Capítulo 4- Any

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Eu realmente estou sendo obrigada a ir pra escola. Que pais odeiam o filho a esse ponto? Ao menos posso ir com minhas roupas. Nada melhor que um moletom pra esconder as marcas e todo o resto do meu corpo, que parece estar desaparecendo cada dia mais

Quando sai do quarto a casa estava silenciosa, é estranho sair e não ouvir barulho. Normalmente todos estão em casa nesse horário.

Assim que cheguei na parte de baixo eles realmente estavam lá, pareciam apressados, Belinha estava sentada no sofá com um celular. Me pergunto se ela se lembra que me tem como irmã, mal no vemos

- Any!- fui notada, objetivo voltar pro quarto e não ir pra escola falhada

- Oi mãe

- Any!- ah meu querido papai também me notou, o dia começou bem ruim pelo jeito

- Mãe, podemos ir ?- ignorei o homem que sorria pra mim

- Seu pai não te contou?- neguei, nem deu tempo de ele abrir a boca quando estava no meu quarto- você vai andando pra escola

Ela falou mais alguma coisa, mas eu não escutei nada. Andando? Sozinha? Não posso, não consigo. Minhas mãos começaram a suar de novo, meu estômago estava se embrulhando

- M-mas você disse que me levaria mãe- tentei não gaguejar, o medo tomando conta de mim novamente

- Seu pai achou melhor você ir andando pra olhar pras ruas e conhecer mais a cidade. Não é muito longe Any, somente algumas quadras

Eu não disse nada, apenas fiquei encarando eles terminando de fazer o que seja que estejam fazendo. Eu queria chorar, queria me machucar, queria prender o ar nos meus pulmões e não soltar nunca mais

Apertei as alças da minha mochila com as mãos trêmulas mordendo meu lábio inferior pra não chorar. Se não estiver louca senti gosto de sangue

- Se você for agora consegue chegar na escola sem pressa!- olhei pro meu pai, ele é um monstro

- Eu não consigo mãe!- encarei a mais velha, ela me olhava com desprezo. Deve estar me achando uma fraca. E eu realmente sou isso

- Anda logo Gabrielly, isso já é graça, vá até aquela porta, abra e saia. Ande até a escola e pronto, não vai morrer!- mas essa era minha vontade

Fiquei intercalando meu olhar da porta até minha mãe, que agora mandou minha irmã pegar seu material pra levá-la a escola. Qual é, por que não me leva também?

Fui até a porta, tendo a certeza que poderia desmaiar a qualquer momento. Meu coração está acelerado a cada passo que dou, minhas pernas, bambas. Quando girei a maçaneta tive certeza que não quero isso

Quando a porta estava aberta a claridade da rua machucou meus olhos, mais do que a do corredor. Coloquei o capuz em minha cabeça, continuei mordendo meu lábio, eu preciso muito chorar

Cada passo pra fora é uma tortura, eu já posso ouvir os barulhos dos carros e das pessoas conversando. E essas pessoas me deixaram apavoradas, e eu nem estava vendo elas, e por isso estou mais apavorada ainda

-  Aí meu Deus é ela!- uma voz feminina falou do meu lado esquerdo, mas esta longe

Quando olhei pro lado assustada com tudo, não sabia se ficava com mais medo ou um pouco mais tranquila por ver o Josh com mais duas meninas

- Ei, olá como vai?- a morena falou acenando. Meu corpo tremeu ainda mais, comecei a andar pra trás. Me afastando deles

- Any!- a esse foi o Josh. Minha respiração esta extremamente acelerada e isso é sufocante

Just The Way You AreOnde histórias criam vida. Descubra agora