Mesmo já me vestindo ainda não conseguia lidar com a ideia de ir trabalhar com tudo que aconteceu ontem. À noite ignorei todos os conselhos de Hermione e só conseguia pensar no que Cinthia e Alison tramaram, nem conversar com Ben e saber que em breve ele estaria na cidade tirava toda a preocupação da minha cabeça.
Terminei de calçar um tênis e fucei o celular enquanto caminhava pela cozinha, minha barriga já começava a doer e eu queria me trancar no banheiro e fazer o tal cocô da ansiedade. Quem nunca? E o pior era que eu não conseguia pensar nem em comida que o estômago embrulhava. Peguei as coisas e respirei o mais fundo que pude, ainda estava pensando em pegar um saco de pão e colocar na cabeça para que ninguém me reconhecesse quando eu chegasse lá.
Saí de casa rodando a chave de um lado para o outro com o dedo indicador e apertei o elevador, ele acabou de chegar no térreo e o corredor cheirava a Artur. Ainda me faltava mais essa, o Artur me ignorar porque eu quis transar com ele, não que eu me importe, eu posso agradecer por ele não ter me deixado fazer essa loucura, com certeza em sã consciência eu não me atiraria nos braços dele assim, mas o elevador só me fazia lembrar de nós dois e dos momentos de extremo prazer que ele me proporcionou só com aqueles lábios e os seus dedos. Céus!
Eu entraria facinho no jogo de Artur, mas ele parece estar querendo jogar todos os dados em minhas mãos e me deixar de lado junto com o tabuleiro, o que eu não estou reconhecendo, não me parece o mesmo Artur que consegue uma transa sempre que quer e com quem quer. Talvez ele não esteja me querendo mais e foi covarde o suficiente para me provocar esse tempo todo e me deixar só com o gostinho de quero mais. Será se Artur lavou suas mãos e eu não estou mais nos seus planos de pegação?
[...]
Fiquei quieta no meu guichê desde a hora que cheguei, a Cinthia não pisou os pés aqui ainda, o que é ótimo, mas as pessoas não param de falar uma com as outras e olhar para mim. Resolvi ignorar isso totalmente e focar no texto que está demorando até demais para sair e eu precisava entregar hoje, nunca pensei que escrever sobre fetiches fosse tão difícil, quer dizer, óbvio que estou procurando as melhores palavras para tudo.
— Quer dizer que o seu avô morreu, Chloe?! — ela surgiu irônica em minha mesa, olhei para o seu rosto e ela me encarava com aqueles olhos grandes ensopados de rímel, pareciam duas aranhas.
— Ah... — pensei por alguns segundos e levei um tempo para entender e associar. — Sim, infelizmente.
— Que coincidência. — ela gargalhou e eu engoli seco. — Espero que venha me prestigiar hoje a noite e ver onde cheguei com os meus méritos.
Cinthia saiu rindo igual uma gralha e eu tentei ignorar e manter a calma, como sempre, mas era quase impossível, eu só queria correr desse lugar e me enfiar debaixo da minha cama igual uma criança com medo de apanhar na rua.
Hoje não poderia ser tão ruim, eu iria me arrumar, sair, beber um pouco e pelo menos ser reconhecida por estagiária destaque e, olhando pelo lado menos ruim, ainda estar sendo enaltecida pelo cargo de Cinthia, meus textos são tão bons que levam uma a ser chefe de uma coluna.
Vagabunda invejosa!
[...]
— Não, tira esse salto. Odiei! — Hermione disse fazendo um sinal com as mãos e me tirando da frente do espelho.
— Mas você disse que eu poderia escolher pelo menos o salto. Você já escolheu o vestido. — bufei e encolhi os ombros.
— É, eu disse, mas você se veste conforme o seu humor e hoje você está triste, literalmente! — ela começou a vasculhar o meu armário e pegou um scarpin vermelho. — Coloca esse sem dar nenhum piu.
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Meu Misterioso Vizinho
Romance+18|| Movida pela ira e angústia, a escritora e aspirante a jornalista Chloe Cooper estava decidida a mudar e não se importar mais com os comentários alheios, afinal, ela já é uma moça crescida, capaz de fazer as suas próprias escolhas. Seus planos...