De Repente Casados

Quinto

De repente casados — Capítulo cinco

Sakura não costumava se levantar tão cedo, mas naquela manhã foi acordada por Sasuke sacudindo-a antes mesmo que o sol estivesse completamente visível no céu alaranjado do horizonte. A primeira coisa que ela sentiu foi o cheiro do perfume dele, forte e amadeirado. Depois que ela abriu os olhos, com a visão ainda embaçada, reconheceu sua farda preta, moldando o corpo alto e forte tão perfeitamente, que parecia ser nascido para si. E por último Sakura ouviu sua voz dizendo coisas que devido ao sono, ela não conseguiu decifrar. Mas quando Sasuke cruzou a soleira do quarto e bateu a porta, seu cérebro despertou em um instante com o barulho. Ela levantou-se um pouco zonza e correu cambaleando até a sala.

— O que você disse? — Sakura perguntou, vendo-o já arrumado para o trabalho. Ela nunca pensou que isso fosse possível, mas Sasuke ficava ainda mais bonito usando o uniforme.

— Estou indo para a delegacia. — Sasuke respondeu, já de frente para a porta da sala. — Volto lá pelas seis horas. Talvez eu te pegue na faculdade. — Disse um pouco incerto, mas foi o suficiente para que Sakura empolgasse-se internamente.

— Tudo bem. — Ela assentiu tranquilamente. Sasuke maneou a cabeça sutilmente, e após murmurar um rápido "adeus", sumiu de sua vista.

Ao encontrar-se completamente sozinha no cômodo, Sakura até pensou em voltar a dormir, mas lembrou-se então sobre todo o plano que havia criado em sua mente na noite anterior. Se ela realmente queria se igualar a Ino, o mínimo que precisaria fazer era deixar de ser tão dependente de Kizashi, e isso incluía especialmente o seu dinheiro.

Quando Sasuke percebesse o quão madura e independente ela era, talvez começasse a parar de vê-la como uma garotinha mimada vivendo da mesada do pai.

Durante toda a sua vida, Sakura nunca teve que preocupar-se com muitas coisas, e uma delas era a falta de dinheiro. Tinha tudo o que desejava na palma de suas mãos, e por conta disso cresceu um tanto quanto mal acostumada. Seus colégios, cursos e aulas extras eram pagos por seu pai, sem jamais exigir dela o mínimo de esforço. E mesmo quando Sakura negou-se a fazer administração e pôs na cabeça que seu sonho seria cursar medicina assim como a sua mãe, Kizashi apesar de não ter concordado com a ideia, não negou-se a pagar sua faculdade. No final ele sempre acabava fazendo as vontades da filha.

E talvez fosse por esse motivo que Sakura acostumou-se a sentar e esperar que as coisas caíssem do céu, como tudo o que acontecia em sua vida de uma maneira mágica. Mas quando conheceu Sasuke recebeu um choque de realidade, e pela primeira vez na vida viu algo que queria muito sendo negado a si. Pela primeira vez ela viu-se sendo obrigada a correr atrás de alguma coisa por esforço próprio, e não graças ao cartão de crédito do seu pai. E talvez esse fosse o problema nisso tudo. Sakura nunca esforçava-se o suficiente para nada, então como poderia exigir que Sasuke a levasse a sério?

Ela havia começado da maneira errada, mas agora consertaria tudo. Procuraria um emprego e deixaria de ser dependente do seu pai, assim provaria que era tão madura quanto a Ino, e que poderia ganhar o dinheiro que precisasse sem a ajuda de ninguém.

O problema era que Sakura não sabia fazer nada. E apesar de ter passado toda a madrugada em sites procurando algum emprego de meio período, não encontrou nada que chamasse a sua atenção. A maioria exigia de si alguma experiência, e para ganhar experiência, primeiramente ela precisava trabalhar. O universo do mercado de trabalho era complicado demais.

Frustrada por não ter tido resultado algum, Sakura decidiu ligar para a única pessoa do mundo que sempre resolvia todos os seus problemas, como a luz no final do túnel.