A minha mãe morre e eu sou expulso de casa

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 Um senhor com a mão apoiada no ombro duma criança pequena de joelhos a chorar sob uma lápide . Uma imagem normal para a maioria das pessoas... Ok, não tão normal. O que acontece é que a criança pequena sou eu, Percy Jackson, e o adulto é o meu padrasto, Gabe Ugliano, de quem eu gosto de chamar carinhosamente de "Gabe Fedorento". A lápide aos nossos pés é da minha mãe, Sally Jackson. O que muitos não sabem é que aquela lápide está vazia, a minha mãe morreu ao cair de uma ponte, deixando-me à mercê do meu "adorado" padrasto. De cada vez que penso que nunca mais vou ouvir a voz da minha mãe, provar as suas bolachas azuis, vê-la a cantar enquanto cozinha, dá-me vontade de chorar. Sinto tanto a falta dela. Não consigo perceber o que o meu padrasto me quer dizer. Agora que ela se foi, acho que o Gabe me vai deixar num abrigo ou me jogar na rua ao chegar-mos a casa. Parece que estou a viver a vida de outra pessoa. Gostava de voltar atrás no tempo e poder impedi-la de sair naquele dia. Fazer com que ela vivesse mais uns anos só para me ver crescer. Nem teve tempo de me dizer quem era realmente o meu pai. Agora não há volta a dar. Ela está morta. No fundo do mar. A polícia chamou os mergulhadores da marinha mas não encontraram o corpo da mina mãe no fundo do mar. Nem um pedacinho. Adeus mãe. Queria dizer-te tantas coisas que nunca me vais ouvir dizer. Queria ter-te dado mais valor. Vou sentir saudades tuas todos os dias da minha vida. Encontramos-nos no outro lado. Adeus.

 Chegámos a casa enquanto o diabo esfrega um olho. Tal como previa assim que pus os pés dentro da antiga morada da mina mãe o meu padrasto começou a reclamar comigo e a culpar-me da morte da minha mãe. De seguida saiu da sala sem falar mais nada e fez um telefonema para alguém do seu quarto, infelizmente, eu não consegui ouvir nada, então fui para a cozinha arrumar e limpar pó que não existia. Em poucos minutos o meu padrasto juntou-se a mim, não para limpar, mas para falar comigo. Achei que ia continuar a culpar-me da morte da pessoa que mais amava no mundo. Mas não. Ele mandou-me fazer as malas, porque a senhora da segurança social estava a chegar. E que a senhora me ia levar a um lar de adoção. Nesse momento eu percebi. Para além de ter de lidar com a morte da minha mãe, ia ser expulso de casa e levado para um sítio desconhecido, por uma senhora desconhecida. Mas nesse preciso momento um plano começou a formar-se na minha cabeça. Então, como a criança dócil que sou, assenti e fui fazer a mala. Mal  mundo sabia que brevemente ia ter que lidar com o "Furacão Percy Jackson". Esperei umas horas até à assistente social chegar. Com uma voz falsamente doce, que só faltava pingar mel, ela explicou-me que ia para um lar de adoção onde iria ser "muito, muito feliz"! Mal ela sabia o que esperava. 

 Entrámos num carro preto e eu fui no banco de trás durante alguns minutos, com a mochila azul nas minhas pernas. Enquanto isso, a assistente social que ia a conduzir, ia tentando criar conversa, fracassando. Mas só fui naquele banco alguns minutos. Tal como eu esperava, ela tinha deixado a  porta do carro aberta, então eu abri-a e fugi pela rua, entrando num beco escuro. Não tive tempo de olhar para trás para saber se ela me seguia. Só continuei a correr pelas ruas e becos escuros da Virgínia até dar de caras com a cara de uma mulher. E digo a cara, porque o resto do corpo era de um leão. Tinha a vaga ideia de aquela "coisa"ser uma esfinge. A esfinge arreganhou os dentes para mim, mas essa foi a única coisa que ela conseguiu fazer antes de levar com uma adaga nas costas e se desfazer em pó. Atrás do pó estavam dois adolescentes. Uma rapariga baixa, com um ar punk e um rapaz alto, de olhos azuis e loiro. Enquanto o rapaz apanhava a adaga a rapariga ajudou-me a levantar e disse:

 -Eu sou a Thalia e este aqui é o Luke. Quem és tu miúdo??

Exchanged- O Ladrão de RaiosOnde histórias criam vida. Descubra agora