A noite estava silenciosa, quase não haviam carros na rua, era um momento ótimo para pegar em um sono maravilhoso...
Se não fosse pelos desgraçados dos vizinhos de David que não poderiam estar gritando mais.Deus, Nick nunca entenderia como seu amigo conseguia dormir naquele quarto.
Aliás, como todos os três de seus amigos conseguiam dormir ali.Depois de ficar quinze minutos se revirando no colchão, o ruivo decidiu ir tomar uma água para poder sair daquele constrangimento em forma de som.
O garoto se levantou, pegou seu celular e foi silenciosamente para a cozinha, acendendo a luz e vendo que o garoto do número desconhecido o havia respondido.
Já eram três da manhã – os amigos decidiram ir dormir mais cedo --, será que conseguiria conversar com aquele garoto de aparelho?
De qualquer jeito, ele pegou um copo qualquer e encheu de água da geladeira, mandando mais uma mensagem:
“Qual seria seu nome, garoto de aparelho?”
Será que ele o responderia de novo? E se o bloqueasse?
Por que ele estava se importando com essa opção?
Nick pegou o copo de água e parou em frente a uma janela na cozinha.
A lua brilhava sobre Bolton, solitária em um céu engolido pela escuridão.
Quantas noites não passara acordado olhando para essa mesma lua enquanto parecia se afogar em suas lágrimas?Odiava sua casa. Odiava sua família. Com todas as forças. Odiava a forma como era tratado dentro de sua casa, odiava como parecia que ninguém se importava, odiava o fato de os pais sempre fingirem que são uma família perfeita nas raras vezes que os três estavam juntos em público.
Odiava toda aquela merda.
A única pessoa que sabia de pelo menos metade das coisas que aconteciam naquele inferno era David. Mas claro, ele não sabia de tudo.
Não sabia do motivo de todo aquele desprezo.
Pelo menos o mais alto nunca havia pressionado Nick para que o dissesse com detalhes o que acontecia. Ele sempre dava espaço para o ruivo, sempre compreendia que não era uma coisa fácil de se falar na maioria das vezes, mesmo com Nick já acostumado com toda a censura dentro de casa.
Uma vibração vinda de seu celular o acordou de seu transe e ele olhou para o aparelho.
O garoto o havia respondido.
“Você não me conhece?”
O ruivo riu com deboche.
“Como eu conheceria alguém que eu nunca nem vi?”
Um momento de tela quieta, o garoto escrevendo e apagando diversas vezes.
“Espera, como você conseguiu meu número?”
“Digitei um número aleatório que, por acaso, era o seu 😉”
Um momento de quietude. O garoto provavelmente estaria rindo do outro lado da tela.
“Você sempre manda mensagem para estranhos assim?”
Nick sorriu de canto. Talvez o garoto de aparelho estivesse rindo mesmo.
“Minha primeira vez”
Depois de alguns minutos de silêncio dos dois lados, Nick digitou:
“Você ainda não me disse seu nome...”
Agora seria a hora certa para o bloquear. Um número desconhecido o mandar mensagem de um jeito tão casual, quem confiaria nisso?
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O céu está azul hoje
RomansaNick é um gay não assumido que vive com seus pais homofóbicos, ouvindo tudo o que não precisa. Leon, um panssexual assumido e muito apoiado por sua família e amigos. Duas almas desconhecidas e completamente diferentes, mas ainda assim, unidas. Este...