Capitulo 8 - Novas descobertas

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Eu já estava quase desistindo de esperar quando Alice abriu a porta pra mim. Sua cara era de espanto, com certeza não esperava me ver naquele momento.

Indiferente a isso, avancei para o interior da casa sem dar tempo para que ela esboçasse qualquer reação. Precisava por pra fora tudo que estava sentindo. E hoje ela me ouviria.

— Preciso falar com você! — falei passando por ela mas a minha voz morreu quando olhei ao redor.

As coisas estavam diferentes na casa, a sala estava vazia, cheia de caixas de mudança.

— O que é isso? Você vai mudar? — me virei para ela procurando resposta.

— E você se importa? — retrucou amargamente, mostrando sua chateação comigo enquanto cruzava os braços e mantinha o corpo recostado na porta.

— Não deveria, né? Já que você nem se deu ao trabalho de me contar. — Aquela noite estava ficando cada vez mais difícil de lidar.

— Você estava ocupado demais com sua nova vida, Ed, decidi não te atrapalhar mais com minhas merdas. — Alice passou por mim, e me direcionou um olhar cheio de tristeza e dor antes de se sentar no sofá, cabisbaixa.

Me sentei ao lado dela, ainda chocado com a reviravolta que acabara de acontecer.

— Por que não me falou antes? — perguntei novamente, após um longo e doloroso silêncio.

A raiva inicial se transformava em angústia, deixando meu peito apertado de uma forma que parecia que não conseguiria mais respirar.

— Ah, Ed, tanta coisa aconteceu. — Alice soltou um longo suspiro. — Comentei com você que meu pai queria ir embora e que tínhamos brigado. No fim, ele ganhou, como sempre. — Sua voz estava tão triste que levantei meu rosto para encará-la. 

— E seu pai? Por que ele quer tanto mudar? — Nunca gostei muito daquele homem, mas agora estava passando a odiá-lo.

— Por causa da noiva dele e o filho que ela carrega. — Alice se levantou parecendo perdida. — Tive que brigar para que me deixassem terminar o ano letivo aqui, eles querem ir embora o mais rápido possível. A casa já está vendida e meu pai vai passar o dia todo fora amanhã para terminar de assinar as documentações.

Conseguia sentir a indignação de Alice em suas palavras, a dor brilhou em seus olhos quando ela completou olhando para mim.

— Vamos para o Sul, Santa Catarina. A família da noiva dele é de lá.

— O quê? Não! Você não pode ir, Alice! — exclamei, angustiado demais com a falta de ar e a dor no estômago que tomavam conta de mim. 

Sul? Ela não ia somente para outra cidade... e sim para outro estado, a centenas de quilômetros de distância.

— E como iria viver aqui? A casa vai ser vendida. Preciso estudar, e mesmo com tantos problemas com meu pai, tenho que ir com ele, sou menor de idade, Ed! Já não tenho mãe, não posso ficar sem pai também! — assim que terminou de falar, as lágrimas brotaram de seus olhos.

— Mas e nós? Não posso... Como vou ficar sem você, Alice? Temos que pensar em um jeito de você ficar! — gaguejei em meio ao desespero, andando de um lado para o outro na sala.

— Não tem jeito, Ed. Passei todos esses meses pensando e não cheguei a nenhuma conclusão. — Ela se virou para mim balançando a cabeça, sua tristeza se transformando em raiva. — Mas você vai ficar bem sem mim... ainda mais agora que tem a Lana. Já não existe nós há muito tempo! — ela rebateu, amargurada, se jogando no sofá e cobrindo o rosto com as mãos..

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