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Já quase não se é possível sentir o cheiro da grama molhada nos dias de chuva, que ela sentia toda vez que caminhava pela cidade. O trem rodeia o dia todo, e todo dia, revelando as verdadeiras cores, ou a falta delas. A garota observa pela janela a longa estrada que se seguia por entre os trilhos enferrujados, no entanto, já não sabia qual o destino. A próxima parada lhe parecia desconhecida no momento em que percebeu que as cores das poucas árvores começaram a ficar mais vivas.
De repente, um estrondo.✥ ✥ ✥ ✥
São Paulo, segunda-feira, 07:00 AM.
O trem das 07:00 havia acabado de chegar, como de costume, embarquei no último vagão, e me sentei ao lado da janela, que por sorte estava vazia. Eu gostava particularmente de observar a estrada que perpetuava no horizonte. O barulho que o trem fazia em movimento, trazia consigo uma lembrança distante de um lugar que não me recordo, mas sua imagem de vez em quando surge em minha mente como uma foto antiga.
Eu ia descer a quatro estações dali, era um trajeto um pouco demorado, no entanto, demorou mais do que pensei, bem mais...
O sol refletia nas janelas dos prédios, o céu até que estava bem azul, sem tantas nuvens.
Tudo parecia igual, exceto pelas árvores, que ao longo da viagem pareciam ficar mais vivas e coloridas do que de costume.
Uma triste realidade se revelava toda vez que eu via construções luxuosas sobressaindo as ruínas da cidade ... Esse é o grande problema de SP, ou melhor dizendo, o grande problema do mundo, e transparece a miséria e a dor do povo. Essa realidade fazia tudo parecer mais cinza e sem vida, me fazendo sentir uma dor agonizante no peito, que me forçava a tentar encontrar esperança no fim daquele túnel, que na verdade parecia não ter fim...
Perdida em meus pensamentos, mal reparei no trajeto em que o trem fazia, algo não estava certo... e ninguém além de mim parecia perceber isso...
De repente, um sono incontrolável me dominou, minhas pálpebras se fechavam contra minha vontade, e pouco antes de se fecharem completamente, pude avistar um grande túnel ao longe, um túnel que eu nunca havia visto antes.Acordei com um estrondo. O trem estava completamente vazio, as portas estavam todas abertas, as janelas quebradas, e somente eu estava ali. Procurei, sem sucesso uma única alma viva que pudesse me explicar o que houve. Deduzi que o trem havia batido em algum lugar. Um aroma cítrico invadia o vagão, senti- lo com certeza foi a causa de eu ter me mantido tão calma diante da minha situação naquele momento. Ao meu redor, do lado de fora do trem, nada reconhecia.
- Onde eu estou? ... - me levantei, sai para fora. Olhei ao meu redor, e percebi que o trem estava com uma grande parte de si pendurada na ponta de um penhasco, e o que o impedia de cair completamente era sua outra metade, que se encontrava em solo firme.
Eu não estava mais na cidade de, certamente não, pois as cores de onde eu me encontrava jamais poderiam se comparar com o cinza frio e sem vida da metrópole.Uma estrada se seguia em uma única linha amarela tortuosa. Ao longe, se viam cores e formas curiosamente peculiares, mas que traziam a mim um enorme sentimento de descoberta e aventura. Há tempos que eu sentia isso.
Aquele aroma cítrico ainda estava presente, e me deixava mais leve somente em o sentir, me senti alegre, embora um tanto desnorteada.
- Deve ter sido o impacto - pensei.
Decidi seguir a íngreme linha amarela-mostarda, eu já estava ali, que mal teria em explorar o lugar? Eu não sabia voltar mesmo, então segui em frente.✥ ✥ ✥ ✥
E assim, a pequena garota (não tão pequena assim), que tinha os olhos castanhos avermelhados como as crateras de marte, decidiu seguir pela estrada, afim de descobrir o que encontraria no final dela.
Ao longo da estrada, a garota se sentia cada vez mais longe de tudo, e pela primeira vez, aquilo lhe pareceu bom. A cada passo que dava, ela se sentia mais perto do céu, como se voasse mais alto a cada batida de seu coração. Estava mais leve que uma nuvem. Pensando em tudo, mas em nada pensando. Tranquila e calma, sua mente estava em um estado de equilíbrio que ela desconhecia totalmente, e o caos de sua psique, pareceu ceder por algumas horas.O ambiente era perfeito, o céu era igual, de uma forma diferente, pois ao longe avistavam- se as mais diversas cores e formas, imagens estampadas no céu. A junção dessas, lembravam os grafites das ruas do Centro de São Paulo, que ainda davam cor ao que parecia ser cinza para sempre.
Mas o asfalto por debaixo de seus pés ainda era o mesmo, ondas de energia radioativa ainda podiam ser sentidas puxando- a para trás toda vez em que ela se pegava pensando em voltar. A cidade ainda se conectava à ela, por mais distante que parecesse estar.
Logo ela se deu conta de que estava mais próxima de si, viu- se de várias formas e não só uma, como se estivessem ali, caminhando consigo, todas as versões de sua personalidade, e quanto mais naquela estrada adrentava, mais dentro de si se encontrava, ela não entendia esse fenômeno, mas o sabia, de um jeito ou de outro.
✥ ✥ ✥ ✥Enquanto isso, próximo dali, um grupo de criaturas pequenas observava a garota na espreita, por dentre os arbustos rosa e violeta, estranharam- na, e não tarde se apressaram para contar aos outros, que não muito longe dali, viviam. Isso pode ser bom... Ou não... Quem sabe?... Disso nem sei, e vós, sabes?
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Espero que tenham gostado do primeiro capítulo, é bem curtinho, mas é apenas uma introdução ;3 Próxima semana lanço o segundo capítulo, cola pra acompanhar o desenrolar dessa história! Vota na história também pra ajudar. ♡
Paz!🌙✥Lua ✥🌙
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Viagens Mentais
RandomA mente é um universo desconhecido, que de mim desconheço, pois mesmo sendo minha, de mim não é, pois não a conheço E de mim ela se esconde, isso sei bem ora mostra-se à mim de forma calma, outras vezes já nem o sei se saberei? haverei de saber ta...