capítulo 13: sem remetente

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Assim que o alarme dispara após o almoço, retorno para a sala de aula.

Para a minha surpresa, Arthur Ohlsson sai dela assim que me aproximo, e se surpreende ao me vê.

— Nora? — ele olha para todos os lados, menos para o meu rosto.

O que ele tem?

— Oi, Arthur.

Sei que ele não é dessa turma, então estranho sua presença ali.

— Oi pra você também. — murmura. — Hm... eu já vou indo. Tchau.

— Tchau.

Ele me dá as costas e segue apressadamente pelo corredor.

Sem pensar muito, entro na sala de aula, seguindo até minha carteira. Estranho o fato de não ter quase ninguém na sala, exceto July Campbell que está de fones de ouvido e com os olhos pregados na tela do celular.

Estou prestes a abrir o livro que deixei em cima da carteira, quando algo cai de dentro dele e chama minha atenção.

Pego o bilhete perfeitamente dobrado, com o cenho franzido.

Eu o desdobro, então reconheço a bela caligrafia.

Já faz algum tempo desde que não recebo nenhuma carta do meu suposto admirador secreto. Um espaço de cinco meses talvez.

Isso me intriga porque esse evento é frequente desde os meus quinze anos de idade, então fico entre um estado de euforia, por ser elogiada tão apaixonadamente, e um pouco tomada pelo medo, afinal o meu admirador é um completo desconhecido. Além disso, suas cartas sempre são deixadas sobre minha carteira ou dentro da minha mochila, durante o espaço de tempo em que estou na escola.

E agora estou com uma nova carta na mão.

Ela diz o seguinte:

Demorei um tempo para escrever, Nora, e imagino que esteja sozinha nesse momento, curiosa para o que tenho a dizer. Bom... eu não disse antes, apesar de sempre expressar minha extrema admiração, mas você já deve desconfiar que eu sou louco por você. Completamente louco. E dizer isso é tão natural quanto respirar.

Nenhuma quantidade de fogo ou frescor pode desafiar o que um homem irá guardar em seu fantasmagórico coração.

Espero que esteja bem.

Um enorme abraço do cara mais apaixonado do mundo.

Apenas isso.

Pelo menos tenho noção de que sabe o meu nome e que gosta de citar O Grande Gatsby.

Quem será?

Talvez algum perseguidor maluco?

Ou apenas um cara solitário a procura do amor?

Guardo a carta na mochila, esperando juntá-la à minha coleção quando chegar em casa. Apesar de tudo, decidi não jogá-las fora. São fofas, apesar de eu não saber por quem são enviadas.


***


— E o admirador secreto ataca de novo! — Caden observa a carta com atenção.

Acho engraçado que, diferente do garoto que antes dava chilique com seus ataques de ciúmes, Caden tenha mudado muito desde então com relação às cartas. Como não sabe quem é, decidiu agir pacificamente. Isso significa que ele sabe das cartas desde que recebi a primeira. Não achei estranho contar para ele, afinal é meu melhor amigo. E amigos servem para essas coisas.

Ele Não Me AmaOnde histórias criam vida. Descubra agora