JAMES

Jogo os corpos num dos profundos lagos do bosque. Além daqueles trastes, infelizmente, também calhou na rifa a uma velha apanhar-me hoje. 

Nunca deixo rastros. Aprendi à muito tempo, através dos meus erros como não deixar qualquer evidência da minha pessoa. 

Estabeleci-me no cimo de uma das várias montanhas. Longe de tudo e de todos. É um lugar pacífico, com escassa fiscalização da bófia e sem qualquer meio de comunicação social. Perfeito para mim. Quando se desce as montanhas encontra-se uma aldeia, com uma pequena população idosa.

No regresso a casa, a minha barriga ronca. Estou esfomeado, por não ter comido nada hoje. Só espero que a Benedita já tenha o jantar feito. Nunca admitiria em voz alta, mas é bom ter companhia. Ela não me irrita ou desobedece. Basicamente, não é uma puta mimada como a maior parte das vagabundas que por aí andam. O seu único defeito é ser fudidamente medrosa, por vezes fico puto com. 

Ontem, assustou-se pra caralho, estava a ver que lhe dava algum desmaio com o cheiro do sangue. Penso que, já deu para entender em que posição se encontra perante mim. 

Do bolso das calças tiro as três chaves, que guardo sempre comigo, para abrir os cadeados. Entro e vejo-a cozinhar. 

Ela vira-se para mim apreensiva.

-Voltas-te.- diz o óbvio- O jantar já está pronto.

Ela pousa a panela na mesa e eu sento-me à mesa. Tiro o isqueiro e um cigarro do bolso, e começo a fumar. Olho para ela, e a mesma desvia o olhar.

-Posso ver as feridas? Só para conferir se não infetaram.- pede.

Através da sua voz consigo perceber que ela quer me ver de tronco nu outra vez.

Com que então a fantochezinha gostou de me ver sem camisa, hein?

-Claro.- concordo.

Pouso o cigarro no cinzeiro e levanto-me.

Desta vez, tiro a camisa mais devagar enquanto a olho por trás da máscara. O olhar dela está fixo no meu abdómen e as suas bochechas estão avermelhadas. Aproximo-me dela lentamente, e a mesma não se afasta.

Os seus olhos estão arregalados, o rubor nas bochechas destaca-se ainda mais e os seus lábios estão entreabertos. Estou perto o suficiente para sentir a sua respiração. 

Comparada a mim, a sua estatura é mais pequena tornando-a vulnerável. Mal alcança os meus ombros. Se quisesse poderia forçá-la a fazer o que eu bem entendesse dela, mas não parece necessário. Dá para ver que ela está tão afim quanto eu.

Ela coloca as mão no meu peitoral timidamente. A princípio hesitante com a minha possível reação, e depois mais livremente quando não a afastei. Passa os dedos vagarosamente por uma das minhas tatuagens, manchada de sangue. 

Passa a ponta da língua pelos seus lábios, emudecendo-os assim.

Nesse momento cedo ao desejo e beijo-a.

O PECADO DE BENEDITAOnde histórias criam vida. Descubra agora