Já haviam se passado quatro dias desde quando escrevi aquela carta, onde minha última esperança e coragem era ele, todas as noites eu pedia para Deus que quando eu estivesse ali com o meu futuro esposo e total desconhecido, quando o padre pergunta se “há alguém que se oponha a essa união divina? Fale agora ou cale-se para sempre” ele abrisse as portas da igreja e dissesse “eu” e então ali eu poderia criar um misto de coragem e euforia e fugir com ele — não para sair de um casamento e pular em outro, mas para ter um motivo, uma esperança de arriscar tudo que eu tinha aqui e poder conhecer novos horizontes, ao lado meu grande amigo e primeiro amor.
Parece bobeira já que faz tanto tempo, mas a esperança é a última que morre, já dizia o ditado — e eu sou brasileira, e brasileiro nunca desiste. E eu não ia desistir de não me casar com esse desconhecido. Volto minha atenção para a estilista que conversa comigo e minha mãe animadamente sobre o vestido da festa, a cor do das madrinhas e etc, mas ali eu vi uma oportunidade perfeita de descobrir o endereço de nossa antiga casa.
— Mãe gostaria de convidar Kiara para ser uma de minhas madrinhas.
— Aquela menina de anos atrás, que tinha cabelos cacheados?
— É mãe, lembra os pais delas eram nossos vizinhos.
— Ah! Claro, achei que você não gostasse dela... — disse ela completamente certa.
— Claro que gostava, ela era a única menina da elite que eu conseguia me dar bem. — menti.
— Bom sendo assim, peço para seu pai convida-lá.
— Eu gostaria de eu mesma convidar, em forma de carta.
— Bom, não é muito formal, mas tudo bem.
— Mãe e o endereço?
— Falarei para seu pai enviar para você.
O resto da tarde foi totalmente entediante e assim que começava a anoitecer eu já estava em meu quarto, olhando a cada 5 minutos em meu e-mail para ver se ele já tinha mandado, já estava cansada de esperar e ansiosa. Então me lembrei que precisava escrever algo para Kiara, se não daria muito na cara — eu odiava aquela garota, esnobe só porque tinha mais condição que o outro. Fiz um pequeno rascunho para ela da forma mais formal e falsa possível, peguei uma folha branca e lisa e comecei a escrever, mas então ouvi o barulho da notificação vir do computador, larguei rapidamente a caneta e logo me coloquei em frente ao eletrônico e abri o e-mail e lá estava ele, o e-mail o qual eu tanto esperei, abri e li em voz baixa e logo um sorriso vitorioso escapou de meus lábios. Eu estava a um passo de enfim concretizar a minha fuga.
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O Destino
Short StoryA família Menezes faz parte da elite; sua casa luxuosa, seus carros importados e as muitas viagens que a família fazia delegavam isso. A família era típica de comercial de margarina, o pai um empresário, a mãe do lar - vivia para o marido e uma ún...