Eu não me entendo

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Park Jimin já não suportava aquela conversa paralela ao seu redor. Além disso, o calor era tanto que ele sentia o corpo mole e um sono descomunal - mal esperava por ares de inverno. Ou de outono. Ou qualquer coisa que não significasse suor excessivo e sol escaldante.

-Ah! Jimin, com certeza, adoraria conhecê-la! - sua mãe, Park Choa, exclamou com empolgação.

Jimin teve que sair de seus pensamentos ao ouvir seu nome. As duas mulheres, em seus vestidos longos e estufados (por Deus! Como aguentavam essas roupas em dias quentes como esse?) o encararam esperançosas. Jimin sabia que, provavelmente, estavam falando novamente sobre um casamento arranjado. Um jovem de 20 anos, elas diziam, já devia estar casado e provido de várias crianças.

-Perdão, não estava prestando atenção.

-Sempre desatento - Choa resmungou, colocando a xícara de chá, delicadamente, na mesinha de vidro. -Yangmi estava comentando sobre a filha do Duque de Gwangju. Uma jovem adorável que está em busca de um marido! Você está com sorte, uma oportunidade dessas é rara, meu filho.

Jimin contraiu os músculos. De repente, sentiu-se ainda mais desconfortável. Não aguentava mais essa mesma conversa. Ele se levantou, fez uma mesura breve, deu uma desculpa qualquer e saiu do jardim. Enquanto entrava em sua casa, pôde ouvir os protestos de sua mãe. Mas Park Jimin não queria ouvir mais discussões sobre seu futuro, e mais uma vez, não deixou de se sentir culpado. Realmente, a maior parte de seus amigos já tinha filhos, ou no mínimo planejavam seus casamentos. Jimin não entendia por que não conseguia se conectar com ninguém. Havia tantas mulheres belíssimas que adorariam a chance de se casar com ele, mas o mesmo não nutria o menor interesse. Em todos os bailes ou encontros arranjados, Jimin fazia questão de demonstrar certo descontentamento com a situação. Elas nunca voltavam a tentar contato consigo. E ele sentia uma amálgama de alívio e outro sentimento que não podia nomear. Raiva? Decepção? Por que ele se sentia assim? Por que não podia ser como qualquer outro homem? Jimin não podia contar em quantas espirais de confusão e ressentimento já entrara pelo mesmo motivo. Seus pais, então, já não sabiam o que fazer com o filho mais velho. Oras, seu irmão mais novo, Taehyung, já tinha até mesmo um filho à caminho!

Jimin subiu para seu quarto, removeu o terno insuportável que sua mãe o obrigava a usar sempre que recebiam visita de Min Yangmi, e deixou o corpo cair em sua cama macia. Ele fechou os olhos e desejou ao universo, à qualquer divindade que existisse, que encontrasse logo alguém para amar.

...

Jimin acordou com os raios do sol se infiltrando por sua janela. Esquecera de fechar as malditas cortinas. Espreguiçou-se e foi se arrumar. Colocou as roupas mais confortáveis de seu guarda-roupa e desceu para o desjejum. Suspirou de cansaço, sabendo que teria de lidar com o mau humor de sua mãe pela sua retirada brusca do precioso chá da tarde.

-Bom dia, mamãe. Bom dia, papai - ele murmurou, sentando-se à longa mesa e agarrando um belo pedaço de bolo .

-Bom dia, meu anjo! - Park Choa respondeu, com entusiasmo. Entusiasmo? Jimin franziu o cenho e a encarou. Por Deus, o que ela fizera? 

-Pai, o que a mamãe fez?

-Fez o que já não era sem tempo! - o mais velho reverberou com certo contentamento. Park Jihoon era um homem sério que quase não demonstrava emoções. Vê-lo sorrindo por mais de dois segundos contínuos certamente apavorou Jimin - Sua mãe e eu estamos fazendo negócios com a família Jeon! Eles concordaram em nos conhecer melhor, afinal, talvez você se case com a filha deles em breve.

 Jimin travou. Não, isso não. Ele pensou em discordar, com desespero, mas seu pai o calou com um gesto impaciente.

-Você já não tem direito de decidir. Chega de agir como um moleque imaturo, precisa começar a pensar no seu futuro como homem.

O filho se calou. Por dentro, estava uma bagunça. Ele quis chorar, se debater, discutir e gritar. Mas a postura de seus pais deixou claro que o tempo de barganhar passara. Estava decidido.

......

Capítulo curtinho :))

O errado é o certoOnde histórias criam vida. Descubra agora