BLOOD AND SOUL

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Estou na balada. Dançando. Esperando. A música é boa. Eletrizante. Eu até curtiria ela se estivesse aqui por diversão. Mas não estou. Quer dizer, mais ou menos. Comer é uma mistura de obrigação com diversão. Estou dançando para atrair alguma presa. Meus ferômonios se espalham mais fácil e em maior quantidade quando me agito e estou feliz.

Várias pessoas, homens e mulheres vem até mim. Mas nenhum deles me agrada, estão drogados, a maioria. E outros simplesmente se entopem de besteiras. O sangue denuncia muitas coisas sobre um individuo. E posso afirmar que, com mais de um milênio de expêriencia, o gosto do sangue de pessoas assim não é dos melhores, tanto o cheiro quanto o gosto. Eca, o gosto. Só de pensar eu me arrepio em repulsa. Meu corpo continua se movimentando, estou perdendo as esperanças. Talvez seja melhor fazer um lanchinho no caminho de volta pra casa. Opa! Alguém me toca o ombro e me viro. Um cara lindo. Formal demais mas ainda sim lindo. Cabelos ondulados com uma especie de franja jogada para um lado, olhos verdes reluzentes. Anormalmente reluzentes. Pele branca e sorriso, como se diz... encantador... não, século 18 já passou... sexy! Isso, sexy. E de terno. Em uma balada isso é meio estranho e, apesar da beleza estonteante, estou prestes a dispensar esse cara até que sinto algo vindo dele. O cheiro do seu sangue!

É um dos melhores, senão o melhor cheiro de sangue que eu senti na vida. Pulso. Não é sempre que eu pulso para cheiro sanguineo. A ultima vez foi a cem anos atrás. Boas oportunidades não surgem muito, principalmente na minha vida, então me aproximo do homem. Ele é cheiroso. Não só o cheiro do sangue mas o seu perfume. É doce, mas não um doce enjoativo, um doce convidativo. Mais um motivo para ele ser minha comida! Sempre que bebo o sangue de alguém, a vontade de espirrar logo em seguida é forte devido os perfumes, ou muito fortes, ou muito doces. Ele mantém-se sorrindo e percebo que ele tem covinhas. Muito bonitas. Ele abre a boca e o hálito de menta me entorpece. Meu De... Quer dizer, Minha Nossa, ele é um manjar dos deuses para alguém como eu.

— Então — quebro a tensão evidente entre nós. — O que o senhor deseja? — pergunto sonsamente.

— O que eu desejo? Bem — ele faz uma pausa — Desejo muitas coisas, mas agora, quero fazer coisas indecentes com você.

Bem direto.

— Então... o que está esperando? — fico na ponta dos meus pés. Ele é alto. Ou eu que sou muito baixo. Provavelmente ele que é anormalmente alto. Passo meus lábios sobre os dele. — Faça!

Ele toma a minha boca com a sua. A sua língua envolve a minha. É uma batalha de dominação sobre o beijo. Mas eu me entrego rapidamente. Ele beija bem! Nós paramos, e ele mordisca meu lábio inferior. Dói. Gostei.

— Que tal irmos lá pra cima? — ele aponta com a cabeça para a escada num dos cantos da lotada balada. Essa balada tem alguns quartos para sexo. Mas são para pessoas muito ricas. Dinheiro não é um problema pra mim, mas nunca me vi na obrigação de convidar meu jantar pra transar lá em cima. A maioria dos peguetes de balada se aliviam nos banheiros mesmo. Eu penso em recusar, mas esse cara tá tão na minha que eu não vejo como e apenas assinto.

Nós subimos as escadas, há um homem de terno do lado da entrada de um extenso corredor. Ele apara a mão e o homem ao meu lado põe uma quantidade considerável de dinheiro na mão do outro, recebendo em resposta o cartão de um dos quartos. O homem de terno aponta para o primeiro quarto do corredor na outra extremidade. O homem de olhos verdes apenas assente e me guia para o quarto.

Ele enfia o cartão na abertura da fechadura eletrônica que emite um som e destrava. Entramos e, logo depois dele fechar a porta — que emite um bipe ao trancar-se, ele vem pra cima de mim, me derrubando na cama, me afogando com seus beijos quentes.

Entre beijos e chupões, de ambas as partes, nós tiramos nossas roupas e... uau! Ele tem o corpo musculoso e definido que é enfeitado com várias tatuagens. Mordo o meu lábio inferior. Eu admito ele é uma delícia e que em outras circunstancias poderíamos ter sido um casal lindo de namorados, mas não foi assim que o destino seguiu. Eu, por mais inacreditável que pareça devido minha carinha inocente e baixa estatura, sou o predador e ele, a presa.

Ele tira sua cueca e eu repito seu movimento. Tento não olhar para baixo da sua virilha. Mas não resisto. Dou uma rápida olhada e... ele é grande. Muito grande. Como é que vai caber?

Eu silencio como consigo meus pensamentos questionadores e puxo ele para um beijo. Ele retribui, ficando em cima de mim. Nossas barrigas se encostam. Ele lambe e puxa com seus dentes a pele do meu pescoço. Eu arrepio. Tenho a leve impressão de gemer. Mas estranhamente minha vista embranquece. Uma alta dose de excitação parece ser injetada no meu corpo. E sinto ele entrando em mim. Arde. Dói. Mas a excitação que eu sinto supera a dor que seria insuportável.

Ele murmura alguma coisa em meu ouvido, mas eu apenas assinto sem entender. Ele se move. E eu engasgo. Gemo. Ele sai quase que completamente e entra de uma vez. Eu o sinto estocando forte. Só gemidos saem da minha boca. Se ele continuar assim eu não vou durar muito. Mas eu quero mais. Muito mais. Entrelaço minhas pernas em torno do seu corpo, enquanto ele se afunda mais forte em mim. Sinto por um momento a possibilidade dele me rasgar por dentro. Tento levar a minha mão para me aliviar. Mas ele a agarra e junta minhas mãos sobre minha cabeça.

— Você vai gozar só comigo dentro de você — ele diz com a voz rouca — Estamos entendidos? — não respondo. — Eu não gosto de repetir a mesma coisa duas vezes. Estamos entendidos?

— Sim.

— Sim, quem?

Eu sei o que ele quer que eu diga. Em situações normais, eu não diria, mas... porra, esse cara está me fodendo bem demais.

— Sim, Daddy. — Respondo com a voz embargada de prazer — me fode e acaba comigo!

— Bom garoto. — Ele diz e silencia meus gemidos com um beijo. Nossas línguas se envolvem. Ele aumenta as estocadas. Sinto meus olhos revirarem. Meu corpo esquenta.

— Vou gozar — digo.

— Então vamos juntos. — diz ele. Ele aproxima seu rosto do meu pescoço e o morde. Esse é o meu limite. Gozo e sinto ele se derramando dentro de mim.

A névoa prazerosa some dos meus sentidos. E percebo que seu pescoço está ao alcance das minhas presas. Foi bom enquanto durou, mas tá na hora do meu lanche.

Minhas presas crescem.

Ele está respirando descompassado ainda em cima do meu corpo.

Inclino a cabeça.

Vou mordê-lo.

Paro.

Olho suas costas.

Elas estão irregulares.

Na verdade, estão se mexendo.

Antes de chegar a uma conclusão, algo explode das costas do homem. Que enfim olha pra mim. Seus olhos estão totalmente negros. E de suas costas batem grandes asas idênticas a de um morcego.

Um demônio.

Ele olha pra mim e percebe as presas que não escondi. Sua expressão é tomada de surpresa. E ele voa de cima de mim.

— Satan? — digo.

— Drácula? — responde ele.

Mas que cacete.

BLOOD AND SOUL (LARRY VERSION)Onde histórias criam vida. Descubra agora