lilac fabric 👚

645 95 37
                                    

toque "almost heaven — jeremiah lloyd harmon"

Ar primaveril tomava toda a colina. Toda a vila lá embaixo.

Recentemente Jimin vinha tentando bordar diretamente nos seus vestidos. Ainda não era muito bom, mas agora tinha joaninhas nos ombros de um vestido cor de creme e uma borboleta laranja na barra de um outro, marronzinho.

Taehyung havia ensinado o básico, então quando não podia visitar o amigo, treinava sozinho. E Namjoon, bobo apaixonado, sempre lhe enchia de elogios, então mesmo tentando esconder as feições vermelhas e vergonhosas, continuava sentindo aquela sensação gostosa e emergente no peito. Orgulho.

Ômegas sempre foram bons em atividades como essas. Desde que Jimin se entendeu por gente, soube disso. Em alguns vilarejos era algo mais extenuante, ouvira falar, certa vez em que visitou o centro.

Em alguns lugares poderia ser até obrigado à fazer tecelagem, costura, jardinagem... mas não ali. Wavenia era um pequeno refúgio. A colina, mais ainda. Era como se o espaço e seu espírito antigo houvessem lhe acolhido completamente.

Da terra viemos e à terra retornaremos. E ali, próximo à sua horta e suas tulipas, era exatamente pra onde ele queria retornar quando seu momento chegasse. Do lado de seu amante.

Jimin se sentia em paz com isso. Se aplicava às artes comuns para os Ômegas mas essa era sua escolha. Confortável e prazerosa, como mil beijos cálidos de seu Alfa.

— Jimin. — chamou o Alfa, fazendo com que o Park erguesse os olhos em sua direção.

O orvalho havia voltado à se infiltrar pelo piso. Então ele tinha as pernas cruzadas de maneira delicada, evitando tocar espaços no chão que poderiam conter umidade. Seus cabelos estavam soltos casualmente, partidos para a direita, cobrindo parcialmente seu campo de visão ao que encarou Namjoon.

Deixou o bordado sobre a mesa, e murmurou suavemente: — Hm?

— Sabes que dia comemoras hoje?

— Perdão — seus lábios pressionaram um contra o outro, demonstrando preocupação. Não queria nunca magoar seu Alfa, temia ter esquecido de algo imensamente importante para os dois. — Esqueci-me. Sabes que fico obcecado quando começo algo novo...

O Kim fechou os olhos, sorrindo pra baixo por um momento. A expressão no rosto do Park era linda, como uma pérola. Brilhava em todos os pontos certos do rosto levemente rechonchudo.

— Feche teus olhos, por favor — pediu. Assistiu o Ômega obedecer sem cogitar outra alternativa, mas as mãozinhas dele se contorciam um pouco, ansiosas, sobre a mesa. — Mantenha-os fechados até que eu lhe digas para abrir.

— Estás me me deixando deveras ansioso. Comprasse um pé de batatas novamente? Não vingam nessas terras, Namjoon!

E estava prestes a realmente abrir os olhos quando o Alfa voltou com os dizeres: — Podes abrir.

Acostumando as vistas, piscou algumas vezes. Seus olhos focaram aos poucos em algo que Namjoon segurava. Lilás, e cheio de pequenas amoras bordadas.

— Que é...? — encheu-se de puro amor.

Era lindo. O vestido e os olhos de Namjoon. Como cintilavam ao olhá-lo, como apreciavam cada detalhe do seu rosto, como era pura mágica.

— Seu aniversário. Esquecesse seu aniversário. — ele riu sonoramente, e só então Park percebera que era verdade.

— Joon... Alfa. És perfeito — tocou o tecido com as mãos, observando sua conjuntura.

Havia um forro claro por baixo, e por cima o tecido lilás sutilmente cintilante lhe cobria. Tinha babados nas mangas, na gola levemente alta, e também nas barras; tudo o que o moreno mais amava em uma única peça. Havia ainda uma demarcação acima da cintura, de forma que ele fosse rodopiar lindamente caso dançasse.

— Como...? O tecido, os bordados... custarias de ti muitas moedas. — se sentiu efetivamente culpado por ter aquele presente tão caro. Jimin fazia o possível pra prover para que o Kim pudesse vender nas vilas, mas raramente o acompanhava nas longas viagens. Era um esforço muito grande e aquela linda peça vinha justamente disso.

— Taehyung. — sorriu, acariciando os cabelos de Jimin. — Ele está bem, achou alegria na vida. Encontrou conforto nos bordados também, e principalmente no filhote. Deu-lhe o nome de Jungkook, o irmão que Seokjin tanto amava. Fui à casa dele quando retornava da vila.

— Oh, Namjoon — murmurou com os olhos repletos de lágrimas. Todo aquele esforço provavelmente durara meses.

Os bordados eram lindos e muitíssimo bem feitos: Kim podia vendê-los na cidade e endinheirar facilmente.

Mas aquela peça não tinha valor mundano que pagasse. Era linda e seria linda mesmo de olhos fechados. Era a felicidade que sentia ao tocar o vestido leve, ao senti-lo deslizar no corpo e ao encarar seu reflexo no grande espelho ao lado do ninho.

E mais ainda, enxergar o reflexo de Namjoon sorrindo ao seu lado enquanto o fazia.

delicácia {minjoon}Onde histórias criam vida. Descubra agora