O corpo havia sido liberado um pouco depois das seis, então tive tempo de ir ao meu apartamento e colocar uma roupa mais adequada, Poncho havia ficado de me buscar, Ucker não havia retornado nenhuma de minhas ligações ou torpedos, o que me deixa furiosa, depois da conversa com Zoraida e depois do que quase rolou com Poncho sentia mais do que nunca que o certo a fazer era me afastar de Ucker, mais do que nunca queria dar um fim a essa relação que só me tem feito mal. Poncho mandou um áudio dizendo que estava chegando e desci o mais rápido possível. Quando cheguei na portaria, o carro de Poncho já estava encostado, senti um leve frio na barriga e automaticamente voltei a sorrir.
-Pronta?
- Sim e você como está?
- eu e meu pai nunca fomos próximos como você sabe, mas me incomoda saber que ele morreu de uma forma tão violenta, só quero justiça pra ele. " Ele apertava forte o volante, toquei seu ombro, como queria evitar que ele sofresse dessa maneira, ao chegarmos no velório, Poncho se aproximou do caixão e resolvi dar espaço a ele, após algum tempo, ele veio em minha direção e nos abraçamos, era tão gostoso seu braço, seu cheiro, eu já havia me esquecido de onde estávamos quando uma mulher se aproximou e fez um barulho com a garganta.
- Poncho não esperava te encontrar aqui querido. " A mulher tinha um cara de nojo, então já imaginei que devia ser a mulher do pai dele, eles nunca haviam se dado bem".
-Que bobagem, como não iria estar presente no enterro do meu pai.
- Bom você não nos procurava muito.
- Meu pai sabia claramente os motivos.
- Tudo bem, acho que aqui não é o lugar para discutirmos sobre este assunto.
- Pela primeira vez você tem razão. " Poncho me puxou e nos sentamos ao lado do Caixão, logo muitas pessoas começaram a aparecer, eu já nem decorava rostos, estava exausta, Poncho devia estar ainda pior, então decidi ir até a cozinha, fazer um chá para ele e para mim".
…
Assim que chegamos ao cemitério vi que havia uma grande aglomeração de pessoas, só conseguia pensar em como as pessoas eram pretensiosas, quem estaria aqui se não fosse pelo dinheiro dele, sendo que ele era um homem desprezível. Ao chegarmos Ucker desceu e veio abrir a porta, ao descer senti minhas pernas falharem e Ucker me segurou.
-Acho que devíamos ir embora. Está claro que você não se sente bem aqui.
- Ucker eu vou ficar bem, vamos entrar e acabar com isso de uma vez.
- Eu vou estar do seu lado! " Às vezes Ucker me confundia e muito, as vezes parecia tão sincero, mais depois de tudo não queria mais me enganar, Ucker jamais me amaria na mesma intensidade que eu o amava. Entramos na sala e senti um calafrio ao ver o caixão, apertei a mão de Ucker, que envolveu sua mão na minha cintura e me deu um sorriso terno. Fomos até a esposa de Rogelio e prestamos nossas condolências mas para minha surpresa quando ela apresentou o filho de Rogelio, o reconheci.
- Você é o rapaz do elevador, certo?
- Sim, você se chama Anahí, caso eu não esteja enganado.
-Sim.
- Sempre nos encontramos em situações nada agradáveis. " Ucker apertou minha mão e me encarou com uma cara de incomodado, às vezes ele era extremamente possessivo".
- Pode me explicar onde e como vocês se encontraram? " Ucker era uma pessoa complicada, por ciúmes perdia o controle".
- Nos esbarramos no meu prédio, sua mulher não estava em um bom dia, mas claro você como marido dela deve saber.
- Está querendo insinuar … " puxei Ucker"
- Meu amor vamos que já tem uma fila de pessoas sim, tchau Poncho, foi um prazer te rever. " Fomos até o caixão e fiquei paralisada, não conseguia me mexer, me veio lembranças de tudo que aquele maldito havia me feito, sentia raiva, impotência e muito ódio, ódio porque mesmo morto eu ainda sentia que ele não havia recebido tudo que merecia, sem que eu pudesse controlar as lágrimas escorreram por meu rosto, Ucker me pegou pela mão e saiu praticamente me arrastando de lá, ao entramos no carro, vi que ele estava furioso.
- Como você pode chorar ali, eles vão suspeitar.
- Você não entende não é? " Gritei e Ucker se acalmou um pouco e se respostou no banco."
- Só quero dizer que você não pode cometer esses deslizes, precisa ser forte.
- Eu estou sendo forte Ucker mas você não enxerga porque está cego, cego pelo seu dinheiro, por sua empresa de merda e pela sua amante.
- Annie não diga bobagens.
- Não diga bobagens você, a meses que não me toca, sempre está ocupado, ocupado com ela. Mas eu não vou mais me sujeitar a isso Ucker, se decida, ou ela ou eu? " Ele me olhava surpreso com minha reação, porém baixou a cabeça em silêncio".
- Eu já esperava, sejam felizes juntos! " Desci do carro e Ucker desceu e me pegou pelo braço".
-Annie não faz isso, pra onde você vai, já é tarde?
- Eu vou viver minha vida, faça o mesmo. " Ucker me soltou e saí andando, não sabia para onde iria, não queria falar e ver ninguém, Ucker foi embora e fui caminhando, tentando organizar meus pensamentos, peguei um táxi e fui até o centro da cidade, onde havia uma praça que Ucker e eu sempre íamos quando estávamos noivos. Me sentei em um banco e fiquei ali sentada por horas, até começar a chover.
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Dark Secrets
Mystery / ThrillerAnahí e Christopher são um jovem e belo casal, capa de inúmeras revistas, são invejados por todos, porém o que ninguém sabe é que vivem um casamento de aparências. Ao decorrer da história tanto o casal, quanto pessoas próximas a eles passam a ser in...