Capítulo 3 - Não quero apenas essa noite

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Dimitri

Sempre fui um homem sensato e controlado. Dificilmente me deixava levar por algum sentimento sem antes entender tudo o que acontecia. Mas desde o dia em que recebi aquele bilhete, isso mudou.

Vlad, como o nomeei, tinha aparecido na minha janela várias vezes e só ficava lá parado, até que um dia o convidei para entrar.
Ele não fez nenhum movimento para sair de onde estava, então o deixei lá. Gatos geralmente não faziam o que era esperado.

Por causa da pandemia tive muito mais tarefas para fazer. Meu nível de estresse estava elevado e minha mente um pouco desgastada. A empresa estava tentando antecipar futuros danos e nosso setor ficou sobrecarregado com isso.

Estava distraído lendo alguns relatórios quando senti um leve roçar na minha perna. Era Vlad. Subiu no meu colo e começou a fazer tipo uma massagem, suas patas da frente 'caminhavam sem sair do lugar' em cima da minha barriga enquanto ele ronronava. Aquilo tudo inesperadamente foi me relaxando e assim continuou.
Ele sempre vinha nos dias mais ruins e aprendi a apreciar sua companhia. Aparentemente ele não tinha uma família, ou os donos não ligavam muito para ele, pois ele estava um pouco sujo e sua coleira - que eu mais classificaria como um cordão velho - estava quase se quebrando.

Decidi cuidar dele sempre que viesse. Comprei tudo que ele precisava.

Uma vez ele ficou mais dias do que normalmente e o levei para tomar banho e ir ao veterinário. No dia seguinte ele tinha ido embora e quando voltou tinha aquele bilhete no pescoço.

Eu pensei que alguém estava tentando me trolar, então não respondi de imediato. Mas Vlad miava para mim e pulava na mesa e deitava em cima do livro que eu tinha colocado o bilhete.

Foi aí que percebi que ele não se contentaria até que eu mandasse uma resposta. Era louco, eu sei, mas li uma vez sobre a sensibilidade do gato.

Respondi aquele bilhete e quando fui respondido não consegui parar. Daí surgiu uma grande amizade. Eu tinha poucos amigos, e o melhor tinha voltado para Rússia, que era onde estava toda minha família.

Rose tinha se tornado muito especial. Uma pessoa em que podia confiar.
Era estranho falar com alguém assim, mas me lembrava um pouco dos livros. Logicamente era por carta, mas toda aquela sensação de não conhecimento dava mais semelhança.

No começo fiquei um pouco receoso por conta da sua idade. Ela era muito nova, não tinha nem alcançado a maior idade completa dos vinte e um, mas quanto mais a conhecia menos me importava com esse fato. Rose era muito desenvolvida para sua idade.

Quando cheguei ao lugar marcado estava estranhamente nervoso. A expectativa de vê-la era muito grande.
Eu tentei de todas as formas fazê-la confiar em mim. Falei meu nome, meu endereço e mandei um foto. Não pedi nada em troca para não força-la. Acreditava que quando ela realmente confiasse em mim me diria.

Cheguei cinco minutos antes e a achei facilmente. Ela tinha me enviado sua foto somente hoje pela manhã. Perdi o fôlego.
Seus cabelos eram escuros quase pretos, ela era baixa, como eu sabia que seria, e completamente linda.

Eu estava tão nervoso que parecia mais um daqueles adolescentes no primeiro encontro, mas tentei ao máximo não demonstrar. Quando ela sorriu para mim e me deu um grande abraço, fiquei um pouco surpreso - mas então era Rose, tão energética e impulsiva quanto ela me falou que seria - finalmente relaxei.

Nosso abraço foi demorado, e pude sentir os contornos de seu corpo. Tive que controlar as respostas do meu corpo quando ela me apertou um pouco e passou as mãos por minhas costas. Nunca meu corpo reagiu tão rapidamente a uma mulher.

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