Capítulo Dezenove: Pai!

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John Miller

Assim que chegamos no hospital, eu respirei fundo e segui meu irmão e minha mãe até a recepção, uma mulher nos entregou alguns crachas para prender na roupa e nos deu a orientação da sala que o meu pai estava. Eu entrei primeiro na sala totalmente nervoso e eu senti meu coração errar algumas batidas e meu ar faltou. Meu pai estava com os olhos fechados e a máquina mostrava que ele estava estável, mas ver ele ali...frágil...pálido...me detonava.

-Quando ele veio pra cá? - perguntei chegando mais perto dele e me segurando para não chorar.

-Uns dois meses atrás - respondeu meu irmão.

-O que ele tem? Ninguém me disse nada.

-Câncer John, câncer de estômago - disse minha mãe que se sentou ao lado do meu pai e pegou sua mão delicadamente - ele andava reclamando de algumas dores, tomava remédios, comia pouco, até que um dia quando cheguei em casa vi ele caído na sala, foi desesperador.

-Me desculpa por não estar aqui...eu...

-John? - ouvi uma voz fraca e rouca me chamar, olhei para o meu pai assustado e ele abria os olhos com dificuldade.

-Pai! Oi! - peguei sua mão ele sorri de leve para mim - como esta?

-Sentindo um gosto horrível na boca, a comida aqui é horrível, saudades da comida da sua mãe.

-Eu sei pai, mas já já o senhor melhora, você vai ver.

Ele tossiu levemente e mamãe pegou o copo de água que estava do seu lado e ajudou ele a tomar com delicadeza.

-Voltou quando? Pensei que iria ficar para sempre na Inglaterra, sua mãe estava com muita saudade, não parava de se perguntar quando iria voltar - ele falou depois de tomar sua água e voltar a deitar sua cabeça no travesseiro.

-Eu voltei uma semana atrás, mais ou menos, estava com o tempo corrido, eu sinto muito por não vir antes. Me desculpe.

-Esta tudo bem John, você não precisava voltar por mim, você tem que ajeitar sua vida - ele sorriu e fez uma careta de dor - os remédios estão passando.

-Quer que eu chame o médico? - perguntou meu irmão.

-Não, esta leve a dor - ele respondeu e respirou fundo. Meu pai  me olhou novamente - aonde está morando?

-Estava morando com o Jonathan, mas nossas rotinas não estavam batendo direito, então a Micaela, lembra dela? Minha ex da adolescência?

-Ah claro! Como ela está?

-Esta bem, estou morando com ela agora. Trabalhamos na mesma empresa.

-Nossa que sorte - ele riu um pouco - parece até o destino, vocês ficaram tanto tempo longe para voltarem a se reencontrar e trabalhar juntos.

-O mundo é pequeno na verdade - disse minha mãe - quando menos esperamos encontramos muitas pessoas que nunca pensaríamos encontrar mais.

-E esta gostando do trabalho? - ele perguntou.

-Ah estou sim, foi legal o que o meu chefe fez por mim, ele me recomendou para essa empresa Allexmound e fui chamado para uma entrevista com outros jovens da minha idade e aí estava dentro.

-Nossa, fico feliz por você filho - ele sorriu e fez mais uma cara de dor.

-Vou chamar o médico - disse Fernando saindo da sala, meu pai nem negou, apenas deixou. A médica veio minutos depois.

-Olá Arthur Miller, quer que aumente a dosagem? - ela perguntou. A médica era bem bonita, tinha uma voz bem leve e calma, sem contar que tinha lindos cabelos ruivos que estavam presos em um coque com uma caneta. Me senti levemente mal por reparar nessas coisas com o meu pai doente.

-Não quero dormir, quero conversar mais com os meus filhos - disse meu pai triste.

-Esses são seus filhos? Que bonitos - ela olhou para meu irmão e seus olhos pararam em mim me dando um sorriso de leve - mas acho que eles preferem te ver sem dor - ela se virou para ele.

-Eu...

-Pai, você precisa descansar - acariciei sua mão e sorri - eu irei voltar.

-Tudo bem - ele assentiu para a doutora.

-Fica bem pai.

-Fiquem bem também - ele sorriu um pouco e depois apagou. Minha mãe saiu da sala as pressas e quando estava indo atrás meu irmão me impediu e disse que ele mesmo iria. Olhei para a sala e a doutora ainda estava ali, examinando meu pai.

-Nunca te vi aqui, seu pai e sua mãe nunca comentaram de você - ela disse se virando para mim.

-Isso deve ser por que eles ainda estão  chateados por que eu fui morar na Inglaterra muito novo, fazer faculdade.

-Eu entendo - ele balançou a cabeça - meu pai queria que eu fizesse advocacia e até hoje joga na minha cara que minha irmã está cursando o que era pra mim fazer.

-Pais - sorri sem jeito e me sentei na cadeira. Ainda acho que deveria ter ficado, eu separei ainda mais a família.

-Sou a Doutora Rosele Swan - ela estendeu sua mão para mim e eu apertei.

-Sou John Miller, prazer em te conhecer.

-Igualmente - ela sorriu - diz a sua mãe que os exames do seu pai esta marcado para essa terça - assenti, mas antes que ela pudesse ir eu a chamei novamente.

-Você pode me dizer se o caso dele é grave? - perguntei nervoso, queria uma resposta que me deixasse tranquilo. Mas provavelmente não iria ter essa sorte.

-Sinto muito John, mas seu pai esta com um câncer avançado, estamos tentando o possível, ele é bem batalhador, mas esperamos melhoras dele sempre.

-Eu agradeço pelo o que estão fazendo por ele.

-Não é nada. Até John.

Ela saiu do quarto e eu surpirei, sentia raiva de mim mesmo, era um idiota, devia ter ficado com os meus avós quando estavam doentes, participado do enterro, ter voltado quando meus estudos acabaram, mas eu fui um idiota por não pensar neles! Respirei fundo afastando as lágrimas e olhei para o meu pai uma última vez antes de sair da sala e encontrar minha mãe e meu irmão voltando para a sala.

-Eu vou embora, prometo voltar assim que der - falei - fiquem bem - sorri triste para eles e dei as costas para ir embora.

-John, espera! - ouvi minha mãe chamar e me virei para ela.

-Sim?

-Quero pedir desculpas, eu fui uma idiota por te tratar daquele jeito quando chegou, eu estava com a cabeça quente.

-Esta tudo bem mãe, sei que não falou por mal.

-Seu pai e eu estávamos morrendo de saudades de você, espero que não vá embora para longe de novo.

-Nunca mais - sorri para ela e fui abraça-la, dessa vez fui retribuído, com aqueles abraços apertados e longos. Me afastei dela, dizendo que a amava e ela disse o mesmo, andei em passos longos e rápidos até o carro e assim que eu entrei eu desabei, ver meu pai daquele jeito me matava. Eu só torcia para que ele ficasse bem.

*  *  *

Espero que tenham gostado desse capítulo! Votem e comentem, me ajudaria muito, por favor! 😊💙

Até a próxima!

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