Compromisso

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N/A: Só passando para deixar um oi e lembrar que o título é uma música sugerida para acompanhar a leitura.

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Hermione pegou o tinteiro e a pena, os colocando em cima da mesinha de centro. Em seguida, dobrou o jornal e o afastou um pouco, deixando algum espaço livre para repousar ali o pergaminho que segurava. Após apoiar o pergaminho na mesa, ela sorriu e limpou as lágrimas que haviam enchido seus olhos alguns segundos antes.

“Querida Pansy seria um bom jeito de iniciar?”, ela se perguntou. “Não, não. Ela definitivamente ia morrer de rir da minha cara e dizer que o repertório de formalidades da Mione continuava em dia.”

Após um suspiro acompanhado por um sorriso, ela finalmente molhou a pena no tinteiro e começou a escrever.

Londres, 15 de janeiro de 2000.

Pansy,

Eu sei que você vai estranhar quando a minha coruja bicar incessantemente a sua janela. Mas eu espero que você a reconheça e decida abrir, para pegar esse pedaço de pergaminho que eu vou amarrar — com extremo cuidado para não amassar, porque eu sei que você odeia pergaminhos amassados — em suas patinhas.

Meu Merlin, Hermione, que jeito de iniciar uma carta para alguém com quem você não conversa há meses e que nem está esperando receber uma carta sua. Pois é, eu estou falando sozinha até numa carta. Admito que você estava certa o tempo todo. Às vezes eu falo demais. E principalmente quando estou ansiosa. Eu nunca assumi isso o ano passado, mas eu confesso que eu sabia que você estava certa.

Mas… E então, Pansy? Como estão as coisas aí onde você está agora? Eu espero que esteja tudo bem. Eu sei que é louco o que eu vou dizer agora, mas só o fato de eu estar te escrevendo faz eu me sentir bem, como se você estivesse aqui do meu lado. É a mesma sensação de quando a gente ia rever os conteúdos dos NIEMS embaixo da nossa árvore. A gente nunca disse que aquela era nossa árvore, mas eu espero que eu não esteja doida e você pense a mesma coisa. A gente sempre escolhia o mesmo lugar, então ele era nosso, certo?

Eu sei que posso estar me expressando de um jeito confuso e falando demais. Mas, sabe, eu tenho um estranho conforto em saber que você me entende. Mesmo quando eu surtava achando que tinha errado uma questão nas provas e falava sem parar, você sorria e me ouvia. Depois dizia que eu estava surtando à toa e que tudo bem errar às vezes. Então eu acho que você vai me dizer que é normal surtar e escrever uma carta do nada pra alguém de quem eu estou sentindo falta, às vezes.

Sim. Eu estou sentindo sua falta, Pansy. Hoje eu cheguei em casa exausta. Eu continuo estudando demais. Outro ponto para você, que sempre me disse que eu já emendaria o fim de Hogwarts com novos estudos.

Quando eu cheguei em casa hoje, vi no jornal uma matéria que chamava eu, Harry e Rony de heróis e, provavelmente, dizia o que estamos fazendo atualmente. Eu digo “provavelmente” porque nem cheguei a ler. Eu estou morando com eles na casa que o Harry herdou do Sirius. Eles mal param em casa, além de deixarem isso aqui uma bagunça. Você deve estar se perguntando sobre o Elfo Doméstico da casa, mas eu defini um horário de trabalho para ele, a contragosto de todos da casa — inclusive do Elfo. É demais lutar pelos direitos de trabalho deles e querer igualdade? Não. Claro que não é. Algum dia ele vai me agradecer por isso.

Às vezes, Pansy, eu queria que os jornais tivessem por você a mesma fixação que têm por nós. Assim, eu teria como saber por onde você anda, se está bem… Eu espero não desistir de enviar essa carta, quando terminar de escrever. E talvez seja loucura, mas eu vou esperar uma resposta sua. Eu realmente sinto sua falta. E desejo com todas as forças que você esteja bem.

Um dia, debaixo da nossa árvore, você me disse que era preciso sorrir e debochar para não deixar os inimigos saberem que a gente tem coração e também sofre. Eu tenho tentado fazer isso, mas sinto falta dos momentos em que podia mostrar minha fragilidade e também observar a sua. A gente se permitia isso porque, definitivamente, não somos inimigas. Estamos bem longe disso.

Fica bem, Pansy. Vou aguardar uma resposta sua.

“E agora? Como eu vou finalizar isso?”, Hermione voltou a se questionar, olhando o pergaminho — agora cheio de suas palavras — à sua frente. Com um novo suspiro, ela simplesmente sorriu e escreveu as últimas palavras.

Com saudades.
Hermione.

Poderia não ser uma despedida comum, mas era ao menos sincera. Com o coração ansioso e as mãos tremendo levemente, ela enrolou o pergaminho com um cuidado exagerado e foi até sua coruja, antes que a coragem de enviar aquela carta se esvaísse.

My best half - PansMione - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora