delicácia {minjoon}

blueish scarf 🐑

toque "fly across the country — jess benko"

Longo o suficiente para agasalhar bem o filhote, pensou Jimin. Estava feliz com o resultado do que tecera. Os dedos estavam deveras doloridos, mas nada se equiparava à dor do amigo.

Tinha receio de que ele descuidasse do filhote. Era comum que após a perda de seu Alfa, o Ômega passasse por um longo período de depressão. Alguns se recuperavam, outros cediam à corrente de pressão, primitivo sentimento que lhes adornava.

Neste dia Jimin vestia um vestido branco e simples. Este não marcava suas curvas em nada, tinha duas alças finas e delicadas e o restante esvoaçava ao redor de si, diáfano.

Pequenos babados, detalhe preferido do Park, percorriam a extensão do tecido. Prendera os cabelos num laço azul, num rabo de cavalo baixo que deixava diversos fios de cabelo escaparem e emoldurarem seu rosto.

Enchera uma cesta de palha com leite e queijo, um tanto de geléia de amoras recolhidas no campo selvagem alguns metros atrás da cabana, numa clareira. Enrolara também o cachecol sobre a tampa da cesta, pronta assim para seguir até a casa do Kim.

— Como está Suner? — perguntou o Park, trancando a porta e encaixando os pés no pequeno sapato de tecido grosso e escuro, a sapatilha. Em seguida encaixou a corrente onde pendurava a chave para carregá-la, no pescoço. Olhava Namjoon dali, que acariciava o cavalo e conversava baixinho com ele.

— Forte como nunca. — se virou para o amado, o sorriso marcado pelas covinhas. O coração de Jimin teve um baque, e sabia que o Alfa sentira seu cheiro intensificar no mesmo segundo; sendo afastado pela ventania na colina em seguida mas quase continuamente sendo reposto. — Controla-te. Ou não o farei, e o Sol já está no alto.

— Oras, que culpa tenho?! Não devias ser tão... tão...
— Park segurava a cesta com as duas mãos, na frente do corpo, o rosto aquecendo com toda aquela falácia.

Kim dera alguns passos na sua direção, e Jimin não conseguiu mais manter os olhos afastados. O Alfa vestia uma calça bege, um pouco puída nos joelhos, e uma camisa branca sem mangas. Esta por sua vez encaixava perfeitamente por dentro da calça, delineando sua cintura.

O pequeno cabo de palha que usava nos passadores da calça — um cinto de verdade era caríssimo! — tinha um laço bem amarrado na frente. Usava suas botinas de couro escuro, o único que tinha, e que ele usava nas viagens como mercador.

Ao contrário de Jimin, os pés dele não eram tão sensíveis. Mas quando conseguiram um tanto mais de dinheiro, insistiu para que o Alfa tivesse os melhores sapatos. Seu caminho era sempre longo.

— Amanhã cuidarei de ti. Como gostas, sim? Consegues de aguentar até lá? — a voz calma inquiriu, pegando a cesta das suas mãos.

— Consigo. Não fales como se fosse eu o perverso. Tu queres tanto quanto eu, não queres?

— Por suposto. Se pudesse, estavas te dando um nó agora mesmo.

— Namjoon...!

— Vamos, vamos — desconversou o Kim, encaixando a cesta no armazenamento da cela. — Monte.

Com as bochechas — e antes fosse só elas — nas quenturas, Jimin aceitou a ajuda e os toques firmes pra subir em Suner. O cavalo relinchou de leve, como se estranhasse o peso à mais, mas não se movera.

Namjoon montou em seguida, e rapidamente os braços do Ômega se enroscaram no tronco forte do outro. Ali inalava e sentia seu cheiro, e apoiando a cabeça nas costas do Kim, observou o vilarejo lá embaixo, milhas de distância. Tão pequenos.

— Vamos, bonita — e à mera menção do seu apelido, o cavalo começou à galopar lentamente, as patas fazendo barulho contra o caminho de pedras.