all these years.

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20:40.

Ao chegar em casa Noah chutou os tênis e sentou no sofá, fechou os olhos enquanto afundava nas almofadas macias. Ele podia dormir ali, era só jogar um cobertor em cima de seu corpo e tudo ficaria perfeito. Ouviu o som de passos nas escadas e segundos depois sentiu algo pulando em colo, não precisou abrir os olhos para saber quem era, a lambida em seu rosto seguido por um latido eram o suficiente para poder identificar quem estava em seu colo.

— Você não vai deixar o papai dormir? — Perguntou enquanto recebia outra lambida. Ao abrir os olhos viu sua Golden Retriever com a cara a poucos centímetros de seu rosto, ela o observava atentamente, provavelmente esperando que ele levantasse e brincasse um pouco com ela. — Quando lhe adotamos o rapaz não falou que você tinha tanta energia assim.

Recebeu uma versão de sorriso cheia de dentes e involuntariamente retribuiu, se a alguns meses atrás alguém que lhe falasse que cachorros sorriam ele iria dizer que a pessoa estava louca, mas ali estava ele, olhando sua garotinha sorrir e se sentindo todo feliz por isso. Josh costumava zoa-lo dizendo que ele era um babão de cachorro e que isso era um indicativo do quão babão e bobo Noah seria quando tivesse um filho ou filha.

Se alongou e se levantou do sofá, precisava de uma xícara de café e de um donuts. Olhou por cima do ombro e viu que o lugar que antes ele estava sentando no sofá agora estava ocupado pela sua Golden Retriever, deitada com a cabeça entre as patas ela o observava caminhar pelo apartamento. Se perguntassem a Noah qual era o seu lugar preferido no mundo ele diria sem nem ao menos precisar pensar: sua casa. Cada mínimo detalhe tinha sido projetado de forma minuciosa pelos arquitetos, era pra ser um ambiente minimalista, mas agora era tomado pelo caos. Quadros descombinados nas paredes, um unicórnio de pelúcia no chão, um poster de The Notebook e vasos de plantas com luzinhas em volta. E fotos. Fotos por todos os lados.

Foto dos pais dele durante a viagem que fizeram para Finlândia, foto do primeiro ensaio oficial da Chump Change, uma foto dele fazendo caretas com Heyoon e Josh, foto dele e Hina gargalhando. Um mini Noah de 8 anos segurando sua primeira guitarra, retrato de Joalin usando uma jaqueta de couro cheia de franjas e sorrindo. Fotos dela. Uma verdadeira galeria de fotos, um mural de pessoas e momentos. 

Entro na cozinha e sigo em direção a cafeteira de metal perto da pia, começou a cantarolar uma música aleatória enquanto colocava o pó na cafeteira e enchia de água. Em poucos minutos a cozinha é preenchida pelo aroma de café. Abro o armário a procura da minha caneca preferida, a com estampa dos padrinhos mágicos, e ao achá-la sirvo um pouco de café. Queria beber uma caneca cheia, mas isso o faria ficar acordado até tarde e Haley o esganaria se ele chegasse atrasado ou com cara de zumbi na entrevista matutina.

Tomou um gole do café e caminhou em direção a mesa onde a caixa de Dunkin Donuts estava, ao abrir a caixa deu um sorriso ao ver uma mordida no donuts caramelo e no donuts de creme brulee, pegou um dos donuts mordidos e terminou de comê-lo. Alguns minutos depois tinha terminado de consumir o líquido quente em sua caneca e comido mais dois donuts, durante todo esse processo estranhou o silêncio que dominava o apartamento. Normalmente o apartamento era cheio de sons, risadas, latidos e músicas que ele não entendia metade do que estava sendo dito, e a ausência dessas coisas o estavam deixado intrigado. Deixou a caneca em cima do balcão e começou a andar na direção para sair da cozinha.

Ao chegar na sala abriu um sorriso ao ver que Shelby ainda deitada no mesmo cantinho do sofá, ao ouvir seus passos ela abriu os olhos, o olhou por um instante e voltou a fechá-los, parecia totalmente desinteressada em sua presença, totalmente diferente de como estava a minutos atrás quando o viu deitado no exato lugar onde ela agora estava.

Subiu os degraus de dois em dois, se sua mãe estivesse ali iria ralhar com ele e falar coisas do tipo "você não é mais uma criancinha" ou "um dia você vai cair e se machucar", ela parecia não entender que subir assim era mais divertido e também economizava mais tempo. Ao chegar ao segundo andar ouviu uma música tocando, parecia vir do último quarto do corredor, mas especificamente o seu quarto. As cortinas estavam fechadas impedindo que a claridade da lua e das luzes da cidade entrassem no quarto, fazendo com que a única fonte de luz fosse uma vela na mesa de cabeceira. Jogado de qualquer jeito em cima da cama estava uma calça de moletom e uma t-shirt velha dele, ao ver isso resolveu tirar as suas roupas e jogá-las no mesmo lugar, enquanto terminava de tirar a calça os primeiros acordes da música começou. A voz de Harry Styles preencheu o ambiente e Noah seguiu em direção a ela.

Ao chegar no banheiro a cena que ele encontrou o fez sorrir. Ali no meio da banheira cheia de espuma estava uma garota, os cabelos presos em um coque e os olhos fechados enquanto cantava aos berros as letras de Falling. Ela, e o Harry Styles, cantavam sobre estar desabafando novamente e Noah meio que se sentia assim todas vez que a via. Se perguntava se um esse sentimento iria passar, porém duvidava muito. Era completamente e loucamente apaixonado por aquela garota, amava cada detalhe dela, cada curva e imperfeição. Sabina era tudo pra ele. O seu início e o seu fim.

Como se sentisse que estava sendo encarada a morena abriu os olhos e o fitou, parou de cantar desafinadamente e sorriu para ele. Sabina o olhava como se ele fosse a coisa preferida dela no mundo, como se ela tivesse ganhado na loteria ao tê-lo, mas o sortudo ali era Noah. Tinha sorte por alguém tão incrível como ela o amar, sorte por tê-la reconquistado depois de todos esses anos que passaram separados, sorte por dividir um lar e a vida com ela. Queria gritar para o mundo que a amava e que ela era sua garota, mas por enquanto preferia guardar aquele segredo, proteger ela e o relacionamento deles de toda a toxidade que os esperava quando assumissem que estavam juntos novamente. Os dois sabiam que quando a notícia vazasse a vida dela viraria uma loucura e que iriam enfrentar muita coisa, mas os dois estavam dispostos a fazer isso, juntos, com ela ao seu lado Noah sentia que poderia enfrentar o mundo.

Enquanto ele tirava a cueca a morena deslizou um pouco para frente, abrindo espaço para que Noah pudesse sentar atrás dela. Água e espuma escorreram pela banheira quando ele entrou, fazendo com ela soltasse uma gargalhada. Passou os braços em volta dela a puxando para mais perto do seu corpo, passaram uns minutos apenas abraçados em silêncio, apenas apreciando a companhia um do outro. Para Noah aquilo era uma prévia do paraíso.

— Noah? — Ela sussurrou.

— Oi. — Disse no mesmo tom de voz que ela.

— Eu te amo.

Porque mesmo depois de todos esses anos ela continuava o amando e não cansava de repetir que ele era o único mesmo depois de tanto tempo.

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