Capítulo 2 - Cinco mensagens perdidas

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Deixei meu celular cair no chão com o susto. O que eu faria agora? Eu não podia ter enviado essa mensagem pra Alice!
As minhas mãos suavam e eu peguei o celular do chão com medo de ler a resposta dela.

E então Eduardo? Vai me deixar falando?

Fiquei um tempo paralisado com os olhos presos na tela, tentando desvendar o significado dessa mensagem. Se ela respondeu assim, é porque não tinha lido, não é?

Joguei o celular na cama e respirei aliviado, eu não queria que ela descobrisse tudo dessa forma.

Porém essa quase declaração ficou martelando na minha cabeça, então peguei meu violão novamente e comecei a tocar alguns acordes, tentando transformar meus sentimentos em melodia. As palavras eram muito verdadeiras e me acertavam em cheio toda vez que eu as repetia, mas estava ficando bonito.

Meu estômago roncou me lembrando que eu ainda não tinha comido nada desde que tinha chegado da escola, a música estava quase pronta e eu olhei no celular eram 15h e tinham mais três mensagens não lidas da Alice. Decidi que ia comer, terminar a música e depois lidar com ela.

Minha mãe estava  trabalhando e Bruno provavelmente no ensaio da banda ou na academia, o que me deixou sozinho e tranquilo para lidar com meus pensamentos e meu mau humor sem ter que dar satisfação a ninguém. Após requentar o almoço e comer em frente a televisão, lavei minha louça e voltei para o quarto. Mais alguns acordes e a música estaria pronta. Eu já tinha escrito algumas músicas antes, mas essa estava ficando muito boa. Marquei as notas e escrevi a letra na cifra, guardei minha pasta e deitei sentindo o peso do almoço amolecer meu corpo. Ia pegar meu celular e ver as mensagens da Alice, mas acabei caindo no sono. Acordei horas depois, com minha mãe entrando no quarto, me dando um beijo de parabéns e me chamando para jantar. Chequei o celular e me assustei: cinco mensagens da Alice.

14:30

Precisamos conversar, hoje!

15:00
Tá ok, Ed, vou te dar o benefício da dúvida e pensar que o esbarrão no aluno novo foi sem querer.

16:30
Ed, alguns amigos me convidaram pra sair hoje à noite, vamos comigo por favor?

18:00
Poxa, Ed, preciso tanto conversar com você e você me dando esse gelo! O que eu te fiz?

19:30
Eu não queria ir sozinha... Mas prefiro ir sozinha do que ficar na minha casa hoje. O clima tá bem pesado aqui 😢Não imaginei que você iria me abandonar hoje! Adeus!

Ao ler tudo me senti culpado por não ter visto antes. Ela não era de mandar tantas mensagens assim, então devia realmente estar precisando conversar.

Olhei pela janela e a luz da casa dela estava apagada. Pelo horário, seu pai já estava trabalhando e ela provavelmente tinha saído mais uma vez escondida dele. Digitei uma resposta me desculpando, mas a mensagem não foi nem entregue, liguei e caiu na caixa postal então desci, ainda mais desanimado, para jantar.

Minha mãe estava se sentando à mesa quando entrei na cozinha; meu padrasto e o Bruno já estavam sentados comendo. Dona Rosa era muito nova quando engravidou de mim e a relação dela com meu pai não deu certo. Na verdade, nunca cheguei a conviver com ele e quando eu ainda era criança ele faleceu. Meu padrasto, Pedro, está casado com ela há quatro anos, eles se conheceram no trabalho já que os dois são advogados. Gosto dele desde o começo, ele sempre foi bom para minha mãe. Só que ele veio com um adicional: Bruno, filho dele, um ano mais novo que eu.

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