Os lábios dele são perfeitos

945 185 35
                                    

Todos se encontravam à longa mesa de jantar, desfrutando dos quase infinitos aperitivos que os criados prepararam com cuidado. Jimin tentou demonstrar que já tinha comido comida tão boa, mas falhou com graça. Enquanto Mingyu e Jungkook conversavam sobre os negócios de família, Jimin apreciava, em silêncio, os pães assados com carne. À sua frente, Nayeon bebericava seu chá gelado com limão (Jimin perguntara por que ela comia tão pouco, e se indignara ao descobrir que Nayeon era instruída a comer menos na frente de cavalheiros, especialmente à sua frente).

- E você, Jimin? - Mingyu pergunta. Jimin percebe os olhos de todos em sua face e se sente envergonhado. Jungkook percebe suas bochechas vermelhas e ri baixinho.

- Perdão, o que disse?

- Perguntei sobre os seus planos. Vai seguir os negócios de Park Jooheon?

- Ah, provavelmente. É o que meus pais querem.

Sinceramente, Jimin nunca pensara muito no assunto "profissão". Ele nunca sentia que tinha qualquer escolha e, apaticamente, concordava com seu pai por conveniência. (Sim pai, sua empresa oferece bons negócios. Sim, pai, eu trabalho com o senhor). Nunca houve espaço para criatividade ou vontade própria. Deus, Jimin nem sabia o que faria caso pudesse escolher.

- Seu pai deve estar orgulhoso - Mingyu falou, mastigando de boca aberta - Eu estou tentando convencer Jungkook a seguir caminho na política, mas ele é teimoso como uma mula! - O Jeon fazia gestos exasperados com os braços, quase derrubando os talheres da mesa - Ele quer trabalhar em fazenda, acredita nisso? Fazer trabalho de camponês...

Jungkook, por sua vez, pareceu ficar irritado. E isso surpreendeu Jimin, pois até agora só havia visto ele com um sorriso tranquilo no rosto.

- Não vamos ter essa conversa de novo. Pouco me importa ser sua decepção - Ele resmungou, o olhar forçadamente preso nas ervilhas de seu prato. Nayeon se tensionou na cadeira, constrangida com o silêncio que se seguiu.

-Bem - Jimin pigarreou - Já estou satisfeito. Foi um jantar ótimo, mas gostaria de descansar em meu quarto.

- Permita-me mostrar o caminho - Jungkook se levantou, ansioso por uma desculpa para sair de perto do pai. Os dois se retiraram enquanto Nayeon repreendia Mingyu em um tom baixo.

Enquanto subiam as curtas escadas, Jimin observou de lado o rosto de Jungkook. Ele parecia tenso. Esse deve ser um assunto delicado, pensou o Park. E ele descobriu que não gostava de ver o Jeon mais novo com esse semblante.

- Hm, Jungkook?

O outro o olhou, com uma expressão neutra.

- Tá tudo bem?

- Sim, não se preocupe - Jungkook enfim sorriu de verdade, e Jimin jamais admitiria o quanto aquele sorriso o aliviara - Desculpe pelo climão, esse assunto já gerou mais brigas do que deveria.

- Tudo bem, eu entendo completamente.

- Bem, esse é o quarto - Eles pararam no corredor, em frente a uma porta de madeira. Jungkook sorriu para ele de uma forma indecifrável - Quer beber comigo mais tarde?

Jimin se surpreendeu. Ele nunca bebia, mas algo naquele convite pareceu irresistível. Seu coração acelerou quando ele confirmou com a cabeça.

-Certo, eu passo aqui mais tarde, então.

Antes de se afastar e tomar seu próprio caminho, Jungkook piscou para ele. E Jimin teve que ignorar a quentura que tomou seu corpo.

....

Ele arrumou os lençóis, colocou a mala perto da cabeceira e colocou a roupa mais confortável entre seus trajes de sair. Jimin se deitou, ansioso, torcendo para o tempo passar logo. O tique do relógio velho de parede indicava que Jeon Jungkook já devia estar ali. Mal teve tempo de pensar na hipótese de que ele tinha furado consigo quando ouviu batidas leves na porta.

O errado é o certoOnde histórias criam vida. Descubra agora