I | "Que Deus me perdoe"

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A casa dos Dias em Alfama estava envolta num pesado silêncio. Quem se encontrava lá dentro estava uma autêntica pilha de nervos, fervilhando em dúvidas e preocupação.

Helena, regressada do trabalho há pouco mais de uma hora, andava para trás e para a frente pela casa dos sogros, indecisa entre pegar nas chaves do carro para iniciar as suas próprias buscas, ou ligar para o marido no estrangeiro, para tentar informá-lo do problema que tinham em mãos.

Adriana estava sentada no sofá da sala com o avô, tentando transmitir alguma calma e amparo. Ela já não via a hora de receber a chamada que a irmã mais velha tinha prometido.

Porque é que estavam a demorar tanto tempo? O que é que tinha acontecido à Dona Maria Amélia?

O telemóvel de Helena tocou. O senhor Alfredo e a neta mais nova apuraram a audição.

— Ai, ainda bem! — Passos apressados percorreram a casa e a mãe da Adriana apareceu no vão da porta. — Ainda bem, Concha. Até já!

Com um sorriso, Helena dirigiu-se a Alfredo Carvalho Dias:

— Encontraram a Dona Amélia, meu sogro. Ela está bem.

O senhor Alfredo levou a mão ao peito e respirou fundo, de alívio. Contudo, depois daquela tarde, a família nunca mais foi a mesma.

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