O errado é o certo

Ele é encantador

- Me explica de novo por que você está me enxotando da minha própria casa - Park Jimin cruzou os braços, indignado. Sua mãe, no entanto, ignorou seu drama e continuou a arrumar seu cabelo, sentada calmamente em frente ao espelho.

- Sumi vai passar o fim de semana aqui enquanto você vai à casa de lago de Mingyu, em Busan - Choa sorriu, radiante. Ela não podia acreditar que a família Jeon ainda queria manter contato - Seu pai não vai poder ir, ele está em uma conferência em Seul.

Jimin suspirou. Ele achava que era muito cedo para planos de fim de semana com outra família. Bem, ele esperava que fosse o resto dos Jeon e não somente ele e Nayeon. Jimin estremeceu ao pensar em ficar dois dias em uma casa distante, a sós, com uma mulher.

- E por que a Sumi vai ficar aqui?

Choa deu de ombros.

- Talvez ela esteja de saco cheio do marido. Compreensível! Um bêbado, igual Jihoon.

Jimin ia retrucar quando ouviram o barulho de carros se aproximando. Sua mãe se levantou em um pulo e deu uma última ajeitada em seu vestido pomposo, pronta para receber Jeon Sumi. Jimin suspirou, desejando forças a si mesmo, e deu uma última olhada no espelho. Choa havia escolhido suas roupas (como se o filho ainda tivesse seus 12 anos), afirmando que homens não tinham o menor senso de moda e que ele deveria estar elegante o suficiente para impressionar a prometida ("Você viu as roupas de Nayeon? São da última linha de moda parisiense! Você tem que estar num nível acima de sua esposa, sempre"). Bem, Jimin teve que admitir que sua aparência lhe agradava; usava um casaco de tweed bege combinando com uma pequena boina de mesma cor, seus sapatos tinham detalhes de prata que chacoalhavam quando ele andava. Balançou a cabeça, contente com suas roupas, pegou sua mala e se apressou para fora.

Jimin avistou Jungkook e Mingyu dentro do carro, ambos parecendo entediados com a conversa que Choa e Sumi protagonizavam enquanto esperavam-no. Ele percebeu, então, a presença de Nayeon no segundo carro, olhando distraída para o outro lado, e entendeu que passaria a viagem toda ao lado dela. Jimin disfarçou o nervosismo e caminhou até ela.

- Olá, Nayeon.

Ela teve um sobressalto e o olhou, envergonhada. Suas roupas delicadas e sua timidez deixavam-na com uma aparência quase inocente. Por um instante, Jimin se perguntou qual seria sua idade, e percebeu que se tivesse conversado com ela no encontro anterior, provavelmente saberia.

- Jimin! Me assustou. Sente-se, papai deve estar com pressa - Ela sorriu e ajeitou os cabelos soltos.

Jimin sorriu e se sentou. Um silêncio breve pairou, e nenhum dois dois sabiam como quebrá-lo. Felizmente, Choa e Sumi perceberam a impaciência de Mingyu e se despediram, entrando na casa. Mingyu, então, deu um sinal para os motoristas começarem a viagem. Conforme os carros, um atrás do outro, seguiam a estrada, Jimin pensava em fingir estar dormindo, ou tentar dormir de verdade. Mas então ele sentiu culpa e pensou que deveria ao menos tentar uma conversa com Nayeon.

- Hum - Jimin pigarreou, coçando a nuca. Nayeon o encarou - Então, você gosta de... ler?

- Não muito. Não tenho muito tempo, na verdade. Mamãe está sempre me arrastando para aulas de etiqueta e costura. Uma tarde inteira com uma senhora explicando sobre como fazer moldes de calcinhas - Nayeon riu, e Jimin acompanhou.

- Eu entendo, meu pai já me fez passar horas ouvindo ele falar sobre técnicas de pescaria. Deus, por que pais fazem isso?

Os dois riram, e Jimin percebeu que Nayeon era, na verdade, uma pessoa agradável. Não que ele esperasse que não fosse, mas nunca de fato havia pensado em desenvolver uma relação de verdade com ela. Uma relação de amizade, uma parte de Jimin sussurrou. Então ele se sentiu estranho de novo. Ele era um homem, ela era uma mulher, eles se casariam em breve. Por que não conseguia se imaginar se relacionando com Nayeon de uma forma romântica? Por sorte, antes de Jimin ter outra crise existencial, Nayeon o distraiu iniciando outra conversa.
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