11. Confiança é uma consequência, não uma escolha - parte II

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Curiosidade: diferente do que a ficção conta, o pirata mais violento não foi Barba Negra (ou Edward Teach), mas sim Charles Vane, que torturava tripulações capturadas mesmo quando os marujos se rendiam sem lutar. Charles Vane foi interpretado por Zach McGowan na série Black Sails, disponível na Netflix.

      Como vamos fazer isso? — Niall cochichou, observando o guarda que se postava em frente à barraca do aquário da ninfa.

      Louis estava pensativo. O plano já tinha sido esboçado quando eles ainda estavam no acampamento, mas tudo parecia ter se tornado ainda mais real ao chegarem lá. O tritão não sentia-se arrependido, porém não poderia negar que o nervosismo estava fazendo seu coração bater um pouco mais rápido.

      — Eu vou parecer ferido, e usarei uma habilidade que ainda tenho para seduzi-lo até outro canto. Nenhum desses homens parece com aqueles que me capturaram, então não acho que consigam me reconhecer.

      — É, eles devem ter sido tirados da missão. — Gina ponderou. — Voltaram de mãos vazias e atacados por piratas. Esses aí devem ser de outra tropa.

      — Você vai ficar bem? — Niall indagou. — Seduzir aquele cara não é menos perigoso do que distraí-lo e depois fugir.

      — Vai dar tudo certo. — Louis sorriu, tentando acalmar o amigo. — É algo que será influenciado por um encantamento, então ele nem vai perceber que estará sendo enganado.

      Niall balançou a cabeça, ainda achando que aquilo tudo era uma loucura estúpida, mas apenas resmungou um “vamos logo com isso, seus idiotas” e suspirou. Portanto, Louis tirou de seu bolso o caco de vidro que tinha quebrado de uma das garrafas de rum e fez um corte em sua perna. Gina fez uma careta, pensando nas doenças que aquilo traria a um ser humano normal.

      De todo modo, Louis não perdeu tempo e mexeu em algumas folhas para que fizesse barulho antes de aparecer caído na frente do guarda espanhol, que rapidamente armou-se para atirar caso fosse preciso. Louis não falou nada, mas seus olhos mudaram de tom e ele apontou para o ferimento. Como um cãozinho, o homem olhou ao redor para certificar-se que ninguém estava por perto e afastou-se da porta da barraca para ajudar a estancar o sangramento de sua perna.

      Enquanto o tritão cuidava de manter o guarda distraído, Niall e Gina se espreitaram para dentro da tenda e começaram a cuidar de arrebentar o cadeado do aquário sem muito barulho. A ninfa aparentava estar confusa e assustada, mas não dizia nada enquanto os dois humanos usavam uma pequena aresta de metal na fechadura do cadeado. Niall estava nervoso, mas Gina tinha dedos habilidosos por ser médica, o que facilitava bastante o trabalho.

      — Isso não quer destrancar. — Ela sussurrou, parando por um momento para passar as palmas das mãos na testa suada. — Veja se Louis ainda está com o guarda.

      Niall deu passos cuidadosos até as cortinas da barraca, espiando o lado de fora. Louis estava abraçado com o homem espanhol, atrás de um arbusto próximo. Disfarçadamente, o tritão levou o dedo indicador aos lábios para pedir silêncio. O cozinheiro voltou para o lado de Gina.

      — O cara está quase comendo Louis, temos que ser rápidos.

      — Merda. — A mulher suspirou. — Acho que não tem como fazermos isso sem quebrar esse cadeado, mas chamaríamos atenção.

      Escondidos pela folhagem grande do arbusto, Louis e o guarda estavam praticamente deitados no chão enquanto o tritão deixava o outro beijar e mordiscar seu pescoço. Aquele truque era comum apenas para sereias que viviam próximas à superfície, já que era mais fácil conseguir coisas dos humanos se os seduzissem. Ainda que sua espécie não utilizasse aquele encantamento com frequência, as habilidades de Louis davam para o gasto.

Love at the Sea | L. S.Onde histórias criam vida. Descubra agora