02

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Viro-me e vejo Luther no canto da sala, provavelmente nos observando há um tempo. Mas ele está diferente... está enorme.

— Oh, Luther — meu murmuro sai algo entre surpresa e lamento, sem querer.

— Você está... está... bom, você realmente trabalhou duro esses anos — Klaus, que saiu da cadeira, faz movimentos de malhação para o loiro.

— Klaus...

— Não precisa de sermão, eu já estava indo mesmo — ele corta Luther — vocês podem... conversar — ele olha sugestivamento de Luther para Alisson.

— Acho que é minha deixa também — me retiro, mas percebo que quando Klaus me segue, é parado por Luther.

— Solte — o loiro diz com sua voz de líder, só que mais suave até.

— Perdão? — Klaus questiona, mas eu suspiro.

— Só dê logo, Klaus — reclamo.

— Agora — insiste Luther.

Mais uns segundos se passam e Klaus finalmente faz birra, se soltando de Luther e jogando os objetos roubados no chão.

— Foi só um adiantamento da nossa herança, só isso  — diz, irritado — não precisava fazer um escândalo.

Então ele passa por mim todo irritadinho. Fecho a porta, dando mais privacidade ao casal-não-casal e vou atrás do meu irmão problemático. Um deles, pelo menos.

Bem a tempo de ver ele tirando uma caixa de ouro de suas costas, mas sinceramente não consigo imaginar como ele escondeu ali.

— Você poderia conseguir algum papel com Alisson — comento.

— Eu sou uma estrela — faz uma reverência.

Enquanto ele vai examinar seu achado, vou até meu quarto, mas acabo parando ao ver Diego no dele. Me encosto no batente da porta, observando-o mexer em seus objetos antigos.

— Nostalgia? — pergunto.

— É como um soco no estômago — comenta — ou um beijo de boa noite da mamãe.

— Eu sei — suspiro, entrando e pegando uma foto nossa pendurada na parede. Há várias, houve um tempo em que seu hobbie era fotografia. Ele e Ben realmente gostavam disso. Pena que Ben se foi, causando assim o afastamento de Diego e da câmera.

— Você não mudou nada — ele diz, sorrindo um pouco — parece a mesma boneca de sempre.

— Frágil?

— Adorável — eu poderia socar a próxima pessoa que dissesse essa palavra.

Forço um sorriso, indo até ele e o abraçando.

— Senti sua falta — falo quando nos separamos.

— Eu te procurei algumas vezes, para ter certeza que estava bem — conta — mas nunca falei com você.

— Por quê?

— Poderia ter sido um desastre — ele comenta. Eu concordo. De qualquer jeito, poderia ter acabado mal.

— Mas é bom te ver novamente — seguro seu rosto repleto de cicatrizes — mesmo que seja nessa situação.

— Não imagino situação melhor — ele sorri falsamente.

— Bom, pelo menos não foi mamãe — comento. Ele parece se incomodar, provavelmente porque sempre foi um bebê da mamãe. Infelizmente não posso zombar disso, já que também sou.

— E nem nunca será — diz — nós morreremos e ela continuará viva.

— Cuidará da próxima geração de números.

nightmare | the umbrella academyOnde histórias criam vida. Descubra agora