Capítulo 6

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— Como assim casar? Você não disse que não iria se casar com ela? — Mariana questionou confusa. — E o pior, vai ter aquela bruxa como sogra.

— Depois eu te explico tudo, Gonzalez. — Ela disse enquanto descia de seu cavalo, já em frente à casa dos Andrade's novamente. Comprou o anel mais brilhante do lugar, porém não deixava de ser delicado. Ela tinha horror à essas pedras de duzentos quilos que as mulheres usavam por aí. Achava desconfortável e não prestaria Bianca a esse papel. Sua garota deveria se sentir o mais confortável possível.

Se sentia imensamente feliz e ao mesmo tempo triste. Sabia que não se casariam por mútuo interesse, mas ter Bianca ao seu lado seria bom, mesmo que a garota não lhe correspondesse. Além do mais a estaria livrando das garras de algum bêbado que não conseguia manter as bolas dentro das próprias calças.

Caminhou até a entrada da casa e bateu na porta, que foi aberta segundos depois.

— Pensei que não voltaria. — Mônica disse aliviada.

— Bianca está? — A mulher assentiu e a guiou até onde sua filha se encontrava.

— Não posso lhes deixar a sós antes de nos fazer o pedido, Rafaella. O que diriam de minha filha? — Rafaella olhou para Bianca e para o senhor Andrade, que entrava no cômodo naquele momento.

— Bem, senhor e senhora Andrade, eu gostaria de fazer algo menos simples devido ao fato de que é sobre Bianca de quem estamos falando. Ela merece nada menos que o melhor, porém as circunstâncias... — Disse olhando para Mônica. — Me impedem. Então bem, eu gostaria de pedir a mão da filha de vocês em casamento. Prometo cuidá-la, honrá-la e fazer até o impossível para vê-la feliz.

— Permitimos. Já comprou o anel? Posso ver? — Mônica perguntou, não escondendo tamanho interesse. Bianca negou, completamente envergonhada dos atos de sua mãe.

— Se não for faltar-lhes ao respeito, eu prefiro mostrar a Bianca primeiro. — Disse e ambos assentiram, saindo da sala.

— Ainda não entendi como elas vão se casar. — Senhor Andrade sussurrou. — Rafaella me disse que não se casariam.

— Elas já se conheciam e se gostam, por isso, ao ver Bianca, Rafaella mudou de ideia. — Mentiu.

— Era com ela que Bianca saía escondida? — O homem perguntou furioso.

— Sim, mas não se preocupe, elas vão se casar e Rafaella não passou da parte de mãos dadas. Não avançaram o sinal. — Senhor Andrade suspirou aliviado, achando que sua filha se casaria por amor e não por qualquer outro motivo, enquanto Mônica sorriu satisfeita. As coisas não poderiam estar se saindo melhores.

— Hey. - Rafaella disse assim que ambos saíram do lugar, as deixando a sós.

— Oi. — Bianca disse tímida,

— Eu, hm, eu queria fazer isso com calma, mas sua mãe meio que me apressou. — Disse coçando a nuca.

— Entendo perfeitamente, acredite. — Disse. Rafaella retirou a caixinha de veludo de seu bolso e se ajoelhou na frente de Bianca, segurando sua mão e a olhando fixamente nos olhos.

— Eu realmente queria que isso fosse em outras circunstâncias; queria que você fosse feliz com isso; que ao ouvir meu nome seu coração disparar, mas sei que não são assim as coisas. — Disse, suas mãos tremiam levemente e Bianca não pôde deixar de reparar. — Mesmo assim eu prometo, Bianca, que enquanto estiver ao meu lado eu darei a vida se for preciso para te fazer bem, prometo não ser desrespeitosa e muito menos abusiva, prometo cuidar de você mesmo quando minhas feridas estiverem abertas. — Bianca não a amava, mas sentiu verdade em tudo o que ouvia. — Então aceite este anel, em sinal de meu compromisso para com você. Case-se comigo, Bianca. — Bianca nada disse, apenas continuava lhe olhando. — Eu realmente não vou colocá-lo em seu dedo até ouvir seu sim, porque como disse, nada aqui será contra suas escolhas. — Bianca suspirou e assentiu.

— Sim, Rafaella. Eu me caso com você. — Falou, tentando passar certeza em sua frase. Rafaella assentiu ainda sem acreditar que se casaria e colocou o pequeno anel no dedo da garota. Assim que o fez se levantou. Bianca encarou o anel, não conseguiu evitar as lembranças de quantas vezes havia sonhado com Diogo a pedindo em casamento, com ele preenchendo a lacuna de uma aliança em seu dedo. — É lindo. — Ela disse encarando a delicada joia.

— E mesmo assim sua beleza ofusca o brilho dele. — Bianca a encarou envergonhada e Rafaella suspirou. — Desculpe.

— Pelo quê?

— Não é como se você me amasse ou estivesse acostumada a receber elogios de uma mulher. — Disse chateada.

— Não se preocupe. — Rafaella assentiu e tentou segurar as mãos de Bianca, mas a mesma recuou por instinto.

— Eu realmente quero te conhecer. Não precisa ter medo de mim. — Informou. — Não vou sair te desrespeitando ou te beijando sem sua autorização. Quero que nos conheçamos, que se sinta segura ao meu lado.

Em toda sua vida Rafaella jamais havia se envolvido com uma mulher, não além do beijo, não precisava para saber que era lésbica. O fato de jamais se sentir atraída por homens era suficiente para ela ter tal certeza. Apesar disso, acreditava que qualquer mulher merecia extremo cuidado e atenção. Eram joias preciosas.

Estava disposta a se casar com Bianca mesmo que a moça não lhe amasse, não é como se fosse conseguir arrumar outra esposa mesmo e ainda que conseguisse, não queria outra. Dedicaria todo seu tempo para tentar fazer a mulher diante de si feliz. Jamais se perdoaria caso negasse o casamento e Bianca fosse jogada nos braços de algum ser sem escrúpulos e violento.

— Desculpe, apenas ainda não aprendi a lidar com essa situação. Não sei como devo me comportar com uma mulher. — Confessou tímida e Rafaella riu, negando com a cabeça.

— Me trate como se sinta confortável, tudo bem? — Bianca assentiu e Rafaella se inclinou. — Posso? — Bianca engoliu em seco e assentiu tristemente. Rafaella se inclinou mais e deixou um casto beijo em sua testa. — Tenha um bom dia, senhorita Andrade.

Bianca a olhou surpresa, estava aliviada por Rafaella não ter lhe beijado na boca, mas sabia que, mais dia, menos dia, isso aconteceria. Agradeceu mentalmente por Rafaella aparentar ser melhor que os idiotas que se tornavam noivos das garotas e já a tratavam como posse.

Noiva. Sentiu o peso da palavra lhe atingir em cheio. Ela estava noiva e não era de Diogo.

Over The Rainbow - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora