• Epígrafe - O fim •

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"O verdadeiro nascimento está no fim. "

Ernst Bloch

Entro na capela da faculdade, como dizia para fazer no último bilhete, e dou de cara com o longo corredor escuro que acaba no presbitério, no qual uma única luz amarela pende sobre o mesmo. Apesar de estar com medo, vou acabar com toda essa palhaçada hoje. Palhaçada que tirou o seu sono, não é, Elizabeth? Tento afastar os julgamentos da minha cabeça, mas mesmo assim uma voz continua sussurrando na minha mente que a culpa é unicamente minha. Como pude ser tão idiota para prolongar isso?

Começo a andar em direção ao altar e, chegando mais perto, consigo ver um envelope ao lado do Santíssimo Sacramento. O envelope é dourado assim como a cruz ao lado e tem um adesivo preto, o que dá um tom macabro ao que quer que esteja escrito no bilhete dentro. Não tem nada escrito na parte de cima e, antes de pegá-lo, olho em volta para ver se estou realmente sozinha.

Assim que toco o papel, ouço algo de ferro caindo no chão, produzindo um barulho agoniante quando o objeto toca a cerâmica. Me viro rapidamente e encaro a escuridão como se eu fosse enfrentar o que quer esteja nas sombras. Um frio me percorre a espinha e eu não paro para pensar em mais nada. Coloco o envelope no bolso de trás da calça e corro de volta para a entrada da capela. Eu não deveria ter vindo aqui. Eu deveria ter ignorado, deveria ter feito qualquer coisa que não contemplasse vir até aqui de noite. Burra, burra e burra.

Faltam apenas alguns metros para finalmente sair daqui quando alguma coisa ou alguém me acerta com tudo. Bato a cabeça em um dos bancos com força suficiente para ficar zonza e ouço passos em minha direção. Nesse momento parece que meu coração vai sair pela boca. Meu estômago se revira quando alguém me puxa pelo colarinho da camiseta.

— Eu achei que você fosse mais esperta, Elizabeth. Sempre estudando, tirando boas notas e veio até aqui sozinha, de noite, sem saber o que poderia estar te esperando? Você é tão ingênua. — A pessoa em cima de mim diz, quase cuspindo na minha cara.

Eu estaria fervendo de raiva se conseguisse ao menos raciocinar e relacionar a voz com alguma que eu já havia ouvido, mas ninguém me vem à mente. Minha cabeça está doendo demais para ter qualquer tipo de raciocínio concreto. A pessoa que eu ainda não sei quem é começa a me arrastar para fora da capela e, assim que saímos, tento abrir um pouco meus olhos.

Sou largada no chão com força e então, graças à luminosidade das poucas e fracas luzes do corredor, consigo ver quem está comigo.

— Eu não acredito que é você. — Tento falar o mais alto que posso, mas o que consigo soltar é um sussurro dolorido.

— Surpresa em me ver?

— Por que está fazendo isso? — Sinto as lágrimas nos meus olhos, mas as proíbo de saírem. Não vou chorar agora. Não mesmo.

— Eu te avisei, Elizabeth. Falei para você ficar longe do Anthony.

— Tudo isso por causa dele? — Apesar da dor intensa, solto uma risada contida e logo em seguida sinto uma ardência repentina na minha bochecha. Meu rosto vira com tudo para o lado. Um tapa.

— Não menospreze ele. Você não foi capaz de dar o amor que ele merece, mas mesmo assim me tirou o que era meu por direito. — Não consigo acreditar no que estou ouvindo. Minha cabeça dói e, agora, meu coração começa a doer também. Me culpo por ter me apaixonado, por cada beijo e brincadeira.

— Por direito? —  Dou mais uma risada forçada. — Isso não é amor. — Digo logo antes de receber outro tapa.

— Você vai pagar por tudo que me fez. Espero que depois disso você aprenda a lição.

As palavras mal chegam nos meus ouvidos e sinto um chute no estômago que quase me faz vomitar. Isso não pode mesmo estar acontecendo.

A pessoa senta em cima de mim, me segurando pela camiseta e deposita vários socos e tapas na minha cara, apesar dos meus esforços para tentar me defender. Continuo recebendo vários tapas e socos enquanto sinto minha consciência se esvaindo. Antes de apagar completamente, eu só consigo pensar: até onde as pessoas podem ir pelo que elas consideram ser amor?

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Notas da autora

Oii, amores! Como estão? 

O que esperar de uma história que já começa com tiro, porrada e bomba? Espero que vocês tenham gostado e que estejam tão ansiosos quanto eu ❤

Vou tentar manter publicações semanais, no dia da semana que meu coração mandar. 

Deixo aqui meu agradecimento à witcherchaos que fez essa capa linda para mim! Ela também escreve histórias incríveis, vão lá dar uma olhadinha. 

E a todos vocês, meus amigos e leitores já presentes, sou muito grata pelo voto de confiança na minha história. 

Vamos que vamos porque estou muito animada irraaaaaaa

Beijinhos, Maeve 💕

Para sempre amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora