Algumas horas mais tarde o sono de Lauren foi perturbado. Assustada, virou a cabeça. O colchão se mexera, mas ela não se movera. Esforçou-se por abrir um olho. A escuridão do quarto era de breu.
Quando o colchão se mexeu de novo, ela abriu o outro olho. Seria Keana? Não, Keana nunca dormira em sua casa e ela não estava mais vendo Keana. Então... Levou um minuto para raciocinar e, quando isso foi possível, mudou de posição e dobrou os joelhos. Dormiria logo, disse a si mesmo. Era só ficar de olhos fechados, respirar fundo e regularmente. Assim, voltaria a dormir.
Um suave gemido veio do outro lado da cama, seguido de mais um movimento do colchão.
Com os olhos bem abertos agora, Lauren blasfemou. Depois, rangendo os dentes e indo para a beirada da cama, fechou os olhos.
Houve alguns minutos de sossego. Ela já quase dormia quando outro gemido se fez ouvir. E, como antes, seguido de um sacudir do colchão.
Sua cabeça latejava. Levantou-se e foi ao banheiro, blasfemando. Procurou no armário algum analgésico. Repelente de insetos... Caladril... Anti-histamínico... Aspirina... Aspirina? Sim, aspirina. Teve certa dificuldade em abrir o frasco e estava pronto a quebrá-lo quando finalmente conseguiu abrir. Pondo três comprimidos na palma da mão jogou-os na boca e engoliu-os. Tomou água diretamente da torneira. Apagando a luz, voltou à cama.
A aspirina começava a fazer efeito quando Camila gemeu. Lauren sentou-se na cama e acendeu a luz. Ela estava ainda embaixo das cobertas mas torcia o corpo violentamente para um lado e para o outro. Enquanto a observava ela parou por alguns segundos mas logo em seguida torceu o corpo outra vez.
— Camila! — Lauren sacudiu-a. — Acorde! Não posso dormir com essa sua agitação.
Ela moveu-se então, mas de maneira diferente agora. Estendeu um braço para fora das cobertas e murmurou:
— Hein?
— Você precisa se acalmar. Já é bastante desagradável dormirmos na mesma cama, mas recuso fazer isso com uma mulher que não pode ficar parada.
Camila arregalou os olhos quando ela disse "dormirmos na mesma cama". Olhou para o peito de Lauren coberto pelo top e, bem devagar, bem devagar, ficou imóvel.
— Sinto muito — ela sussurrou com uma sinceridade que a comoveu.
— Estava tendo um pesadelo?
— Não. Minha perna dói muito.
— Há alguma coisa que você possa fazer para diminuir a dor? Seu médico lhe deu instruções? Não acha interessante erguer um pouco essa perna quebrada?
— Eles conservavam minha perna erguida enquanto eu estava no hospital, para evitar que inchasse. Mas pensei que eu já estivesse fora de perigo agora.
— Muito bem! — Lauren jogou as cobertas da cama para longe e levantou-se.
Estou aqui presa com uma imbecil cuja perna pode chegar ao dobro do tamanho normal. E, se isso acontecer, sua circulação poderá ser cortada e uma gangrena virá na certa. Ela voltou para perto da cama, pegou dois travesseiros e, sem a menor cerimônia, ergueu as cobertas descobrindo-a.
— O que está fazendo? — ela gritou.
— Quero levantar sua perna. — Ela tentava pôr os travesseiros embaixo da perna quebrada para suspendê-la. — Pode mover um pouco a perna boa? Bom, acho que vou conseguir.
Com surpreendente gentileza ela colocou os dois travesseiros embaixo da perna engessada.
— Não vou ter nenhuma gangrena. Você não sabe o que está dizendo, não sabe nada — Camila sussurrou um pouco assustada.

YOU ARE READING
Naquela Ilha
FanfictionCamila procurou a solidão de uma ilha deserta para repensar sua vida, pôr os pensamentos em ordem. Lá encontrou Lauren Jauregui, que também buscava paz e solidão. A tensão se formou desde o primeiro contato. Iriam elas sobreviver aqueles dias naque...