– O que houve com ela? – Eda sussurrou para Willow, enquanto mexia seu caldeirão
– Ninguém entendeu direito.
As duas se viraram para Luz, que andava em círculos ao redor do sofá, no qual Gus e King estavam sentados assistindo vídeos de gatinhos no YouTube humano pelo celular de Luz, que vez ou outra vibrava notificando vídeos sobre desenhos animados que eles não compreendiam muito bem.
– Luz, – Willow colocou a mão em seu ombro, e foi empurrada pela força do corpo da amiga, que tendia a continuar circulando. – Está tudo bem, no final, vocês até foram ao Grom juntas, dançaram até que acendessem as luzes. Ela deve ter ficado feliz, não precisa ter medo de deixa-la chateada.
– Não é isso – Luz rendeu-se, parando de fazer força contra o braço da amiga.
– O que é, então?
A humana hesitou, abaixou o foco da sua visão para baixo e semicerrou os olhos.
– É que... O maior medo da Amity era ser rejeitada por quem ela convidaria para o Grom, e eu disse que eu seria par dela caso fosse rejeitada, porque....
– Porque...?
– Porque é isso que amigas fazem – Luz disse antes de suspirar.
– E não há nada de errado com isso, oras, você é amiga dela, é isso que amigas fazem, não é culpa sua se não a vê de outra forma.
Luz não respondeu.
– Luz? – A voz adorável de Willow foi tomada pelo tom eufórico.
– LUZ?!
– Luz? – Gus voltou a prestar atenção nas garotas. – Você por acaso está gostando da Amity também? É isso?
– EU NÃO AGUENTO MAIS VIVER NESSE MUNDO MISTERIOSO! – A garota disse, antes de se jogar de joelhos no carpete.
– Uau, e eu achava que pequenos demônios eram dramáticos. – Eda ainda mexia em seu caldeirão.
Willow segurou a mão de sua amiga, fazendo com que ela levantasse e sentasse no sofá.
– Você não sabe se gosta dela? É isso?
– É... eu acho! Mas, se eu gostar, já estraguei tudo quando disse que iriamos ao Grom como amigas.
– Isso é um trabalho para o Gus! – Ês amigues já não se incomodavam quando Gus referia a si mesmo na terceira pessoa. – Entendo muito do assunto, uma vez em casa assistimos à um filme romântico humano. Acho que sei tudo que é necessário.
Ele tirou de sua mochila um caderninho de anotações e um lápis vermelho. Sentou-se na mesa e pediu para que Luz se sentasse em sua frente, depois, direcionou a luz do abajur ao rosto da garota.
– Se Amity te contasse sua cor favorita, você decoraria seu cadernos com uma caneta de tal cor?
– Hã, não, eu acho.
– E se Amity perguntasse, no meio da aula, que dia é hoje, isso te deixaria emocionada?
– Nenhum pouco.
– Ok. Essa é a pergunta decisiva. Pronta? Espero que sim. Se você e Amity fossem amigas de infância, criadas como soldados de uma organização colonizadora em um planeta mágico, e Amity descobrisse que tem super poderes e te abandonasse nessa organização, você dedicaria sua vida a criar um portal capaz de destruir o espaço tempo e assim toda a vida existente no planeta?
– Dios mio! Nunca!
Gus devolveu o abajur para a cômoda onde ele estava anteriormente, e disse, confiante:
– Não é amor. Caso encerrado.
Eda riu baixinho, apagou o fogo do caldeirão e andou em direção à mesa.
– Foram ótimas as perguntas Gus. Porém creio que o caso ainda não esteja encerrado, tenho algumas objeções.
A bruxa experiente limpou a garganta.
– Qual é sua reação quando Amity posta uma foto nova no Penstagram?
– Eu vejo uma vez, e depois vejo de novo, e depois de novo.
Da última vez que Amity postara na rede social, Luz quase tirou um print, porém não tinha certeza se o Penstagram notificava os usuários quando haviam capturas de tela.
– E você gosta de estar perto da garota antipática?
Luz pensou por alguns segundos. Gostava de estar perto? Queria, com certeza, passar mais tempo ao lado de Amity, mas não tinha certeza se gostava, frequentemente quando a encontrava sentia algo esquesito e incapaz de ser explicado, porém, estava disposta a senti-lo se significasse estar com ela.
– Acho que sim. Às vezes eu sinto um formigamento na barriga, não sei se tem relação ou é apenas suficiente.
– Minha humana está apaixonadinha por uma Blight. Ó céus, eu não gosto dos pais da garota, nem um pouquinho, porém ela... tadinha, não pode escolher os próprios pais. Apoio.
Luz apoiou o rosto nas mãos, ainda não tinha certeza dos seus sentimentos, mas Eda com certeza era uma fonte confiável.
– Eu estraguei tudo... – ela disse, com clara tristeza na voz.
Gus levantou-se, erguendo o braço para o alto como numa pose heroica.
– Isso é um trabalho para o Gus!
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A Vez de Luz - Lumity Surtos
RomancePara ler essa fanfic você precisa ter assistido até o episódio "Enchanting Grom Fright" de The Owl House. Eu não sou escritora, mas estou passando por um momento difícil decidi me distrair com essa curta história que já morou apenas na minha cabeça...