O errado é o certo

Ele tem um sorriso bonito

Jimin olhava o próprio reflexo no espelho. O terno preto, novo em folha, junto com seus sapatos recém polidos, deixavam sua aparência mais refinada. Mas ele não prestava atenção nisso. Só conseguia ver seu próprio olhar infeliz. A família Park estava indo para Gwangju, conhecer os Jeon e, se tudo desse certo (para quem?), selar seu destino com sua futura esposa.

-Jiminzinho! Já se arrumou, meu filho? - sua mãe apareceu à porta, radiante. Nunca a vira tão feliz desde que esteve no casamento de Taehyung - Os carros já estão lá na frente.

-Estou indo.

-Mude essa expressão. Parece que está indo a um velório! - Choa fez uma careta, mas logo voltou a sorrir e saiu do quarto graciosamente, quase saltitando.

-Estou indo ao velório do meu livre-arbítrio - Jimin resmungou e ajeitou seus cabelos castanhos. Será que fingir um ataque cardíaco ainda dava tempo? Só precisava se lembrar de qual braço formigava durante um...

Quando seus pais o chamaram pela última vez, ele teve que parar de titubear e correr para fora dos enormes portões metálicos de sua humilde mansão. Como esperava, os Park já se encontravam no pequeno automóvel de rodas grandes. Jimin teria que ir num outro, já que não cabiam os três mais o motorista. A família logo se acomodou e deu início à viagem.

Com o sacolejar do carro, o som do atrito entre as pedrinhas das estradas e as rodas do carro, e a visão calma das árvores passando, Jimin pegou no sono, imaginando um mundo paralelo onde ele poderia decidir a própria vida e não se sentir um fantoche na mão da própria família.

...

-Jimin!

Ele acordou num susto, olhando para os lados. Sua mãe o puxou para fora do carro enquanto seu pai estava prostado em frente a uma mansão de estilo vitoriano.

-Já chegamos, os Jeon estão vindo nos receber. A casa deles não é linda? Tomara que nos convidem mais vezes.

Jimin concordou, bocejando. À sua frente, os portões foram abertos por um mordomo carrancudo. Ele fez uma referência e disse que os amos estavam vindo. De fato, logo um casal de roupas leves e feições dignas de revistas de beleza apareceu para os cumprimentar.

-Vocês devem ser os Park - O homem sorriu e estendeu a mão a cada um deles. Ele vestia um casaco longo sobre tecidos de linho, e parecia realmente jovem e vibrante. - Sou Jeon Mingyu e esta é minha esposa, Jeon Sumi.

Jeon Sumi era uma belíssima mulher, usava um vestido amarelo de verão que combinava perfeitamente com suas luvas brancas e seu chapéu florido. Ela parecia uma moça recatada e calma.

-Sejam bem-vindos - Sumi fez um gesto para que os Park a seguissem - Chegaram bem na hora dos biscoitos.

Ah, agora falavam na língua de Jimin. Biscoitos quentinhos quase compensavam a viagem. Quase. Ele sentiu Choa puxar seu braço em direção à entrada e teve vontade de dizer "Sei caminhar sozinho", mas conseguiu se segurar. Assim que as duas famílias adentraram a mansão, os Park puderam se deleitar com a decoração finíssima e as escadas de mármore que pareciam girar em torno do candelabro brilhante. A visão quase causava vertigem, mas não deixava de ser bela. Não que Park Jihoon e Park Choa não fossem ricos, mas suas riquezas não se comparavam com as de um Duque real. Eles tinham muita sorte de serem influentes o suficientes para conseguir um contato que possuía contato com um primo distante da família Jeon.

-Jungkook, onde está sua irmã? - Jeon Sumi quebrou o silêncio da família Park, que estava ocupada demais observando os adornos de bronze que decoravam as paredes.

-No quarto, mãe. Provavelmente se arrumando ainda.

Jimin se virou em direção àquela voz macia. Por Deus, ele pensou, não existe um membro feio nessa família? Jeon Jungkook parecia jovem, mas também maduro. Seus cabelos negros combinavam com seus olhos redondos de mesma cor. Seus lábios exibiam um sorriso tranquilo, e ele descia as escadas em direção aos hóspedes, com toda graça que um homem de classe podia ter.

-Olá, sejam bem-vindos - E quando Jimin pensou que ele não poderia ser mais encantador, Jungkook abriu um enorme sorriso e cumprimentou cada um. Por sorte ele não notou os olhares de Park Choa, que não desviavam de si por nada. Quando o olhar do mais novo dos Jeon caiu em Jimin, este prendeu a respiração - Você deve ser o Jimin. Vou ficar de olho em você.

O sorriso e a piscada que Jungkook deu em sua direção demonstraram que ele estava brincando com a situação talvez-você-case-com-minha-irmã. Jimin riu, sem jeito, e desviou o olhar. Com certeza já não havia mais tempo de fingir um ataque cardíaco.

-Venham, a cozinha é por ali.

.......

eu não sei finalizar capítulos k