
Willow riu.
— Ah Luz! Você está surpresa? Eu sei que você é humana, mas achei que tivesse entendido, todo mundo já entendeu. Não sabia que a percepção dos humanos era diferente.
Era diferente? Luz pensou, não parecia que sua percepção era mais diferente dos bruxos do que era dos outros humanos.
O sinal tocou e, confusa, sem dizer mais nada, Luz foi até sua sala de aula.
*
Quando o sinal tocou mais uma vez, anunciando o intervalo, Luz foi ao encontro de Willow e Gus, que andavam juntos pelos corredores.
— Luz! — Gus disse, mais alto do que necessário. — Quantos dedos tem aqui?
— Seis. — Luz respondeu com firmeza.
— Ela parece normal.
— Eu contei para ele, — revelou Willow, — que você não percebeu que Amity te convidaria para o Grom.
— Como eu poderia ter percebido? Ela não disse nada.
— Pois é, dizer foi a única coisa que ela não fez. — Gus tinha muita certeza das suas palavras, o que deixava Luz ainda mais confusa. — Amity tirava aquele bilhetinho do bolso toda a vez que você se aproximava, sem coragem de te entregar. Luz, sempre que você chega perto dela a pobre garota fica com o rosto todo vermelho. Inclusive, quando você não está mas alguém menciona seu nome, ela também cora!
— Essa última parte você realmente não tinha como saber, — disse Willow — mas é verdade, eu já vi.
— Vocês estão insinuando que Amity, — Luz hesitou — gosta de mim?
— É exatamente isso que estamos insinuando.
— E que sempre souberam disso e nunca me contaram?
— Não achamos que precisasse. Até Boscha já sabe.
Até Boscha já sabe?!
— Olha ela ali. — Gus sussurrou, ao avistar Amity andando na direção do trio.
— Finjam naturalidade! — Alertou Luz, mesmo que para os amigos não fizesse diferença.
— Olá Gus, Willow, Luz — A voz profunda da bruxa foi impactante aos ouvidos de Luz, que só agora reparava como era bonita de ouvir.
— Oi Amity. — Disse Willow.
— Oi Amity. — Disse Gus.
Alguns segundos de silêncio deixaram o grupo incomodado, os três viraram os olhos para a humana.
— O sinal! Eu preciso voltar para a aula! Vejo vocês mais tarde.
Luz saiu andando, sem poder ouvir Amity dizer:
— Mas... o sinal nem tocou ainda.
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A Vez de Luz - Lumity Surtos
RomancePara ler essa fanfic você precisa ter assistido até o episódio "Enchanting Grom Fright" de The Owl House. Eu não sou escritora, mas estou passando por um momento difícil decidi me distrair com essa curta história que já morou apenas na minha cabeça...