Dear, Benjamin!

27/06

Querido, Benjamin. 

Eu tomei coragem e decidi escrever essa carta para ti. Seu celular voltou do conserto e assim que conectou a internet, ele não parava de apitar. Quase três meses sem ninguém tocá-lo, já era de imaginar que isso aconteceria. Eu não mexeria nele, deixei com sua mãe e ela tomaria conta dele. 

Um dia, ela me chamou para conversar e quis saber mais sobre nosso relacionamento. Eu estranhei esse desejo vir do nada, mas comecei a contar para ela. Mas a feição de preocupada ficava cada vez mais evidente em sua face. Você já sabe porque, não? Mas tarde naquele dia, ela me entregou seu celular, quase chorando. Eu não entendia ainda o motivo daquilo.

Então, na escola tivemos uma palestra sobre relacionamentos abusivos. Eu sentia os olhares queimando em minha direção e mais um flash vinha a minha mente. Você me bateu. Achei que seria coisa da minha cabeça, de novo. Afinal, eu lembrava do que tinha me dito. Eu surtei por causa de ciúmes, arrumei briga com um cara e ele acertou um soco em mim. Eu desmaiei e acordei na sua cama. Sem roupa, como de costume. Mas esse flash parecia tão real, que meu rosto formigava ao lembrar disso. 

Maggie me convenceu a ir na terapia, mesmo que eu não estivesse com muita vontade, eu fui. E meu bem, a Doutora me explicou o motivo por trás das minhas perdas de memórias. Elas acontecem sempre que eu passo por uma situação que me desestabiliza, e faz sentido isso. Considerando todos os fatos, realmente faz muito sentido. Sua mãe tem me levado as consultas e temos passado cada vez mais tempo juntos. 

Eu descobri que as pessoas gostam da minha voz, você costumava dizer que era horrível quando eu cantava, mas a professora de música discordou. Você mentiria para mim, Ben? Brincadeira, eu sei que não. Você sabia que consigo alcançar notas super altas? Eu não sabia disso. Me convidaram para participar do musical desse ano, espero que não fique bravo quando acordar. 

Com amor, Vênus.

P.S. Tenho gravado os jogos para você.