Eu senti que atingi o ápice da minha vida
quando vi quatro meninos de bicicleta
conversando no meio da noite
em frente a minha casa,
e senti inveja.
Aqueles quatro meninos os quais
o nome não faço a menor ideia,
estavam aproveitando a vida.
Primeiro os desaprovei
por estarem na rua tão tarde.
Mas após observá-los por um tempo,
desejei ser um deles.
Eu os observo por uma fresta
da janela do meu quarto
por medo de ser vista.
Eu vi todos eles descerem
de suas bicicletas para ajudar
a consertar uma de um de seus amigos.
Vi eles andarem em círculos
só por diversão.
Subirem e descerem uma rampa.
Só por diversão.
Eu os vi rindo e se divertindo.
Não queria que fossem embora de jeito nenhum.
Eu gosto de vê-los.
Me sinto bem
vendo-os se divertirem.
Vendo adolescentes sem medo
de serem crianças.
Eles empinavam suas bicicletas
e davam leves gritos de animação,
afinal de contas... era madrugada.
Ouvi a risada deles
e senti o calor da amizade
daqueles quatro meninos.
Desejei ser um deles.
Meu coração se enche de alegria
por ver completos estranhos se divertirem
na frente da minha casa.
De algum modo,
eles me mostram a beleza da amizade
de um jeito tão simples mas tão bonito.
Eu podia sentir a amizade deles...
Ela tocava meu coração
de um jeito que até doía.
Mais uma vez torci para que
eles não fossem embora,
para que pudesse ficar
os observando a noite inteira.
A amizade deles me fez sentir em casa,
mesmo já estando dentro dela.
Colada na minha janela.
Eles trocavam suas bicicletas entre si,
como se confiassem no cuidado uns dos outros.
Eu vi prováveis adolescentes durões
sendo crianças por uma noite
com seus amigos.
Isso me emociona.
Os vi rindo das palhaçadas
uns dos outros.
E quando finalmente foram embora...
Eu sussurrei meu muito obrigada pela janela.
Aos meninos que nunca conheci.
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Se minha alma falasse...
PoetryPoemas escritos para aliviar uma alma que seu único idioma é poesia.