CÉU

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Nunca me interessei por banalidades

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Nunca me interessei por banalidades.

Sou um homem direto e objetivo; faço o que precisa ser feito, sem demorar ou prolongar situações desnecessárias. Acredito que as tarefas são muitas e o tempo sempre é limitado. Atividades inúteis como olhar as estrelas em uma noite bonita seriam apenas um atraso.

Me organizo da seguinte forma: tudo aquilo que pode ser evitável não é necessário. O inevitável é confuso e age como um monstrinho mordendo seu calcanhar. Quanto mais você adiar o inadiável, mais pressão os dentes do monstrinho farão em sua perna, para te lembrar que ele está lá e não vai embora.

Nada nunca é inteiro ou completo, obviamente, nós nunca teremos cem por cento de nada, e todas as regras têm exceções. Portanto, decidi tirar um tempo para olhar as estrelas. Me disseram que isso faz bem, mas não entendi como ou por quê.

Duvidei de tudo o que eu sabia quando estendi o dedo e a lua sumiu por trás da carne. Em algum momento lembro de ter estudado que a lua era enorme, mas aquilo ali era pequeno e inofensivo. Olhei para as estrelas e minha reação beirou o pânico; a luz que chegava aos meus olhos era produto de algo morto. Quantas vidas as estrelas mortas iluminaram?, pensei. Por quanto tempo aquela luz teve que viajar no espaço até chegar aos meus olhos, e por quanto tempo mais ela viajará?

Como aquilo poderia ser bonito? O céu é uma vastidão azul aos olhos, mas sem cor real, que prega peças em você e te engana, e te faz acreditar que aquilo é poético e bonito. Um desastre poético e bonito. O céu é o cemitério das estrelas. É cercado de acidentes, e explosões, e coisas que estão lá mas não estão mais lá.

Me senti pequeno.

Se nós acreditamos que o infinito não existe mesmo tendo o infinito acima de nossas cabeças, em quais outras bobeiras também acreditamos?

Muita gente esquece que o Sol é uma estrela que viveu milhares de anos nos dando vida, e que o final é inevitável. Ele vai explodir e vai nos destruir junto, todos nós, se nós não nos destruirmos primeiro, como uma mãe que mata seus próprios filhos. Vivemos hoje por causa daquilo que no futuro será nossa ruína.

No dia seguinte, não olhei para o céu.

No dia seguinte, não olhei para o céu

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