Dear, Benjamin!

07/03

Querido, Benjamin.

Eu não sei como começar essa carta sem que meus olhos se encham de lágrimas. Sua mãe quem me deu a idéia de escrever para que você soubesse tudo o que houve nesse meio tempo. Te ver naquele estado, me deixou em choque. Mas quando os médicos me disseram que não tinha previsão de quando você acordaria, a culpa caiu sobre mim e eu só sabia chorar, nossos familiares tentavam me consolar, mas nada tinha efeito. Nada fazia a culpa sair de mim.

Fazem exatos sete dias desde o nosso acidente, e eu me pergunto como está sua cabecinha nesse momento. Digo, está realmente desacordado? Ou você sabe tudo o que está acontecendo. Sobre aquela noite, para ser sincero, eu não me recordo muito bem do que aconteceu. Mas nada disso me importa agora, tudo o que eu queria era que acordasse e eu pudesse me desculpar por isso. Por tudo de ruim que eu causei a ti. Por toda dor. Por cada lágrima. Entretanto, eu só poderei fazer isso quando acordar. 

Os flashs do acidente não saem da minha mente, mas eu não consigo entender, só sinto que a culpa foi minha. Queria estivesse acordado para me contar tudo o que aconteceu, como você sempre fez. Meu corpo ainda dói, eu tive alguns cortes no rosto e pelo corpo, mas sua mãe diz que isso vai me dar um ar de "badboy", eu acabei rindo sem graça, para não deixa-lá pior, afinal o filho estava em coma. 

Eu queria essa primeira carta fosse mais positiva, mas me perdoe, amor. Eu tento me manter positivo e cuidar de tudo aqui fora, mas sinto tanto a sua falta que dói mais que esses ferimentos externos. É estranho, sabe? Eu não sabia que era possivél amar tanto alguém como eu te amo. Os médicos me disseram sobre você ter pego alguma bactéria em um dos ferimentos, e isso me deixou mais apavorado ainda. Sua mãe tentava me acalmar e eu tentava ajudar da forma que podia. Mas vamos ser sinceros, tanto eu quanto ela somos mais sensiveis que açucar perto da água. 

Eu tomei a liberdade de passar um tempo com ela, morando na mesma casa e a ajudando com as coisas básicas. Eu dormi essa noite no seu quarto. E que dor, meu deus. Sua roupa de cama ainda tinha seu cheiro. Assim que eu deitei a cabeça no travesseiro e inspirei seu perfume do cobertor, me desabei em choro. 

Sei que não gosta quando sou tão sensivel e provavelmente vai ficar bravo quando souber que enxarquei sua fronha com minhas lágrimas, mas eu não tive controle. Sei o que vai dizer quando ler isso, "Você nunca tem controle". Eu acho que para uma primeira carta está bom. Acorda logo, meu bem. Eu..Nós precisamos de você.

Com amor, Vênus.