Capítulo 11

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Já fazia alguns bons minutos que Bianca contemplava a imagem de Rafaella se equilibrando em cima de uma corda no jardim do lugar. Vestia trajes leves e frescos já que o dia estava quente e até mesmo para facilitar o que fazia no atual momento. Bianca se encontrava hesitante ao fato de querer se aproximar, gostava da companhia de Rafaella, mas somente como amiga e o medo de que, caso se aproximasse, fizesse cair por Terra qualquer clima de tranquilidade, apenas por lembrarem que não eram apenas amigas, senão noivas. Tomou certa coragem por pressões de sua mãe quanto a ela dever conhecer melhor sua noiva e, ao se ver entediada em sua própria vida e curiosa sobre o que Rafaella fazia, resolveu caminhar até a mais velha.

— Como consegue? — A voz risonha de Bianca fez Rafaella se desequilibrar e cair em pé no chão. — Te assustei. Desculpe, não era a minha intenção. — Rafaella apenas sorriu e negou freneticamente com a cabeça.

— Não! Está tudo bem. — Respondeu rindo. — E sobre sua primeira pergunta. Como consigo o quê? — Perguntou franzindo a testa.

— Se equilibrar ali sem cair. — Respondeu rindo.

— Bem, foi bastante tempo de prática até eu conseguir tal proeza. — Um belo sorriso enfeitava seus lábios.

— Bem, eu mal consigo me manter em meus próprios pés, imagina em uma corda. — Disse risonha.

— Pois bem. Veremos. — Rafaella disse estendendo a mão para Bianca, quem arregalou os olhos em tamanho espanto.

— Oh não, Deus. Eu não quis. Eu acho que eu não...

— Vamos lá, o pior que poderá acontecer é você cair, mas não deixarei que se machuque. — Bianca suspirou assentindo, se sentando no chão e retirando seus calçados dos pés. Logo se levantou e segurou a mão de Rafaella.

— Tudo bem, o que faço agora? — Ela perguntou.

— Apenas suba. Mantenha-se concentrada e ereta. Foque no momento, não deixe preocupações pesar sobre você.

— Por isso faz isso? — Bianca perguntou curiosa. — Para esquecer os problemas um pouco? — Rafaella riu antes de responder.

— Também, mas faço isso para aprender a ter equilíbrio sobre mim mesma. É bom manter o equilíbrio em tempos de guerra. Perder a cabeça pode ser perigoso. — Esclareceu. — Agora me dê sua outra mão.

— Acho que não vai ser uma boa ideia.

— Obviamente você não vai conseguir se equilibrar de primeira, mas o importante é tentar. — Bianca mordeu seu lábio inferior antes de finalmente estender sua outra mão para Rafaella.

— Agora faça o que eu disse. — Bianca assentiu, colocando um pé sobre a corda e se impulsionando com o outro. Seu corpo bambeia de um lado para outro, mas o apoio de Rafaella não a deixava cair. Finalmente se ajustou na posição reta e soltou uma mão de Rafaella, colocando lentamente um pé na frente no outro e dando seu primeiro passo ali.

— A sensação é boa. — Bianca disse ainda concentrada.

— Agora vou te soltar e, bem, provavelmente você vai cair. — Rafaella deixou um pequeno riso escapar de sua garganta. — Mas o importante é tentar se manter aí o máximo possível — Bianca assentiu e Rafaella começou a soltar de seu toque lentamente. O corpo de Bianca começou a se bambear e ela abriu os braços no intuito de evitar a queda, mas foi inevitável. Ao ver isso, Rafaella correu e se pôs em baixo de Bianca, segurando seu pequeno corpo, que caiu desajeitadamente sobre o seu. Ela se desequilibrou, mas conseguiu evitar quem ambas fossem para o chão.

Uma gargalhada deixou Rafaella ciente de que Bianca não havia se assustado com a queda. Por alguns segundos se viu presa ao harmonioso som que escapava da menor e sem perceber sorria junto. Bianca, por outro lado, não se via leve há vários dias e, pela primeira vez desde que ficou noiva, se viu à vontade perto de Rafaella.

— Acho que não levo jeito para isso. — Ela disse. Rafaella umedeceu seus lábios e a libertou de seu contato, no intuito de não deixar a garota constrangida. Amava vê-la assim tão despreocupada.

— Você se saiu melhor do que eu. Na minha primeira vez caí e torci o pulso. — Confessou rindo.

— Porque provavelmente você não tinha uma noiva para te salvar da queda. — Bianca disse naturalmente e Rafaella a olhou temerosa, mas, ao perceber que Bianca não havia congelado ao pronunciar tal palavra, suspirou aliviada.

— Certamente eu não tinha. — Disse rindo. — Pois bem. — Disse subindo na corda e caminhando calmamente sobre ela. — Agora não preciso mais. Acho que fiquei boa o suficiente, hm? — Disse balançando as sobrancelhas de forma convencida e Bianca franziu os olhos, ainda rindo.

— Está se exibindo para mim? — Perguntou e Rafaella empalideceu achando que havia feito algo errado, mas Bianca deixou um risinho sair e Rafaella voltou a respirar normalmente. — Só porque sou um desastre? Pois bem, Kalimann... — E assim Bianca empurrou Rafaella da corda, fazendo a mesma cair de pé, de costas, e por isso se desequilibrou e caiu de bunda no chão.

Bianca gargalhou e Rafaella franziu os olhos.

— Oh, agora você me paga, senhorita Andrade.

— Não, Rafa! Por favor.. — Pediu rindo, enquanto começava a correr ao ver Rafaella se levantar e começar a ir em sua direção. — Por favor. — Correu até seus pulmões avisarem que ela não aguentava mais. Sentiu braços a rodearam e respirou fundo buscando ar. O fato de que ria demais a impossibilitava de respirar direito.

— Agora você me paga. — Bianca arregalou os olhos ao sentir seu corpo ser levantado. Rafaella a segurava com uma mão atrás de seus joelhos e a outra em suas costas. Ao sentir sendo girada, fechou os olhos rapidamente. — Eu odeio girar. Me faz passar mal. — Disse suplicante.

— Eu sei. Você me disse no dia em que nos conhecemos. — Confessou rindo. — Eu disse que você ia me pagar.

— Por favor, Rafa. Para! — Pediu escondendo seu rosto no pescoço de Rafa e assim que disse isso sentiu os movimentos cessarem.

— Seu pedido é uma ordem, senhorita. — Disse sorrindo. Sentia-se um pouco tonta também, mas não ligou. Bianca respirou fundo, inalando a fragrância levemente doce do pescoço de Rafaella e, ao sentir seu corpo inteiro se arrepiar, a mais velha decidiu colocar sua noiva no chão. — Castigo aplicado. — Disse sorrindo.

— Idiota. — Bianca disse fazendo um bico.

— Desculpe por isso. Bem, acho melhor entrarmos, já, já escurece. — Bianca apenas assentiu, não dizendo mais nada durante o trajeto.

Aquela foi a primeira noite onde não se lembrou de Diogo.

Over The Rainbow - RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora