Vigília

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"Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça"

✞✞


   Cristiano entrou no quarto com passos lentos e leves, seus olhos escuros nunca desgrudando do meu. Se aproximou, sério e parou ao meu lado.

  Eu não conseguia falar absolutamente nada, só o observava de olhos arregalados com uma leve tremedeira e o rosto pegajosos de suor frio. Parte de mim não tinha força pra
Lutar mais. Parte minha queria saber o que estava por vir.

Ele estendeu a mão em minha direção e fechei os olhos, esperava seu toque malicioso mas ele somente pousou as costas de sua mão na minha testa, retirando logo em seguida.

- Você está suado, padre. - ele afirmou sem entonação.

Se afastou e entrou no banheiro, retornando pouco depois com uma bacia cheia de água morna e  toalhas. Fechei os olhos novamente.

  Ele me despiu devagar. Eu até o ajudei em certos momentos, com vergonha e ansiando o que estava por vir. Meu pênis há muito estava ereto mas Cristiano não parecia notar esse detalhe. Após ficar totalmente nu ele se ajoelhou ao meu lado e começou a me banhar no leito.

Nenhum de nós trocamos palavra alguma, o silêncio do quarto só era quebrado pelo barulho da água na bacia e da toalha passa do pelo meu corpo.

Seu toque era suave e firme ao mesmo tempo. Ele limpou meu rosto, meu tronco e minha virilha, sem nunca tirar seus olhos do meu. Seu cotovelo roçou em minhas bolas e eu suspirei e me remexi inquieto, esperando o bote, mas ele ignorou minha genitália e limpou minhas pernas.

O que ele estava tramando? Por que ele não me assediava? Por que ele não me seduzia?

Ele me virou de lado e lavou minhas costas com o mesmo profissionalismo e atenção de antes. Me fez sentar na cama e parou na minha frente. Era agora.

  - Padre. - Disse ele.

  - Cristiano - respondi rouco.

  Ele estendeu suas mãos e me levantou com suavidade. Meu membro encostando em sua calça. Me aproximei de sua boca esperando que ele desse tivesse a iniciativa mas ele se esquivou.

- Consegue ficar de pé um pouquinho? Só pra eu trocar sua roupa de cama?

O encarei atônito e sem reação. Ele realmente só veio para cuidar de mim? Gagejei uma afirmação e ele se afastou rápido, trocou os lençóis e fronhas e me deitou na cama novamente, se revistando ao seu lado em seguida.

Ficamos os dois ali, em silêncio. Eu confuso e ele a vontade. Após uma eternidade(que provavelmente fora alguns minutos) entendi o que ele queria.

  Ele queria que eu pedisse. Que verbalizasse o meu desejo.

  - Cristiano? - chamei baixinho. Meus olhos se pousaram no crucifixo no parede do quarto.

- Sim, padre? - ele começou a fazer um carinho nos meus cabelos.

Ficamos em silêncio por mais um tempo. Verbalizar seria admitir que perdera. Seria sucumbir conscientemente à luxúria. Eu não estava pronto pra isso.

Me declinei com algum esforço e tentei beija-lo, mas ele me afastou com um sorriso no olhar. Peguei sua mão e tentei desce-la até meu membro aviso e duro mas ele se soltou de mim com um puxão.

PAI, Afasta de mim este Cálice (conto gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora