𝐸𝑝𝑖𝑙𝑜𝑔𝑜

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ESTHER & JAINE

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01 de janeiro de 2021

00:05

O véu colorido e barulhento dos fogos ainda invadia o céu noturno incessantemente. O espetáculo de Ano Novo duraria alguns minutos. A costa da praia estava cheia de pessoas vestidas de branco, gritando e pulando ondas com garrafas de cerveja nas mãos. Sua mãe perseguia vovó Edith, que insistia em querer entrar no mar. Júlia gritava toda vez que via os projéteis explodirem no céu. Henrique parecia mal-humorado com a situação — e por não ter sido autorizado a passar o réveillon com os amigos.

Esther avistou Bernardo de longe. O rapaz acenou, sorridente, e a moça correu até ele.

— Feliz ano novo! — ele gritou, abraçando-a. Esther apertou-o contra seu corpo, sorrindo.

— Pra você também. — ela disse. — Espero que não se esqueça das nossas metas esse ano: experimentar todos os sabores de sorvetes do Sr. Sorvete e acampar no mato.

— E pegar carrapatos — Bernardo piscou. — Você já disse à Jaine?

Esther se afastou um pouco dele, observando sua expressão. Desde que havia contado para ele sobre ela e Jaine — evitando futuros problemas de relações — a moça esperava encontrar algum sinal de remorso no colega. Contudo, com exceção da primeira vez que contara sobre elas, ele não parecia chateado. Bernardo era o único que ela se sentiu segura o suficiente para contar que estava apaixonada por Jaine. O garoto ficara estranho por algum tempo, absorvendo aquela informação; mas logo pareceu se acostumar com a ideia.

Eles sempre foram amigos — talvez o único amigo de Esther — e aquilo não ia mudar.

— Hã, vou dizer a ela — a moça disse. — Está tudo bem mesmo com isso?

Bernardo passou o braço pelo seu ombro.

— Está tudo bem, Esther. Juro — ele disse. — Você é minha amiga antes de qualquer coisa. Se você está feliz, eu estou feliz. E eu não sou tão, hum, ciumento assim.

Esther sorriu, agradecida. Ela notou o olhar de Henrique sobre eles, mas a moça ignorou. Com certeza ele e as outras pessoas ao redor achavam que eles eram um casal. Inclusive sua família.

Mal eles sabiam quem havia roubado seu coração. Esther queria deixar aquilo em segredo por enquanto. Ela não achava que teria problemas muito graves, mas tinha certeza que ouviria um sermão e alguns olhares de reprovação. Esther queria que aquilo ficasse entre elas — e não queria precipitar as coisas também. Elas só haviam se beijado. Não tinham nada sério.

Entretanto, Esther estava estupidamente apaixonada e não podia negar mais para si mesma. Futuramente, também não conseguiria negar para o mundo.

Ela desejou que Jaine estivesse ali, no mesmo lugar que tudo começara; vendo os fogos e entrando no mar gélido de mãos dadas. Jaine diria não seja idiota — que se tornara seu mantra frequente toda vez que Esther dizia algo idiota — e Esther a beijaria na frente de toda aquela gente perplexa. Entretanto, não queria surpreender sua família daquela forma e sua avó Edith já havia tido problemas demais do coração.

Esther riu da cena cômica criada pela sua imaginação — sabia que não era bem daquela forma que as coisas funcionavam.

Os fogos só começaram a diminuir quinze minutos depois. As bóias em meio ao mar ainda soltavam seus rojões quando Esther resolveu ir embora sozinha, dando a desculpa que precisava ir ao banheiro. Ela sentia que faltava uma coisa.

Esther & JaineOnde histórias criam vida. Descubra agora