10. Confiança é uma consequência, não uma escolha - parte I

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Curiosidade: muitos homens consideravam a pirataria uma alternativa de trabalho saudável. Os empregos vistos como honestos eram o comércio e serviço militar, porém traziam condições horríveis, como perseguição política e religiosa. Logo, era fácil que em um saque a navios mercantes, houvesse uma união fácil entre os piratas e a tripulação mercante.

      Harry estava no convés conversando com Louis sobre algumas coisas que definiam um consorte — eles haviam concordado em fingir que realmente estavam juntos para que os demais marujos não tivessem suspeitas, mas nada tinha mudado drasticamente na relação deles. A única coisa nova era que, agora, capitão Styles parecia ser ainda mais gentil com o tritão, mesmo que mantivesse suas ordens firmes como maioral do navio. Surpreendentemente, também, aquela gentileza não era forçada, mas sim genuína, pois mesmo quando estavam a sós, Harry continuava a tratar Louis de uma forma mais amável.

      — Você não se incomoda com isso? Eu sei que vocês têm uma ideia bastante íntima desse tipo de relação. — Louis indagou, se referindo à falta de sentimentalismo das sereias com seus parceiros.

      — Sim, está bem. Não é como se realmente fôssemos nos casar. — Harry sorriu, porém sentiu como se tivesse forçado o ato. Algo em seu peito o incomodou ao falar aquilo. — Além disso…

      — Capitão!

      O humano virou-se, vendo o vigia da gávea vir até ele com certa pressa.

      — O que é?

      — Há muitas aves voando baixo, vindo do Leste. Devo pedir para que Zayn curse até a ilha mais próxima?

      Harry pensou, assentindo no final. Não precisou mais que isso para que o vigia se retirasse até o navegador.

      — O que isso significa? — Louis indagou, trazendo a atenção do pirata de volta para si. — Por que temos que parar só por causa de alguns pássaros?

      — Quando eles estão voando baixo, quer dizer que alguma tempestade está a caminho. Alguns suprimentos estão faltando e eu não sei as dimensões da chuva que vem aí, então é mais seguro se pararmos em alguma ilha.

      — Entendi. — Louis disse. — O que eu faço?

      — Vá com Niall até o porão para separarem algumas porções de comidas que não precisem ser cozidas, e depois me encontre no convés.

      — Certo.

      Uma vez que haviam encerrado a conversa, Harry começou a dar as ordens a todos os marujos para que pudessem estar prontos para a tempestade. Amarrar os canhões com cordas extras, recolher as velas menores, as redes de dormir, os barris de bebidas e óleo, guardar tudo que fosse quebrável… Os homens de Harry estavam sendo rápidos conforme se aproximavam da ilha, porém um estrondo soou nos céus e, de repente, as nuvens desceram uma enorme quantidade de água.

      O Octavius Medan balançava com violência conforme as ondas atingiam o casco, dificultando até mesmo o andar dos marujos.

      — Capitão, estamos balançando demais! — Todrick berrou enquanto carregava os sacos de balas de canhão para o porão. — Os homens não conseguem achar um lugar para ancorar.

      — Merda. — O capitão amaldiçoou, descendo do tombadilho e deixando o timão com Zayn.

      Liam estava nervoso como o inferno, o desespero pela ideia de morrer daquela forma o fez agir por impulso. Se esgueirando por entre os homens, ele chegou até um dos botes que ficavam presos na lateral do navio e o preparou, sempre tomando cuidado para que ninguém prestasse atenção nele. Entretanto, enquanto descia o bote com a ajuda da corda segurada pela roldana, notou um par de olhos verdes o encarando de maneira fria e conformada.

Love at the Sea | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora